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Estudo Experimental dos Centros Públicos Head Start de Educação Infantil nos Estados Unidos
Estudo Experimental dos Centros Públicos Head Start de Educação Infantil nos Estados Unidos
Qual o objetivo?
Quebrar o vínculo entre a pobreza infantil e o baixo preparo para início da vida escolar, promovendo o desenvolvimento intelectual, social e físico de crianças em idade pré-escolar em contextos de vulnerabilidade social.
Onde e quando?
Os centros públicos de educação infantil Head Start (HS) foram implementados a partir de 1965 nos Estados Unidos, financiados pelo Office of Economic Opportunity. Os resultados descritos abaixo referem-se a um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". para avaliação de impacto do programa, requerida oficialmente pelo Congresso Americano em 1998, pesquisa que recebeu o nome de Head Start Impact Study. O objetivo central da pesquisa era o de determinar o impacto dos centros sobre o preparo das crianças para início da vida escolar e sobre práticas dos pais e cuidadores, assim como determinar quais as crianças que mais se beneficiavam do programa. Para tanto, a pesquisa acompanhou crianças de 353 centros representativos do HS a partir do ano de 2002. No ano de 2019, mais de 1 milhão de crianças americanas frequentavam centros de educação infantil Head Start.
Como é o desenho?
Os centros tiveram por foco crianças de 3 a 5 anos oriundas de famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade social. Assim, as diretrizes para financiamento estabeleceram que pelo menos 90% das crianças em cada centro deveriam morar em casas abaixo da linha federal de pobreza à época e pelo menos 10% das crianças teriam que ter algum tipo de deficiência física ou mental. Os centros ofereceram serviços por 9 meses no ano pelo dia inteiro ou por meio período, e as matrículas foram limitadas a um máximo de 2 anos por criança.
O apoio à saúde infantil era o primeiro componente dos centros HS. Para tanto, os centros forneciam às crianças serviços de saúde, como imunização – para, por exemplo, poliomelite, DTP e sarampo – e triagem para condições como tuberculose, deficiências nutricionais, anemias e diabetes, além de triagens oculares, auditivas e de saúde bucal e encaminhamentos a médicos especialistas. Assim, os centros cumpriram o papel de intermediários entre as famílias e serviços de atenção básica da saúde pública. Além disso, os centros ofereciam às crianças refeições e lanches e, portanto, tinham um papel fundamental na suplementação nutricional e calórica. Por fim, os centros contavam com apoio de profissionais que auxiliavam na identificação de problemas de saúde mental entre as crianças e ajudavam no acesso ao tratamento adequado.
O segundo componente dos centros era o apoio por meio de serviços de assistência social. Assim, por exemplo, os centros contavam com profissionais que proviam apoio a famílias que enfrentavam problemas domésticos.
O terceiro e último componente do programa, também oferecido por profissionais ligados aos centros, era o de apoio aos pais no acompanhamento do desenvolvimento das crianças.
O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?
Foram documentadas, nos artigos publicados e nos artigos para discussão listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto causal das atividades dos centros públicos de educação infantil HS no contexto do estudo experimental:
- a cada 100 crianças que receberam os convites para frequentarem os centros HS, 85 o fizeram por algum período, sendo as 15 restantes selecionadas no grupo de crianças que não tinham recebido o convite (grupo controle) [1];
- diminuição de 82% (ou 49 pontos percentuaisO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais! Por exemplo, se uma variável binária teria média de 10% na ausência da iniciativa, um impacto de 5 pontos percentuais representa aumento de 50%.) na taxa de famílias que receberam os convites e que recorreram a creches familiares ou a apoio de membros da família, durante o primeiro ano de funcionamento dos centros [1];
- aumento, entre as crianças que frequentaram os centros, de 27% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 — isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100 indivíduos. em um indicador de desenvolvimento de linguagem (conhecimento de vocabulário e linguagem receptiva), construído com informação coletada ao fim do primeiro ano de exposição aos centros [1];
- o efeito descrito acima foi maior para os alunos com baixo desempenho, sugerindo que o programa diminuiu as diferenças de conhecimento entre as crianças contempladas [1];
- efeitos maiores também foram encontrados em alunos de origem hispânica e alunos com defasagens no aprendizado da Língua Inglesa, quando comparados a seus pares, o que também sugere um alto potencial do programa de encurtar distâncias de conhecimento [1];
- não foram encontradas evidências de efeitos em indicadores de habilidades socioemocionais, construídas a partir de informação coletada no 1º ano do Ensino Fundamental [1,3];
- há evidências de impacto positivo de 20% na quantidade semanal de tempo em que os pais liam a seus filhos, durante o período em que as crianças frequentavam os centros, além de outras variáveis que capturam estímulos cognitivos e envolvimento dos pais com o processo de aprendizagem de seus filhos [2].
Uma série de estudos não-experimentais avaliaram o impacto da expansão dos centros HS entre os anos de 1965 e 1990, encontrando resultados positivos de médio e longo prazo em variáveis educacionais, de saúde e de crime [4-10].
Quais as fontes bibliográficas dessa informação?
- Bitler, M. P., Hoynes, H., & Domina, T. (2014). Experimental Evidence on Distributional Effects of Head Start. National Bureau of Economic Research Working Paper.
- Gelber, A., & Isen, A. (2013). Children’s Schooling and Parents’ behavior: Evidence from the Head Start Impact Study. Journal of Public Economics, 101, 25-38.
- Puma, M., Bell, S., Cook, R., Heid, C., & Lopez, M. (2005). Head Start Impact Study: First Year Findings. U.S. Department of Health and Human Services, Administration for Children & Families.
- Bailey, M. J., Sun, S., & Timpe, B. (2021). Prep School for Poor Kids: The Long-Run Impacts of Head Start on Human Capital and Economic Self-Sufficiency. American Economic Review, 111(12), 3963-4001.
- Garces, E., Thomas, D., & Currie, J. (2002). Longer-term Effects of Head Start. American Economic Review, 92(4), 999-1012.
- Johnson, R. C., & Jackson, C. K. (2019). Reducing Inequality Through Dynamic Complementarity: Evidence from Head Start and Public School Spending. American Economic Journal: Economic Policy, 11(4), 310-49.
- Ludwig, J., & Miller, D. L. (2007). Does Head Start Improve Children’s Life Chances? Evidence from a Regression Discontinuity Design. The Quarterly Journal of Economics, 122(1), 159-208.
- Barr, A., & Gibbs, C. (2017). Breaking the Cycle? The Intergenerational Effects of Head Start. Texas A&M University, College Station, TX. Unpublished Manuscript.
- Deming, D. (2009). Early Childhood Intervention and Life-Cycle Skill Development: Evidence from Head Start. American Economic Journal: Applied Economics, 1(3), 111-34.
- Carneiro, P., & Ginja, R. (2014). Long-term Impacts of Compensatory Preschool on Health and Behavior: Evidence from Head Start. American Economic Journal: Economic Policy, 6(4), 135-73.
Vídeos
Material complementar
Eixos de busca
Indicador afetado
Atividades domésticas de estimulação cognitiva na primeira infânciaDesenvolvimento da linguagem na primeira infânciaEnvolvimento dos pais com a vida escolarVocabulário em criançasTipo de programa
Acesso a creches e pré-escolas para famílias de baixa rendaApoio à parentalidadeBerçários, creches e pré-escolasHabilidades socioemocionais na escolaMerenda escolarProgramas de apoio a problemas domésticosSaúde na escolaElementos
Atendimento profissionalizado de apoio a problemas domésticosComunicação com os paisCurrículo escolarCurrículo socioemocionalIdentificação de fatores de risco em saúdeImunizaçãoInformação sobre prevenção em saúdeInstruções sobre formas de envolvimento dos pais na vida escolar dos filhosSuplementação nutricionalTriagens de avaliação de saúde infantilUniformização de conteúdos curricularesVagas em creches e na pré-escolaPúblico-alvo
Crianças de 0 a 5 anosCrianças na Educação InfantilFamílias em situação de pobrezaMãesPaisRegião
América do NortePaís
Estados UnidosEstamos trabalhando para que as páginas contemplem toda a evidência documentada sobre o tema e estejam sempre atualizadas. Se você quiser sugerir algum artigo, entre em contato.
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