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Participação Comunitária e Planos de Ação para Postos de Saúde em Uganda

Publicado em 22/03/2025 Atualizado em 04/04/2025
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Qual era o objetivo?

Aumentar a cobertura e aprimorar a qualidade do cuidado recebido por mães e crianças.

Onde e quando?

A iniciativa foi implementada em 2007, em Uganda, no contexto de um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". envolvendo 25 unidades de saúde, e aproximadamente 2.800 famílias em suas áreas de abrangência.

Como era o desenho?

Um dos principais braços operacionais da atenção primária à saúde em Uganda são postos de saúde integrados por médicos, enfermeiros, e profissionais assistentes. Cada posto provê atendimento sem custo a famílias, com foco em:

  1. promoção e prevenção em saúde;
  2. partos e atenção à saúde neonatal;
  3. enfermaria geral e atendimentos ambulatoriais;
  4. procedimentos laboratoriais.

A ideia central da iniciativa foi encorajar usuários e servidores públicos a desenvolverem uma visão compartilhada da qualidade desses serviços. O protocolo de implementação seguiu três etapas principais:

  1. organização de 2 encontros presenciais entre profissionais dos postos de saúde e membros das suas comunidades;
  2. reunião conjunta entre profissionais de saúde e usuários para formular um plano de ações e definir responsáveis por sua implementação;
  3. organização de encontro de realinhamento com relação ao plano e monitoramento de progresso, 6 meses após o início da implementação.

O que as evidências sugerem?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências de monitoramento e impacto:

  • a iniciativa teve sucesso em mobilizar integrantes das comunidades para os encontros, com participação média de mais de 150 pessoas nos encontros iniciais [1];
  • não foram encontradas evidências de que a iniciativa tenha tido efeito positivo ou estatisticamente significanteChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis do valor zero, após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos. sobre a utilização dos serviços prestados pelos postos de saúde, processos e práticas de tratamento em saúde — por exemplo, de gestão ou tempo de filas, e práticas recomendáveis durante o pré e o pós-natal —, no horizonte de 2 anos após o início da implementação [1];
  • aumento de 20% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável — valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições com um grau alto de simetria em torno da média, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50: caso interpretemos o conjunto de pessoas na amostra como uma fila de 100 pessoas, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivaleria a passar da posição 50 para a posição 54. Um aumento maior, de 30% de um desvio padrão equivaleria a passar da posição 50 para a posição 62. em um indicador normalizado de peso-por-altura, para crianças de 0 a 12 meses, e de 11% de um desvio-padrão no mesmo indicador para crianças de 1 a 5 anos e 11 meses [1];
  • não foram encontradas evidências de efeitos expressivos na taxa de mortalidade infantil, também no horizonte de 1 ano e meio após o início da implementação do estudo [1];
  • uma intervenção implementada dois anos antes, em outras regiões de Uganda — e que acrescentava às reuniões iniciais dados concretos sobre a qualidade dos serviços em saude —  teve efeitos mais expressivos sobre comportamentos e variáveis de resultado [1]
  1. Os dados fornecidos foram criados a partir de uma pesquisa primária feita nos locais, e integravam: (i) tempo médio de fila para atendimento; (ii) disponibilidade de medicamentos; (iii) relatos de cobrança ilegal por atendimentos; (iv) relatos de motivos para não ter dado à luz ou para não realizar acompanhamento de pré-natal. A informação apresentou contrastes entre a perspectiva do usuário e a perspectiva dos profissionais da saúde, em cada indicador, em cartazes.

Quais as fontes da informação?

  1. Björkman Nyqvist, M., De Walque, D., & Svensson, J. (2017). Experimental Evidence on the Long-Run Impact of Community-Based Monitoring. American Economic Journal: Applied Economics, 9(1), 33-69.