Programa de Visitas Domiciliares para Estimulação e Desenvolvimento na Primeira Infância na Colômbia

Data de publicação: 25/03/2022

Data da última atualização: 08/05/2023

Qual o objetivo?

Melhorar a qualidade da estimulação e nutrição na primeira infância e mitigar os efeitos da pobreza sobre o desenvolvimento infantil.

Onde e quando foi implementado?

O programa foi implementado em 96 cidades a partir de 2010 nas seguintes regiões da Colômbia: Cundinamarca, Boyacá, Santander, Antioquia, Risaralda, Caldas, Huila e Tolima.

Como é o desenho?

O programa teve duração de 1 ano e meio e foco em famílias com crianças de 1 a 2 anos que já eram beneficiárias do programa de transferências condicionais de renda Famílias en Acción, que atingia, desde 2002, parte das famílias pertencentes ao quintil inferior de renda no país.

Concretamente, o programa implementou um currículo estruturado de estimulação voltado ao desenvolvimento na primeira infância. A inspiração principal para formulação deste currículo foi o Reach Up and Learn, uma intervenção concebida na Jamaica na década de 1970. Este currículo foi implementado por meio de visitas domiciliares semanais em que profissionais locais de saúde sem formação específica em desenvolvimento infantil mostravam formas simples de melhorar a relação entre mãe e criança (por exemplo, por meio de práticas parentais positivas e responsivas, em vez de práticas punitivas severas). Além disso, as profissionais encorajavam as cuidadoras a brincar com as crianças usando brinquedos feitos de materiais recicláveis de fácil acesso ou livros com figuras, instruindo-as também a integrar atividades que estimulavam o desenvolvimento infantil em suas rotinas diárias. Em um momento anterior à implementação, todos os materiais passaram por adaptação sociocultural.

A seleção das visitadoras ocorreu com participação das comunidades participantes, e foi mediada pelas madres líderes (mães-líderes, em tradução livre), eleitas localmente como representantes de aproximadamente 50 famílias ligadas ao programa Famílias en Acción. Em mais de 60% dos casos, as próprias madres líderes se encarregaram das visitas, e, nos outros casos, assumiram um papel central no recrutamento das visitadoras.

Seis mentores com graduação em psicologia ou trabalho social - ou experiência de trabalho de campo com famílias e crianças - foram selecionados para treinar e supervisionar as visitadoras. Eles passaram por 6 semanas de treinamento, enfatizando o currículo propriamente dito e protocolos de visita, habilidades de treinamento e supervisão, e realização de visitas domiciliares, incluindo prática supervisionada. Cada mentor treinou e supervisionou 24 visitadoras domiciliares de 8 cidades diferentes. Os mentores visitaram as comunidades em intervalos de 7 a 10 semanas para monitorar a fidelidade da implementação. Durante esta visita, eles também distribuíram materiais curtos aos visitadores domiciliares, com lembretes de boas práticas no exercício das visitas domiciliares. Além disso, os mentores enviaram mensagens curtas de texto para visitantes domiciliares todos os meses, o que reforçou conselhos importantes como “ouvir a mãe e elogiá-la”.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto causal do programa nas cidades contempladas por ele:

  • as famílias foram visitadas, em média, 63 vezes durante o período de implementação, ou 81% das visitas que compunham a totalidade do programa [1];
  • aumento de 53% de um desvio padrão em um indicador da variedade dos recursos voltados à estimulação infantil por meio de brincadeiras, ao final da duração do programa, e de 54% de um desvio-padrão em um indicador da variedade de atividades voltadas ao mesmo fim, ambos coletados ao final da duração do programa [1,2];
  • aumento de 26% de um desvio-padrão em um indicador de desenvolvimento cognitivo na primeira infância, ao final da duração do programa [1];
  • o efeito descrito acima tornou as crianças-alvo do programa 32% mais próximas de crianças pertencentes às famílias do quintil mais rico da população e que não foram contempladas pelo programa, sugerindo um alto potencial de programas do tipo para encurtar distâncias no desenvolvimento infantil relacionadas a diferenças de renda [1,4];
  • aumento de 22% de um desvio-padrão em um indicador de desenvolvimento de linguagem na primeira infância (linguagem receptiva), também medido ao final da duração do programa [1];
  • não foram encontrados, no mesmo horizonte temporal, efeitos estatisticamente significantes em outro indicador de desenvolvimento de linguagem (linguagem expressiva) e em outros indicadores de desenvolvimento na primeira infância, capturando coordenação motora (fina e grossa), e desenvolvimento físico (como peso e altura) [1];
  • aproximadamente 2 anos após o término do programa, não foram encontrados efeitos estatisticamente significantes sobre os mesmos indicadores de práticas parentais voltadas à estimulação e sobre indicadores de desenvolvimento infantil (incluindo um indicador de preparo para o início da vida escolar), sugerindo que os efeitos do programa se dissiparam no médio prazo [5];
  • os resultados acima são consistentes com um modelo de comportamento em que o programa, enquanto em operação, é capaz de influenciar positivamente as práticas parentais no domínio da estimulação infantil, e esta alteração de comportamento - e não as visitas em si - gera uma trajetória diferente de desenvolvimento nas crianças contempladas [3];
  • no entanto, os efeitos sobre práticas parentais e desenvolvimento não foram sustentados ao longo do tempo porque o programa não teve sucesso em modificar as percepções subjetivas dos pais sobre a importância das atividades de estimulação para o desenvolvimento infantil [6].
De onde vem essa informação?
  1. Attanasio, O. P., Fernández, C., Fitzsimons, E. O., Grantham-McGregor, S. M., Meghir, C., & Rubio-Codina, M. (2014). Using the Infrastructure of a Conditional Cash Transfer Program to Deliver a Scalable Integrated Early Child Development Program in Colombia: Cluster Randomized Controlled Rrial. BMJ, 349.
  2. Attanasio, O., Grantham-McGregor, S., Fitzsimons, E., Rubio-Codina, M., & Meghir, C. (2013). Enriching the Home Environment of Low-income Families in Colombia: a Strategy to Promote Child Development at Scale. Mathematica Policy Research.
  3. Attanasio, O., Cattan, S., Fitzsimons, E., Meghir, C., & Rubio-Codina, M. (2020). Estimating the Production Function for Human Capital: Results from a Randomized Controlled Trial in Colombia. American Economic Review, 110(1), 48-85.
  4. Rubio-Codina, M., Attanasio, O., Meghir, C., Varela, N., & Grantham-McGregor, S. (2015). The Socioeconomic Gradient of Child Development: Cross-sectional Evidence from Children 6–42 months in Bogota. Journal of Human Resources, 50(2), 464-483.
  5. Andrew, A., Attanasio, O., Fitzsimons, E., Grantham-McGregor, S., Meghir, C., & Rubio-Codina, M. (2018). Impacts 2 years After a Scalable Early Childhood Development Intervention to Increase Psychosocial Stimulation in the Home: A Follow-up of a Cluster Randomised Controlled Trial in Colombia. PLoS Medicine, 15(4).
  6. Attanasio, O., Cunha, F., & Jervis, P. (2019). Subjective Parental Beliefs: Their Measurement and Role. NBER Working Paper.


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