Reformas Pedagógicas de Práticas de Alfabetização do Programa Communication, Language and Literacy Development na Inglaterra

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Reformas Pedagógicas de Práticas de Alfabetização do Programa Communication, Language and Literacy Development na Inglaterra

Publicado em 21/10/2022 Atualizado em 15/02/2024
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Qual era o objetivo?

Promover práticas pedagógicas efetivas de alfabetização e letramento.

Onde e quando?

O conjunto de reformas foi implementado de forma mandatória em todas as escolas públicas da Inglaterra a partir de 2006, como resposta a um estudo sobre práticas de alfabetização encomendado pelo governo no mesmo ano.

Como era o desenho?

As reformas tiveram por foco alunos de 5 a 7 anos e seus professores. O principal componente foi o apoio financeiro para a contratação de consultores pedagógicos para as redes educacionais do país, em um esforço sistemático de disseminar práticas de alfabetização baseadas na instrução fônica, em sua vertente chamada “sintética”. Nela, as práticas de alfabetização estimulam as crianças a enunciar os sons das letras (fonemas) e depois a juntá-los para formar palavras. À época, as práticas de alfabetização no país eram mais fortemente baseadas na chamada vertente “analítica” da instrução fônica, em que as crianças são estimuladas a inferir relações entre grafemas e fonemas de grupos de palavras que tem letras e sons semelhantes. Os princípios orientadores do programa foram resumidos em um livro chamado Letters and Sounds: Principles and Practice of High Quality Phonics.

Os serviços prestados pelos consultores pedagógicos envolveram uma auditoria inicial e uma visita para ajudar as escolas a iniciar a implementação das reformas. O processo envolveu a elaboração de um plano de ação, após observações das práticas correntes de alfabetização e avaliações diagnósticas detalhadas das crianças. Em uma segunda visita, o consultor proveu treinamento conjunto a professores e os orientou sobre como planejar mais oportunidades de aprendizado e ensino nas semanas seguintes. Nesta e nas visitas subsequentes, o consultor trabalhou junto aos professores para reavaliar o aprendizado das crianças e planejar os próximos passos para continuação da incorporação das novas práticas. Por fim, os consultores ofereceram cursos a conjuntos de professores alfabetizadores das redes de ensino pelas quais eram responsáveis.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito impacto causal do conjunto de reformas:

  • aumento de 22% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 - isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100. em um indicador de comunicação, linguagem e letramento, construído aos 5 anos de idade a partir de informação autorreportada pelos professores [1];
  • aumento de 7,3% de um desvio padrão em um indicador de leitura em Língua Inglesa, de 9,2% de um desvio padrão em um indicador de escrita, construídos aos 7 anos de idade a partir de informação autorreportada pelos professores [1];
  • aumento de 6,1% de um desvio padrão em um indicador de Matemática, também construído aos 7 anos de idade a partir de informação autorreportada pelos professores, sugerindo que a melhoria em habilidades de leitura e escrita gerada pelo programa teve efeitos no aprendizado de outras matérias [1];
  • os efeitos positivos descritos acima decaíram nos anos subsequentes do ensino fundamental, e não foram encontrados efeitos estatisticamente significantes em um exame padronizado de leitura quando esses alunos tinham 11 anos [1];
  • no entanto, os alunos mais pobres e aqueles que não eram falantes nativos de Língua Inglesa, que foram os mais afetados pelas reformas conforme os indicadores coletados aos 5 e 7 anos de idade, apresentaram aumento de aproximadamente 6% de um desvio padrão aos 11 anos de idade no mesmo exame padronizado de leitura [1].

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Machin, S., McNally, S., & Viarengo, M. (2018). Changing How Literacy is Taught: Evidence on Synthetic Phonics. American Economic Journal: Economic Policy, 10(2), 217-41.

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