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Expansão dos Centros Públicos Head Start de Educação Infantil nos Estados Unidos na Década de 1980
Expansão dos Centros Públicos Head Start de Educação Infantil nos Estados Unidos na Década de 1980
Qual o objetivo?
Quebrar o vínculo entre a pobreza infantil e o baixo preparo para início da vida escolar, promovendo o desenvolvimento intelectual, social e físico de crianças em contextos de vulnerabilidade social.
Onde e quando?
Os programa Head Start foi implementado a partir de 1965 nos Estados Unidos, com financiamento do Office of Economic Opportunity. Os resultados abaixo se referem a estudos observacionais que usam dados de crianças afetadas pela expansão que ocorreu dos centros pelo território nacional americano na década de 1980.
Como é o desenho?
Os centros ligados ao programa Head Start tinham abrangência nacional e focalização em crianças de 3 a 5 anos, oriundas de famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade social.¹ Eles ofereciam serviços por 9 meses no ano, pelo dia inteiro ou por meio período, e a extensão da matrícula era limitada a um máximo de 2 anos por criança. Embora fossem administrados localmente, a qualidade era regulada por um conjunto de diretrizes federais.
Os centros partiam de uma concepção holística que priorizava diferentes aspectos do desenvolvimento infantil, como saúde, autoconfiança, habilidades verbais, e a importância do envolvimento dos pais.²
As atividades de apoio à saúde infantil formavam o primeiro grupo de componentes dos centros. Eram fornecidas às crianças serviços de imunização — para, por exemplo, poliomielite e sarampo —, triagens para identificação de condições como tuberculose, deficiências nutricionais, anemias e diabete, além de triagens oculares, auditivas e de saúde bucal e encaminhamentos a médicos. Assim, os centros cumpriram o papel de intermediários entre as famílias e serviços públicos de atenção primária à saúde infantil. Além disso, eram oferecidas merendas, com papel fundamental na suplementação nutricional e calórica. Por fim, e ainda no âmbito da saúde, os centros contavam com apoio de profissionais que auxiliavam na identificação de problemas de saúde mental entre as crianças e ajudavam no acesso ao tratamento adequado.
O segundo componente dos centros era o apoio por meio de serviços de assistência social. Assim, por exemplo, a equipe de funcionários contava com profissionais que proviam apoio a famílias que enfrentavam problemas domésticos. O terceiro e último componente, também oferecido por profissionais ligados aos centros, era o de apoio aos pais no acompanhamento do desenvolvimento das crianças.³
O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?
Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal da introdução do programa entre os anos de 1980 e 1990, nas crianças contempladas:
- aumento de 15% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 - isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100. em um indicador de desenvolvimento de linguagem (conhecimento de vocabulário e linguagem receptiva), numeracia, alfabetização e princípios de leitura, construído com informação coletada aos 5 ou 6 anos [1];
- aumento de 13% de um desvio padrão em um indicador de desenvolvimento de linguagem (conhecimento de vocabulário e linguagem receptiva), numeracia, alfabetização e princípios de leitura, construído com informação coletada dos 7 aos 10 anos [1];
- há evidências de que os efeitos positivos descritos acima se dissiparam parcial ou integralmente nos anos seguintes, quando as crianças afetadas pelo programa tinham de 11 a 14 anos [1];
- redução de 29% (ou 1,3 pontos percentuais) na taxa de obesidade entre meninos, averiguada aos 12 ou 13 anos [2];
- redução de 65% de um desvio padrão em um indicador de problemas de comportamento entre meninos, calculado com informação coletada aos 12 ou 13 anos [2];
- redução de 55% de um desvio padrão em um indicador de sintomas depressivos entre meninos, calculado com informação coletada aos 16 ou 17 anos [2];
- redução de 22% (ou 0,8 pontos percentuais) na taxa de meninos que vieram a ser sentenciados por algum tipo de crime até os 21 anos [2].
Nos anos 2000, um estudo experimental avaliou o impacto dos centros Head Start em uma amostra de crianças, encontrando resultados positivos de curto prazo [3-5].
- As diretrizes para financiamento estabeleceram que pelo menos 90% das crianças em cada centro deveriam pertencer a domicílios abaixo da linha federal de pobreza à época e pelo menos 10% das crianças teriam que ter algum tipo de deficiência física ou mental.
- Ao contrário de alguns programas modelo de educação infantil, mais caros e de pequena escala, como o HighScope Perry Preschool e o Abecedarian, os arquitetos da expansão dos centros Head Start priorizaram o acesso generalizado, calculando que uma expansão maciça da pré-escola maximizaria seus benefícios de combate à pobreza.
- Os diferentes aspectos prioritários do desenvolvimento infantil são refletidos nas diretrizes orçamentárias do programa em 1966 e 1967: 70% dos recursos se destinaram às atividades diárias dos centros, 20% se destinaram a serviços de saúde e suplementação nutricional e o restante a formas de estimular o envolvimento dos pais, serviços sociais – como apoio a famílias que enfrentavam problemas domésticos – e serviços relacionados à saúde mental.
Quais as fontes bibliográficas dessa informação?
- Deming, D. (2009). Early Childhood Intervention and Life-Cycle Skill Development: Evidence from Head Start. American Economic Journal: Applied Economics, 1(3), 111-34.
- Carneiro, P., & Ginja, R. (2014). Long-term Impacts of Compensatory Preschool on Health and Behavior: Evidence from Head Start. American Economic Journal: Economic Policy, 6(4), 135-73.
- Bitler, M. P., Hoynes, H., & Domina, T. (2014). Experimental Evidence on Distributional Effects of Head Start. National Bureau of Economic Research Working Paper.
- Gelber, A., & Isen, A. (2013). Children’s Schooling and Parents’ behavior: Evidence from the Head Start Impact Study. Journal of Public Economics, 101, 25-38.
- Puma, M., Bell, S., Cook, R., Heid, C., & Lopez, M. (2005). Head Start Impact Study: First Year Findings. Administration for Children & Families.
Eixos de busca
Indicador afetado
Alfabetização e letramentoDepressãoDesenvolvimento cognitivo na primeira infânciaDesenvolvimento da linguagem na primeira infânciaEnvolvimento com crimeObesidadeProblemas comportamentais na adolescênciaTipo de programa
Acesso a creches e pré-escolas para famílias de baixa rendaBerçários, creches e pré-escolasElementos
Atendimento profissionalizado de apoio a problemas domésticosComunicação com os paisCurrículo escolarCurrículo socioemocionalIdentificação de fatores de risco em saúdeImunizaçãoInformação sobre prevenção em saúdeInstruções sobre formas de envolvimento dos pais na vida escolar dos filhosSuplementação nutricionalSuplementação nutricional na primeira infânciaTriagens de avaliação de saúde infantilUniformização de conteúdos curricularesVagas em creches e na pré-escolaPúblico-alvo
Crianças de 0 a 5 anosCrianças na Educação InfantilFamílias em situação de pobrezaMãesPaisRegião
América do NortePaís
Estados UnidosEstamos trabalhando para que as páginas contemplem toda a evidência documentada sobre o tema e estejam sempre atualizadas. Se você quiser sugerir algum artigo, entre em contato.
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