Programa de Tutoria Online na Itália durante a Pandemia do Covid-19

Data de publicação: 29/03/2022

Data da última atualização: 04/04/2023

Qual o objetivo?

Mitigar as perdas de aprendizagem de alunos por conta das atividades remotas durante a pandemia de Covid-19 e ajudá-los psicologicamente a enfrentar o isolamento social.

Onde e quando foi implementado?

O Tutoring Online Program (TOP) foi implementado em diversas escolas do Ensino Fundamental II da Itália, de abril a junho de 2020, após o fechamento por conta da pandemia de Covid-19.

Como é o desenho?

O TOP teve início 6 semanas após o fechamento das escolas pelo governo italiano devido à pandemia da Covid-19. O programa tinha como alvo alunos de 6ª a 8ª anos, de origens desfavorecidas em termos de status socioeconômico, barreiras linguísticas ou dificuldades de aprendizagem.

Quatro semanas após o anúncio do fechamento das escolas por parte do governo italiano, um e-mail foi enviado aos diretores de todas as escolas de Ensino Fundamental II apresentando o programa e solicitando uma lista de potenciais beneficiários. Na inscrição, as escolas já deveriam mencionar em qual matéria os alunos precisavam de mais ajuda entre Matemática, Língua Italiana e Inglês. Ao mesmo tempo, foram enviados e-mails a todos os alunos matriculados na graduação e pós-graduação de três grandes universidades de Milão, a segunda maior cidade do país, oferecendo-lhes a possibilidade de voluntariar por um mínimo de três horas semanais até o final do ano letivo, para serem os tutores. Após duas semanas do envio dos e-mails, a tutoria começou.

O programa foi oferecido de forma voluntária e totalmente gratuita por tutores selecionados no contexto da pesquisa. Estes tutores não eram profissionais formados, mas sim estudantes universitários, treinados e apoiados por especialistas pedagógicos. A escolha de tutores voluntários apresentou vantagens em termos de custos do programa e, possivelmente, também em termos da qualidade da interação, visto que o programa pode ter se beneficiado da motivação intrínseca de estudantes universitários que escolheram ser voluntários.

Foram oferecidas aulas particulares inteiramente online, por 5 semanas, que poderiam ter duração de 3 ou 6 horas semanais, nas quais os alunos se comunicavam com os tutores por meio de computadores pessoais, tablets ou smartphones. A ideia principal das aulas era ajudar os alunos com deveres de casa e criar oportunidades de reforço dos conteúdos trabalhados em sala de aula. No entanto, além do componente puramente acadêmico, as aulas também tinham o intuito de ajudar os alunos a lidar com as dificuldades psicológicas que o bloqueio e o isolamento poderiam ter criado.

A fim de equipar os tutores com um conjunto básico de habilidades pedagógicas e para ajudá-los com potenciais problemas no relacionamento com as crianças, uma equipe de especialistas em educação projetou um módulo de formação online para tutores, além de terem realizado reuniões em grupo e individuais regulares. A formação de tutores foi um componente importante do programa e garantiu que os voluntários, mesmo sem formação profissional, pudessem prestar um serviço de alta qualidade e receber aconselhamento profissional e apoio em caso de necessidade. No entanto, esta foi a parte mais cara do programa e, dadas as restrições orçamentárias, nem todos os tutores foram efetivamente treinados e apoiados.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo para discussão listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal do programa sobre os alunos que receberam o convite para participar das sessões de tutoria:

  • aumento de 11% no tempo dedicado às lições de casa, segundo os próprios alunos [1];
  • aumento 16% na probabilidade de assistir aulas regularmente, segundo o relatório dos professores [1];
  • aumento de 26% de um desvio padrão na nota de uma prova padronizada que abrangeu Matemática, Língua Italiana e Inglês - e tal efeito foi maior para os alunos que receberam 6 horas de tutoria (maior tempo oferecido) e nos temas da prova relacionados à Matemática (que era o tema mais tratado durante as sessões de tutoria) [1];
  • aumento de 15% de um desvio padrão em um indicador de aspirações educacionais para o futuro como, frequentar a universidade [1];
  • aumento de 14% de um desvio padrão em um indicador de habilidades socioemocionais, que incluía medidas de perseverança, garra e locus de controle (este último, capturando o quanto o aluno percebia que podia ter algum tipo de controle sobre o que acontece na sua vida) [1];
  • aumento de 17% de um desvio padrão em um indicador de bem-estar psicológico, que incluía sintomas de depressão, sugerindo que o programa colaborou não apenas na melhoria dos resultados de aprendizagem dos alunos que, de outra forma, ficariam para trás, mas também na mitigação de potenciais problemas de saúde mental associados à pandemia [1].
De onde vem essa informação?
  1. Carlana, M. and La Ferrara, E. (2021). Apart But Connected: Online Tutoring and Student Outcomes During the COVID-19 Pandemic. IZA Discussion Paper Series.


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