Este site utiliza cookies para que possamos oferecer a você a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas no seu navegador e desempenham funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic) no Ceará
Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic) no Ceará
Qual o objetivo?
Alfabetizar todos os alunos das redes públicas de ensino até os sete anos de idade.
Onde e quando?
O Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic) foi desenvolvido como piloto entre 2004 e 2006 e implementado como política pública estadual em 2007, no Ceará, Brasil. Os resultados abaixo se referem a um estudo observacionalOs estudos observacionais analisam dados coletados em situações em que os pesquisadores não têm controle sobre a exposição de indivíduos à política ou programa social, permitindo apenas a observação das associações entre variáveis em contextos naturais. Nesse tipo de estudo, as diferenças observadas entre os grupos podem ser influenciadas por fatores que limitam a capacidade de estabelecer relações causais diretas entre o programa e os resultados observados. As metodologias não-experimentais listadas nas tags da página são formas tipicamente escolhidas para contornar esse problema! do impacto do programa nos anos iniciais de implementação.
Como é o desenho?
O Paic foi uma política de cooperação entre governo estadual e municípios promovida pelo governo do Ceará, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e instituições da sociedade civil, com apoio do governo federal. A ideia central do programa foi apoiar os municípios na formulação e implementação de políticas voltadas para a garantia do direito de aprendizagem, com prioridade para a alfabetização.¹ Para tanto, o Paic integrou, desde sua instauração como política pública em 2007, diversos componentes, organizados em eixos.²
O primeiro eixo foi vinculado à gestão da educação municipal. As ações foram pautadas pelo desenvolvimento de uma cultura de ação cíclica calcada em planejamento (com base na realização de diagnóstico e definição de metas), que pudesse apoiar a estruturação e a implantação de uma política municipal em prol da alfabetização. Para isso, o Paic desenvolveu ações de formação dos quadros municipais e apoiou tecnicamente as equipes na definição de metas, na elaboração de planos e no acompanhamento e avaliação de processos e indicadores. A cooperação técnica teve, em particular, um foco na adoção de práticas como o cumprimento legal do ano letivo e da jornada escolar diária, definição de critérios técnicos e baseados em mérito para seleção dos gestores escolares e de professores, e revisão dos planos de carreira e de remuneração dos professores da rede municipal.
O segundo eixo preconizou a implementação e a institucionalização de avaliações externas, integrando os resultados às decisões de gestão descritas no parágrafo anterior. Foram adotadas duas novas avaliações, com foco na alfabetização. A primeira, chamada Provinha Paic, foi instituída para proporcionar um diagnóstico dos alunos e subsidiar o planejamento das intervenções pedagógicas pelos municípios e escolas.³ A segunda avaliação é uma avaliação externa em larga escala que ampliou a abrangência do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE). A prova, chamada SPAECE-Alfa, é realizada ao final do ano letivo, a fim de servir de parâmetro de avaliação dos esforços do estado e dos municípios na alfabetização das crianças. Assim, municípios considerados prioritários devido aos seus baixos resultados nas avaliações padronizadas tiveram apoio intensificado pela secretaria de educação.
O terceiro eixo do Paic integrou as atividades diretamente relacionadas às práticas de alfabetização em sala de aula. Nesse eixo, foram implementados cursos de formação de professores e iniciativas de apoio pedagógico, ambas pautadas por um currículo estruturado em torno de um conjunto de materiais didáticos e pedagógicos, destinados a alunos e professores, que propunham uma rotina diária de atividades para a sala de aula e tarefas de casa.
O quarto eixo operacionalizava insumos para instigar nos alunos o prazer pela leitura, tornando-a mais próxima de seus cotidianos. A principal estratégia foi a criação de acervos literários nas salas de aula e a implementação de cantinhos de leitura em todas as salas de aula da educação infantil, do 1° e do 2° ano. Em paralelo à estruturação dos acervos, professores da rede participaram de oficinas de formação sobre contação de histórias, leitura de imagem e utilização de gêneros textuais diversos, teatro de bonecos, musicalização de histórias e criação literária.
O quinto eixo, por sua vez, preconizou esforços para que a educação infantil fosse considerada uma etapa da indispensável na preparação para a alfabetização, estendendo a essa etapa de ensino a elaboração de propostas pedagógicas e a de formação dos professores.
Por fim, foram adotados incentivos para municípios e escolas com vistas a levar escolas e municípios a priorizarem a alfabetização. A priorização da alfabetização na idade certa pelos municípios foi estimulada pela vinculação da distribuição da cota-parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aos municípios a indicadores de educação, saúde e meio ambiente, com o maior peso para os indicadores relativos à alfabetização. Além disso, foi criado o Prêmio Escola Nota Dez, que concedeu dinheiro às escolas com os melhores resultados de alfabetização do estado. Ambas as medidas usaram como base de cálculo dos incentivos o SPAECE-Alfa.
O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?
Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto do Paic:
- já em 2007, ano de lançamento enquanto política pública estadual, todos os 184 municípios cearenses aderiram ao programa [1];
- houve aumento de 7,2% a 9,6% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 — isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100 indivíduos. nas notas de Língua Portuguesa dos alunos contemplados pelos componentes do programa, quando avaliados no 5° ano [2];
- além disso, houve aumento de 12% a 18% de um desvio-padrão nas notas de Matemática, também para alunos contemplados pelos componentes do programa, e avaliados no mesmo horizonte temporal [2].
- Um dos elementos precursores do programa foi o Comitê Cearense pela Eliminação do Analfabetismo. Juntamente com as recomendações elaboradas com base nas pesquisas realizadas pelo comitê e do trabalho realizado pela primeira fase do Paic, a estruturação do programa se beneficiou da experiência dos gestores na implantação de uma política com foco na aprendizagem e prioridade para a alfabetização em Sobral.
- A governança do Paic é estruturada em torno da ideia de regime de colaboração entre os entes federados – em particular, estado e municípios. Uma das primeiras providências tomadas no início da gestão foi a criação da Coordenadoria de Cooperação com os Municípios (COPEM), com pessoal e orçamento próprios para viabilizar e fortalecer o regime de colaboração. O Paic está inserido nesta Coordenadoria. Para viabilizar a operacionalização do programa em todo o território do estado, foram implantados nas coordenadorias regionais núcleos de cooperação com os municípios, além de equipes municipais diretamente responsáveis pelas ações e componentes estruturantes.
- De caráter censitário, a prova é aplicada sempre no início do primeiro semestre letivo e os resultados não são utilizados para composição de classificações nem são divulgados publicamente. Os municípios recebiam apenas seus próprios dados (em relatórios por município, escola, turma e aluno) e o consolidado geral do estado.
Quais as fontes bibliográficas dessa informação?
- de Gusmão, J. B., & Ribeiro, V. M. (2011). Colaboração entre estado e municípios para a alfabetização de crianças na idade certa no Ceará. Cadernos Cenpec| Nova série, 1(1).
- Costa, L. O., & Carnoy, M. (2015). The Effectiveness of an Early-grade Literacy Intervention on the Cognitive Achievement of Brazilian Students. Educational Evaluation and Policy Analysis, 37(4), 567-590.
Vídeos
Acesse aqui bases utilizadas na elaboração desse artigo.
Eixos de busca
Área
EducaçãoTipo de programa
Pedagogia da alfabetizaçãoElementos
Acervos de livros para bibliotecas em escolasApoio técnico à implementação de novas práticas pedagógicasApoio técnico a projetos de aprimoramento de gestão escolarAumentos de salários de professoresAvaliação diagnóstica para identificação de alunos com defasagemCurrículo escolarCursos ou oficinas de formação de professoresMaterial didáticoMaterial pedagógicoMetas em educaçãoMudança no regime de remuneração de professoresMudanças no regime de contratação de professoresSistemas de avaliação para acompanhamento do aprendizadoPúblico-alvo
Alunos do Ensino Fundamental ICrianças de 0 a 5 anosCrianças de 6 a 10 anosCrianças na Educação InfantilEscolas públicasProfessores do Ensino Fundamental IRegião
América LatinaPaís
BrasilEstamos trabalhando para que as páginas contemplem toda a evidência documentada sobre o tema e estejam sempre atualizadas. Se você quiser sugerir algum artigo, entre em contato.
Políticas e Programas Relacionados
Implementação do Programa de Alfabetização Shishuvachan em Escolas Públicas de Mumbai
Aprimorar as habilidades de leitura de alunos no ciclo inicial de alfabetização.
Programa de Alfabetização Shishuvachan da ONG Pratham em Centros de Educação Infantil de Mumbai
Aprimorar as habilidades de leitura de alunos durante a educação infantil.
Implementação do Programa de Alfabetização Shishuvachan no Contraturno de Escolas Públicas de Mumbai
Aprimorar as habilidades de leitura de alunos no ciclo inicial de alfabetização.