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Expansão dos Centros Públicos Head Start de Educação Infantil Durante os Anos 1960 e 1970 nos Estados Unidos
Expansão dos Centros Públicos Head Start de Educação Infantil Durante os Anos 1960 e 1970 nos Estados Unidos
Qual o objetivo?
Quebrar o vínculo entre a pobreza infantil e o baixo preparo para início da vida escolar, promovendo o desenvolvimento intelectual, social e físico de crianças em contextos de vulnerabilidade social.
Onde e quando?
Os programa Head Start foi implementado a partir de 1965 nos Estados Unidos, com financiamento do Office of Economic Opportunity.
Como é o desenho?
Os centros ligados ao programa Head Start tinham abrangência nacional e focalização em crianças de 3 a 5 anos, oriundas de famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade social.¹ Eles ofereciam serviços por 9 meses no ano, pelo dia inteiro ou por meio período, e a extensão da matrícula era limitada a um máximo de 2 anos por criança. Embora fossem administrados localmente, a qualidade era regulada por um conjunto de diretrizes federais.
Os centros partiam de uma concepção holística que priorizava diferentes aspectos do desenvolvimento infantil, como saúde, autoconfiança, habilidades verbais, e a importância do envolvimento dos pais.²
As atividades de apoio à saúde infantil formavam o primeiro grupo de componentes dos centros. Eram fornecidas às crianças serviços de imunização — para, por exemplo, poliomielite e sarampo —, triagens para identificação de condições como tuberculose, deficiências nutricionais, anemias e diabete, além de triagens oculares, auditivas e de saúde bucal e encaminhamentos a médicos. Assim, os centros cumpriram o papel de intermediários entre as famílias e serviços públicos de atenção primária à saúde infantil. Além disso, eram oferecidas merendas, com papel fundamental na suplementação nutricional e calórica. Por fim, e ainda no âmbito da saúde, os centros contavam com apoio de profissionais que auxiliavam na identificação de problemas de saúde mental entre as crianças e ajudavam no acesso ao tratamento adequado.
O segundo componente dos centros era o apoio por meio de serviços de assistência social. Assim, por exemplo, a equipe de funcionários contava com profissionais que proviam apoio a famílias que enfrentavam problemas domésticos. O terceiro e último componente, também oferecido por profissionais ligados aos centros, era o de apoio aos pais no acompanhamento do desenvolvimento das crianças.³
O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?
Foram documentadas, nos artigos publicados e no artigo para discussão listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal da introdução dos centros Head Start entre os anos de 1965 e 1980, nas crianças contempladas:
- aumento de 5% (ou 0,65 anoO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em anos! Por exemplo, um impacto de 1 ano para crianças que, na ausência da iniciativa, teriam 10 anos de escolaridade representa um aumento de 10% (=1/10).) no número total de anos de estudo alcançados na vida adulta [1];
- aumento de 3% (ou 2,4 pontos percentuaisO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais! Por exemplo, se uma variável binária teria média de 10% na ausência da iniciativa, um impacto de 5 pontos percentuais representa aumento de 50% (=5/10).) na taxa de crianças que vieram a completar o ensino médio ou obtiveram um certificado de conclusão por meio de prova posterior ao período de saída da escola [1];
- aumento de 9% (ou 5,4 pontos percentuais) na taxa de crianças que vieram a se matricular em universidades, e de 39% (ou 12 pontos percentuais) na taxa de crianças que vieram a receber um diploma universitário [1];
- aumento de 5% (ou 4,4 pontos percentuais) na taxa de crianças que estavam empregadas quando adultas [1];
- aumento de 4% na renda auferida no mercado de trabalho, embora o resultado seja imprecisamente estimadoDiz-se que um resultado estatístico é imprecisamente estimado quando ele também é consistente com valores distantes de um valor de referência (por exemplo, 0), após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos de uma população. [1];
- redução de 27% (ou 3,2 pontos percentuais) na taxa de crianças que recebiam algum benefício do sistema de assistência social quando adultos – um resultado que se estabeleceu principalmente pelo efeito da introdução do programa sobre mulheres [1];
- redução de 23% (ou 2,7 pontos percentuais) na taxa de crianças que eram pobres quando adultas [1];
- redução de aproximadamente 60% (ou 8,5 pontos percentuais) na taxa de crianças que, quando adultas, reportaram ter sido acusadas de algum tipo de crime [2];
- há evidência de que os efeitos descritos acima foram menores entre crianças contempladas pelo programa em localidades em que havia outras políticas públicas que cumpriam papel semelhante na àrea de saúde (como o Medicaid e o programa comunitário americano de atenção básica em saúde) e de nutrição (como o programa Food Stamps) [1];
- também há evidência de que os efeitos descritos acima foram maiores quando seguidos de investimentos em educação básica no ensino fundamental e no ensino médio [3];
- o maior financiamento para o programa dado a localidades mais pobres foi responsável por reduções na mortalidade de 5 a 9 anos (em 34%) para causas como anemia, meningite e doenças respiratórias [4];
- há também evidências de que a entrada do programa afetou não só as crianças contempladas diretamente, mas os seus filhos e filhas, por exemplo, reduzindo seu envolvimento com crime (em aproximadamente 20%), entre aqueles que nasceram de mães com menos do que o ensino médio completo [5].
Nos anos 2000, um estudo experimental avaliou o impacto dos centros Head Start em uma amostra de crianças, encontrando resultados positivos de curto prazo [8-10].
- As diretrizes para financiamento estabeleceram que pelo menos 90% das crianças em cada centro deveriam pertencer a domicílios abaixo da linha federal de pobreza à época e pelo menos 10% das crianças teriam que ter algum tipo de deficiência física ou mental.
- Ao contrário de alguns programas modelo de educação infantil, mais caros e de pequena escala, como o HighScope Perry Preschool e o Abecedarian, os arquitetos da expansão dos centros Head Start priorizaram o acesso generalizado, calculando que uma expansão maciça da pré-escola maximizaria seus benefícios de combate à pobreza.
- Os diferentes aspectos prioritários do desenvolvimento infantil são refletidos nas diretrizes orçamentárias do programa em 1966 e 1967: 70% dos recursos se destinaram às atividades diárias dos centros, 20% se destinaram a serviços de saúde e suplementação nutricional e o restante a formas de estimular o envolvimento dos pais, serviços sociais – como apoio a famílias que enfrentavam problemas domésticos – e serviços relacionados à saúde mental.
Quais as fontes bibliográficas dessa informação?
- Bailey, M. J., Sun, S., & Timpe, B. (2021). Prep School for Poor Kids: The Long-Run Impacts of Head Start on Human Capital and Economic Self-Sufficiency. American Economic Review, 111(12), 3963-4001.
- Garces, E., Thomas, D., & Currie, J. (2002). Longer-term Effects of Head Start. American Economic Review, 92(4), 999-1012.
- Johnson, R. C., & Jackson, C. K. (2019). Reducing Inequality Through Dynamic Complementarity: Evidence from Head Start and Public School Spending. American Economic Journal: Economic Policy, 11(4), 310-49.
- Ludwig, J., & Miller, D. L. (2007). Does Head Start Improve Children’s Life Chances? Evidence from a Regression Discontinuity Design. The Quarterly Journal of Economics, 122(1), 159-208.
- Barr, A., & Gibbs, C. (2017). Breaking the Cycle? The Intergenerational Effects of Head Start. Unpublished Manuscript. Texas A&M University, College Station, TX.
- Deming, D. (2009). Early Childhood Intervention and Life-Cycle Skill Development: Evidence from Head Start. American Economic Journal: Applied Economics, 1(3), 111-34.
- Carneiro, P., & Ginja, R. (2014). Long-term Impacts of Compensatory Preschool on Health and Behavior: Evidence from Head Start. American Economic Journal: Economic Policy, 6(4), 135-73.
- Bitler, M. P., Hoynes, H., & Domina, T. (2014). Experimental Evidence on Distributional Effects of Head Start. National Bureau of Economic Research Working Paper.
- Gelber, A., & Isen, A. (2013). Children’s Schooling and Parents’ behavior: Evidence from the Head Start Impact Study. Journal of Public Economics, 101, 25-38.
- Puma, M., Bell, S., Cook, R., Heid, C., & Lopez, M. (2005). Head Start Impact Study: First Year Findings. Administration for Children & Families.
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Anos de estudoConclusão do Ensino MédioConclusão do ensino superiorDependência do sistema de assistência socialEmpregoEnvolvimento com crimeEvasão e abandonoMatrícula no ensino superiorMobilidade intergeracionalMortalidade infantilObesidadePobrezaProblemas comportamentais na adolescênciaTipo de programa
Acesso a creches e pré-escolas para famílias de baixa rendaBerçários, creches e pré-escolasElementos
Atendimento profissionalizado de apoio a problemas domésticosComunicação com os paisCurrículo escolarCurrículo socioemocionalIdentificação de fatores de risco em saúdeImunizaçãoInformação sobre prevenção em saúdeInstruções sobre formas de envolvimento dos pais na vida escolar dos filhosSuplementação nutricionalTriagens de avaliação de saúde infantilUniformização de conteúdos curricularesVagas em creches e na pré-escolaPúblico-alvo
Crianças de 0 a 5 anosCrianças na Educação InfantilFamílias em situação de pobrezaMãesPaisRegião
América do NortePaís
Estados UnidosEstamos trabalhando para que as páginas contemplem toda a evidência documentada sobre o tema e estejam sempre atualizadas. Se você quiser sugerir algum artigo, entre em contato.
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