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Programa de Mentoria Big Brothers Big Sisters nos Estados Unidos

Publicado em 20/10/2022
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Qual o objetivo?

Facilitar a formação de vínculos significativos entre jovens em situação de vulnerabilidade social e voluntários adultos, capazes de fornecer atenção e suporte.

Onde e quando?

O programa Big Brothers Big Sisters (BBBS) foi criado nos Estados Unidos por uma organização homônima, em 1904 em Nova Iorque. Ele foi implementado, para fins de avaliação, nos anos 1991 a 1993 por algumas das maiores agências ligadas à fundação, em estados como Texas, Ohio, Minnesota, Filadélfia, Nova York, Kansas e Arizona.

Como é o desenho?

O BBBS conectou crianças e adolescentes de 10 a 16 anos oriundos de famílias monoparentais com adultos voluntários que assumiram a função de mentores e, em última instância, o papel de amigos dos jovens. Os mentores encontraram-se com os jovens mentorados ao longo de um ano, aproximadamente 3 vezes por mês, durante 3 a 4 horas. O papel do mentor foi de apoiar os jovens em seus esforços, em vez de mudar explicitamente o seu comportamento ou, ainda menos, seu temperamento ou caráter. Embora estes mentores tivessem flexibilidade nas suas atividades, o programa enfatizava alguns objetivos principais, como prover enriquecimento social, cultural e de lazer na vida dos jovens contemplados, e melhorar a visão que eles tinham de si mesmos e sua motivação.

O programa foi implementado com amplo apoio da organização BBBS, que cumpriu diversas funções de triagem e supervisão. Antes do início das atividades, os voluntários foram avaliados em diversos critérios, como comprometimento com o programa e a existência de possíveis riscos aos jovens na formação de vínculos que não fossem construtivos ou positivos. Já do lado das crianças e seus familiares, foi preciso garantir que ambos realmente estivessem interessados na mentoria. Em seguida, os voluntários receberam diversas orientações e treinamentos, que visaram estimular as habilidades de comunicação e de construção de relacionamentos. Durante todo o tempo de mentoria, houve também supervisão estreita e apoio por profissionais ligados à organização, que fizeram contatos frequentes com os voluntários, jovens e seus responsáveis, e forneceram assistência, quando solicitada, diante de dificuldades de implementação.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo publicado e no artigo para discussão listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal do programa entre jovens que foram conectados a um mentor:

  • redução de 46% na taxa de jovens que revelaram ter começado a usar drogas e de 27% na taxa de jovens que revelaram ter começado a consumir álcool, aproximadamente 6 meses depois do fim do programa [1,2];
  • redução de 32% no número de vezes que estes jovens relataram bater em outra pessoa no ano anterior, aproximadamente 6 meses depois do fim do programa [1,2];
  • embora tenha havido redução da frequência de envolvimento com crimes (roubo e dano à propriedade) no mesmo horizonte temporal, os resultados não são estatisticamente significantesChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis do valor zero, após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos. [1,2];
  • aumento de 6% nas notas de provas na escola, entre meninas [1,2];
  • aumento de 24%, entre meninas, no número de horas semanais dedicadas a atividades extraescolares de cunho social ou cultural – como aulas, voluntariado, eventos esportivos, peças de teatro, museus e atividades ao ar livre -, também aproximadamente 6 meses após o fim do programa [1,2];
  • não há evidências fortes de que o programa tenha tido efeito sobre habilidades socioemocionais, como autoimagem e confiança, ainda medidas aproximadamente 6 meses após o fim do programa [1,2].

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Grossman, J. B., & Tierney, J. P. (1998). Does Mentoring Work? An Impact Study of the Big Brothers Big Sisters Program. Evaluation Review, 22(3), 403-426.
  2. Kautz, T., Heckman, J. J., Diris, R., Ter Weel, B., & Borghans, L. (2014). Fostering and Measuring Skills: Improving Cognitive and Noncognitive Skills to Promote Lifetime Success. NBER Working Paper.

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