Estudo Experimental da Integração de Estimulação na Primeira Infância na Estratégia Saúde da Família em São Paulo
Estudo Experimental da Integração de Estimulação na Primeira Infância na Estratégia Saúde da Família em São Paulo
Qual era o objetivo?
Formar habilidades e induzir práticas de apoio ao desenvolvimento integral.
Onde e quando?
A iniciativa foi implementada entre 2015 e 2016 na região oeste da cidade de São Paulo, no Brasil, no contexto de um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". que contou com a participação de 826 crianças de 9 a 17 meses, acompanhadas por cerca de 1 ano.
Como era o desenho?
As famílias-alvo do programa eram compostas por cuidadores e crianças de 9 a 17 meses, nascidas no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo e moradoras de bairros de baixa renda na região do Butantã e do Jaguaré.¹ A ideia central da iniciativa foi avaliar se o treino de agentes comunitários ligados do Estratégia Saúde da Família no currículo Reach Up and Learn de parentalidade, desenvolvido originalmente na Jamaica, poderia gerar impactos positivos sobre o desenvolvimento cognitivo, de linguagem, motor e socioemocional de crianças das famílias participantes.²
O modelo envolve visitas domiciliares periódicas, nesse caso quinzenais, com o uso de brinquedos simples —muitas vezes confeccionados com materiais disponíveis no domicílio— e de atividades lúdicas. Essas atividades criam oportunidades para que os visitadores orientem as cuidadoras e a família sobre como estimular a linguagem, a cognição, a motricidade e as habilidades socioemocionais das crianças, por meio de interações responsivas no cotidiano.
Para a operacionalização, agentes comunitários de saúde participaram de um curso de 10 dias sobre desenvolvimento infantil, promoção de práticas parentais positivas e uso do currículo, com sessões teóricas, dramatizações de visitas e visitas-piloto em comunidades vizinhas. Os agentes acumularam as visitas de estimulação com atribuições rotineiras na atenção primária à saúde, recebendo um adicional financeiro por criança acompanhada e supervisão da enfermeira da sua unidade básica de saúde.
O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?
Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências de monitoramento e impacto:
- o estudo estima que o custo anual por criança de implementação do programa foi de R$734,00 [1];
- a adesão foi muito baixa: cerca de 83% das crianças não receberam nenhuma visita durante o período de implementação [1];
- talvez por isso, não foram encontradas evidências de efeitos positivos ou estatisticamente significantesChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis de 0, após incorporadas à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos e estudos. sobre indicadores que capturavam dimensões cognitiva e de linguagem do desenvolvimento infantil [1];
- houve, no entanto, impacto positivo, mas imprecisamente estimado sobre indicadores antropométricos padronizados de peso-por-idade e altura-por-idade, da ordem de 14% e 15% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável —valores mais altos indicam ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Uma forma de interpretar efeitos medidos na escala de desvios-padrão, que é usada para tornar comparáveis provas usadas em diferentes contextos, é: "A cada aumento de 10% de um desvio-padrão equivale, aproximadamente, um salto de 4 posições a partir do aluno mediano (isto é, na posição 50)". Um aumento de 30% de um desvio-padrão, por exemplo, equivaleria a passar da posição 50 para a posição 62 (isto é, 30%/10% x 4 posições). Essas aproximações se tornam menos precisas para efeitos muito grandes., no horizonte de 12 meses após o início da implementação [1].²
- Uma restrição adicional foi a de incluir apenas crianças que não estavam em creche em tempo integral no início do estudo.
- Os autores destacam que a experiência indica que a integração de programas de visitas domiciliares de estimulação à rotina da Estratégia Saúde da Família exige tempo disponível e reforço de equipe.
Quais as fontes da informação?
- Brentani, A., Walker, S., Chang-Lopez, S., Grisi, S., Powell, C., & Fink, G. (2021). A home visit-based early childhood stimulation programme in Brazil—a randomized controlled trial. Health Policy and Planning, 36(3), 288-297.
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