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Reforma de 1972 no Sistema Escolar e Educacional da Finlândia

Publicado em 23/05/2024 Atualizado em 10/06/2024
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Qual o objetivo?

Criar um cenário mais igualitário de oportunidades de escolarização e diminuir o peso da influência do contexto familiar e do local de origem nas trajetórias educacionais, profissionais e de vida.

Onde e quando?

A reforma foi operacionalizada entre os anos de 1972 e 1977 na Finlândia, com adesão sequencial de localidades do país ao novo sistema ao longo dos anos.

Como é o desenho?

Foram introduzidas duas mudanças principais no sistema educacional vigente, que era baseado na separação de alunos, após 4 anos de educação básica compulsória — aproximadamente aos 11 anos —, em escolas que tinham foco ou na oferta de itinerários voltados à formação técnica e profissional ou de itinerários formativos com ênfase acadêmica. A separação era baseada tanto nas preferências dos alunos e de seus familiares, que tinham a chance de pleitear vagas em um dos dois grupos de escolas, quanto no desempenho escolar dos alunos nos anos anteriores, incluindo notas e apuração dos professores, e em uma prova de admissão.

A motivação central da reforma era de que indivíduos de contextos familiares de menor e maior renda determinavam precocemente trajetórias educacionais e profissionais, gerando um sistema de escolas “de elite” que acabavam criando e reproduzindo desigualdades sociais. Em particular, escolas que ofereciam os itinerários formativos do último tipo eram as únicas que poderiam dar origem a uma rota educacional que possibilitasse a entrada na universidade.

A primeira mudança estabeleceu que todas as escolas do país ofereceriam um currículo escolar comum até o 9° ano e estabeleceu as diretrizes para que seu conteúdo fosse uniformizado. O currículo, na prática, aumentou a parcela de tempo dedicado a disciplinas de Matemática e Ciências durante os anos de educação básica compulsória, e inseriu uma língua estrangeira como disciplina obrigatória para todos os alunos. A segunda mudança foi o adiamento da separação de alunos em escolas que tinham ênfase nos tipos de formação descritos acima. Após a realização da etapa comum — no 9° ano, ou aproximadamente aos 16 anos — os estudantes passaram a ter a oportunidade de escolher por escolas de Ensino Médio que tinham foco na oferta de itinerários formativos de educação técnica e profissionalizante ou de itinerários formativos com ênfase acadêmica.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal da reforma:

  • dados de uma amostra representativa de indivíduos nascidos entre 1960 e 1966 revelam que houve redução de 23% em um indicador de persistência intergeracional de renda, baseado na correlação entre seus rendimentos tributáveis dos 34 aos 40 anos e os rendimentos tributáveis de seus pais [1];
  • há evidências de que o aumento na mobilidade social descrito acima tenha sido gerado por efeitos heterogêneos em rendimentos futuros para crianças cujos pais tinham renda mais baixa e crianças cujos pais tinham renda mais alta: houve, por exemplo, aumento de 3,6% nos rendimentos de crianças cujos pais estavam no primeiro quintil da distribuição de renda e, em paralelo, redução de 8,0% nos rendimentos de filhos no quinto superior, embora as estimativas sejam imprecisamente estimadasDiz-se que um resultado estatístico é imprecisamente estimado quando ele também é consistente com valores distantes de um valor de referência (por exemplo, 0), após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos de uma população. [1].

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Pekkarinen, T., Uusitalo, R., & Kerr, S. (2009). School Tracking and Intergenerational Income Mobility: Evidence from the Finnish Comprehensive School Reform. Journal of Public Economics, 93(7-8), 965-973.
  2. Pekkarinen, T. (2008). Gender Differences in Educational Attainment: Evidence on the Role of Tracking from a Finnish Quasi-Experiment. The Scandinavian Journal of Economics110(4), 807-825.
  3. Pekkala Kerr, S., Pekkarinen, T., & Uusitalo, R. (2013). School Tracking and Development of Cognitive Skills. Journal of Labor Economics31(3), 577-602.
  4. Ollikainen, J. P. (2021). Comprehensive School Reform and Labor Market Outcomes over the Lifecycle: Evidence from Finland. Labour Economics68, 101952.

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