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Programa Escolar Becoming a Man de Terapia Cognitivo-Comportamental em Chicago

Publicado em 23/12/2022 Atualizado em 27/11/2024
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Qual o objetivo?

Desenvolver habilidades de autoreflexão e técnicas práticas de controle de impulsos automáticos entre adolescentes em situação de vulnerabilidade social e alto risco de evasão, de modo a aumentar o seu engajamento escolar e diminuir o seu envolvimento com a criminalidade.

Onde e quando?

O programa Becoming a Man (BAM) foi desenvolvido pela ONG Youth Guidance e implementado em 2001 em um grupo de escolas públicas no sul e oeste de Chicago, nos Estados Unidos. As informações abaixo se referem a um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". do programa nos anos de 2009 a 2010 e de 2013 a 2015.

Como é o desenho?

O BAM foi um programa de aconselhamento em grupo, voltado para adolescentes homens do 7º ano do ensino fundamental ao 3º do ensino médio, baseado em princípios de terapia cognitivo-comportamental.

Estes princípios foram trabalhados em sessões semanais de 1 hora (de 27 a 45 sessões, dependendo do ano de implementação) em grupos de 12 a 15 jovens, guiadas por um supervisor.

Cada sessão foi construída em torno de um plano projetado para desenvolver uma habilidade específica por meio de histórias, dramatizações e exercícios em grupo. Dentre as atividades realizadas, havia, por exemplo:

  1. exercícios de introspecção que criavam oportunidades para que os jovens relatassem áreas em que consideravam ser bons, e áreas em que ainda precisavam se desenvolver;
  2. atividades práticas para exercício de habilidades sociais e de controle de impulsos agressivos automatizados;
  3. interpretação de papéis em situações de confronto baseadas na vida real;
  4. exercícios de relaxamento muscular, respiração, de canalização produtiva da raiva e identificação de crenças problemáticas ou falsas; e
  5. discussão de diferentes concepções de masculinidade.

Um exemplo de atividade ilustrativa dos princípios que norteiam o programa é chamada de The Fist (“O Punho”). A atividade inicia com a divisão do grupo em pares de alunos. Um dos alunos do par recebe, então, uma bola e ambos são informados que o outro aluno tem 30 segundos para tirar a bola de seu parceiro. Quase todos os jovens usam a força física para esse fim. Durante a discussão posterior sobre a atividade, o supervisor enfatiza que quase ninguém pensou em pedir a bola. Quando questionados sobre por que eles não lidaram dessa maneira com a situação, a maioria responde que “ele não teria dado” ou “ele teria pensado que eu não estava falando sério”. O supervisor então estimula a reflexão em grupo sobre a atividade, perguntando: “Como vocês reagiriam se o outro pedisse gentilmente pela bola?”. Este exercício, como muitos outros no programa, tenta inculcar nos jovens as estratégias de comportamento que os permitam “desacelerar” e avaliar os muitos pontos de vista que podem ser tomados diante das situações do dia a dia.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto causal da implementação das sessões do programa BAM:

  • aproximadamente 1 a cada 2 meninos convidados a participarem frequentou ao menos uma sessão do programa [1];
  • aumento de 4 a 6% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 — isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100 indivíduos. em um indicador de engajamento dos alunos com a vida escolar, que continha informação sobre faltas, notas em provas e abandono [1];
  • aumento de 6% (ou de 3 pontos percentuaisO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais! Por exemplo, se uma variável binária teria média de 10% na ausência da iniciativa, um impacto de 5 pontos percentuais representa aumento de 50% (=5/10).) na taxa de jovens que vieram a se graduar no ensino médio [1];
  • redução de 12% no total de prisões por ano durante o período do programa, sendo essa redução de 20% para o total de prisões por crimes violentos [1];
  • um programa norteado por princípios semelhantes implementado no Juvenile Temporary Detention Center, com adolescentes que já tinham um histórico de envolvimento com crime, diminuiu as taxas de readmissão de jovens no centro de detenção nos meses subsequentes à sua liberação [1].

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Heller, S. B., Shah, A. K., Guryan, J., Ludwig, J., Mullainathan, S., & Pollack, H. A. (2017). Thinking, Fast and Slow? Some Field Experiments to Reduce Crime and Dropout in Chicago. The Quarterly Journal of Economics, 132(1), 1-54.

Vídeos

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