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Programa Escolar de Autoregulação e Planejamento no Ensino Fundamental da Alemanha

Publicado em 15/02/2024 Atualizado em 23/02/2024
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Qual o objetivo?

Integrar ao início da vida escolar formal conteúdos de autoregulação e planejamento para persecução de objetivos.

Onde e quando?

O programa foi implementado nos anos de 2013 e 2014 em Mainz, na Alemanha, no contexto de um estudo experimental de impacto envolvendo 31 salas de aula em 12 escolas.

Como é o desenho?

O programa teve por foco alunos do 1º ano do Ensino Fundamental e baseou-se em dois componentes principais, ambos desenvolvidos por um time multidisciplinar de pesquisadores.

O primeiro componente do programa era o material completo para 5 aulas de 50 minutos baseados na teoria da autoregulação da mental contrasting with implementation intentions. Em segundo lugar, foram realizados workshops de 3 horas para treinamento dos professores no tema, com foco em sensibilizá-los para a importância da autoregulação para o desenvolvimento infantil e em apresentá-los de forma sistemática aos materiais do programa. Um dos desafios enfrentados pelos criadores do material foi o fato de que crianças nessa idade não tem domínio da leitura e escrita e têm dificuldades de internalizar conceitos abstratos.

A primeira aula é dedicada aos conceitos mais fundamentais da teoria: “contraste mental” e “intenções de implementação”. O primeiro processo envolve comparar mentalmente uma situação no futuro com a realidade atual. O segundo envolve superar as principais barreiras para alcançar metas, como começar, não se distrair e superar obstáculos. Os conceitos são apresentados de forma lúdica com apoio de um personagem que acompanha o aluno pelas etapas da aula.

As aulas subsequentes trazem exemplos de atividades para aplicação destes conceitos. Na primeira atividade, o personagem planeja como se tornar um leitor melhor. Para tanto, ele passa primeiro pela fase de imaginar a alegria ao ganhar acesso ao conteúdo de livros. Então eles identificaram obstáculos que os previnem de alcançar esse objetivo (como a distração da televisão) e imagina estratégias para alcançar o objetivo (por exemplo, entrando em acordo com os pais sobre sempre ler um pouco antes de ligar a televisão). Na quarta e última parte o personagem convida os alunos a planejarem de que forma aproveitarão terem alcançado o objetivo de se tornarem bons leitores. Em outros exemplos de atividades, os alunos planejaram respectivamente, como monitorar suas entregas de lição de casa para que tivessem o mínimo possível de erros por descuido e um objetivo de sua escolha.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal do programa:

  • aumento de 20% de um desvio-padrão em um indicador de leitura, de 4 a 5 semanas após o fim do período de implementação das aulas direcionadas ao tema [1];
  • aumentos de 18% de um desvio-padrão em um indicador de controle inibitório de impulsos e de 17% em um indicador de atenção sustentada, também de 4 a 5 semanas após o fim do período de implementação das aulas, embora estes efeitos sejam imprecisamente estimados [1];
  • aumento de 39% de um desvio-padrão em um indicador de leitura, 1 ano após o fim do período de implementação das aulas [1];
  • aumento de 26% de um desvio-padrão em um indicador de controle inibitório de impulsos, no mesmo horizonte temporal dos resultados acima [1];
  • aumento de 56% de um desvio-padrão em um indicador de atenção sustentada, também mesmo horizonte temporal dos resultados imediatamente acima [1];
  • não foram encontrados efeitos estatisticamente significantes em indicadores de aprendizagem em Matemática, em nenhum dos horizontes temporais considerados acima [1];
  • aumento de 19 a 23% (ou de 13 a 16 pontos percentuais) na taxa de alunos que conseguiram nota suficiente para perseguir o itinerário formativo acadêmico (Gymnasium), em etapa de decisão que os alunos da Alemanha passam aos 10 ou 11 anos de idade [1].

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Berger, E., Fehr, E., Schunk, D. & Winkel, K. (2022a). Teaching Self-Regulation. Nature Human Behavior.

Estamos trabalhando para que as páginas contemplem toda a evidência documentada sobre o tema e estejam sempre atualizadas. Se você quiser sugerir algum artigo, entre em contato.