Expansão do Programa de Parentalidade Roving Caregivers em Santa Lúcia

Apoiar o desenvolvimento integral de crianças de famílias de baixa renda.

As informações abaixo referem-se a um estudo observacionalOs estudos observacionais analisam dados coletados em situações em que os pesquisadores não têm controle sobre a exposição dos indivíduos à política ou ao programa social, baseando-se na observação das associações entre variáveis em seus contextos naturais. Nesse tipo de estudo, que frequentemente recebe o nome de "experimento natural" ou "quase-experimento", diferenças entre os grupos podem ser influenciadas por fatores que limitam a capacidade de estabelecer relações causais entre o programa e resultados de interesse. Estudos observacionais se apoiam nas metodologias modernas de inferência causal para contornar esse problema, construindo contrafactuais convincentes. nos distritos de Vieux-Fort e Anse-la-Raye da ilha de Santa Lúcia, no Caribe, que utiliza dados de 389 crianças entre 0 e 24 meses observadas entre 2006 e 2008, em um contexto de expansão do Roving Caregivers Program para o sul e o oeste do país.

O Roving Caregivers foi um programa de visitas domiciliares com foco em famílias vulneráveis, com crianças de 0 a 36 meses, em comunidades com altas taxas de pobreza. A ideia central era afetar positivamente práticas de cuidado e instaurar rotinas de brincadeiras no dia a dia em comunidades com baixa cobertura de serviços de educação infantil. Dentro dessas comunidades, todas as crianças de 0 a 3 anos eram elegíveis para participar no programa. As famílias eram atendidas por paraprofissionais locais, chamados rovers, moradores das próprias comunidades, que recebiam formação intensiva inicial e supervisão contínua.

Cada rover fazia 2 visitas por semana, com cerca de 45 minutos cada, durante até 3 anos. Durante as visitas, o rover realizava atividades lúdicas apropriadas à idade com a criança —cantar, brincar com blocos, formas e cores, jogos simples—, sempre com o cuidador presente, incentivando a observação, a participação e a incorporação na rotina. As visitas também incluíam mensagens aos cuidadores sobre a importância do brincar como forma de aprender, do estímulo à curiosidade e à criatividade da criança, e de práticas de disciplina não violentas.¹

Além das visitas domiciliares, o programa oferecia reuniões mensais de parentalidade em centros comunitários, abertas a todos os cuidadores, com temas como nutrição, brinquedos educativos de baixo custo, marcos de desenvolvimento e práticas de cuidado. Para a operacionalização, agentes de desenvolvimento infantil foram contratadas especificamente para o programa e receberam um curso inicial de 10 dias sobre desenvolvimento infantil, promoção de práticas parentais positivas e uso do currículo, com sessões teóricas, dramatizações de visitas e visitas-piloto em comunidades vizinhas. Essas agentes trabalharam em tempo integral, cada uma responsável por cerca de 35 crianças e realizando, em média, 3 a 4 visitas por dia, sob supervisão de uma coordenadora.

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências de impacto:

• em média, o programa teve efeitos estatisticamente insignificantesChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis de 0, após incorporadas à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos e estudos. sobre um indicador de desenvolvimento infantil e suas subescalas, que incluíam coordenação motora grossa, recepção visual, coordenação motora fina, e vocabulário expressivo e receptivo [1];²
• no entanto, foram encontradas evidências de impactos positivos em alguns indicadores para crianças que iniciaram a participação no programa mais cedo, antes dos 18 meses de idade: entre elas, houve aumento de 30% a 35% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável —valores mais altos indicam ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Uma forma de interpretar efeitos medidos na escala de desvios-padrão, que é usada para tornar comparáveis provas usadas em diferentes contextos, é: "A cada aumento de 10% de um desvio-padrão equivale, aproximadamente, um salto de 4 posições a partir do aluno mediano (isto é, na posição 50)". Um aumento de 30% de um desvio-padrão, por exemplo, equivaleria a passar da posição 50 para a posição 62 (isto é, 30%/10% x 4 posições). Essas aproximações se tornam menos precisas para efeitos muito grandes. em um indicador de percepção de padrões visuais e de 22% a 33% desvio-padrão em um indicador de coordenação motora fina [1].³