Estudo Experimental de Integração de Estimulação na Primeira Infância às Atividades da Atenção Primária no Bangladesh

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Estudo Experimental de Integração de Estimulação na Primeira Infância às Atividades da Atenção Primária no Bangladesh

Publicado em 14/12/2025 Atualizado em 16/12/2025
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Qual era o objetivo?

Integrar ações de estimulação infantil às rotinas dos trabalhadores da atenção primária à saúde.

Onde e quando?

A iniciativa foi implementada entre 2014 e 2016 em 90 clínicas comunitárias de atenção primária no distrito de Narsingdi, em áreas rurais de Bangladesh. As informações abaixo referem-se a um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". que utiliza dados de 1.737 crianças com baixo peso para a idade.

Como era o desenho?

As clínicas comunitárias em Bangladesh oferecem atenção primária, incluindo pré-natal, saúde neonatal, educação em saúde e manejo de agravos leves. Cada clínica é gerida por um community health-care provider, apoiado por um health assistant e uma family welfare assistant, em geral trabalhadores com ensino médio completo ou ensino superior.

Mães e crianças compareceram à clínica a cada duas semanas, por um ano, para sessões de 40 a 60 minutos em duplas de mães-crianças. Em cada clínica, o profissional responsável pelo dia a dia (community health-care provider) conduzia cerca de 3 sessões por semana, enquanto o health assistant e a family welfare assistant conduziam em média, 1 sessão semanal cada. O conteúdo das sessões foi baseado no currículo Reach Up, adaptado para o contexto de Bangladesh. Havia um manual com sessões organizadas por faixa etária (6–42 meses), com uma sequência de atividades gradualmente mais complexas. Cada sessão seguia uma estrutura típica :

  • revisão das atividades feitas em casa e discussão com as mães;
  • canções locais;
  • atividades com livros de figuras culturalmente adaptados;
  • brincadeiras com brinquedos adequados à idade;
  • atividades de linguagem (falar com a criança, nomear objetos, responder às vocalizações);
  • mensagens curtas de nutrição infantil e saúde;
  • combinação de tarefas para serem repetidas em casa.

As mães eram estimuladas a interagir mais com as crianças, a seguir seus interesses, a responder às iniciativas das crianças, a elogiar e a evitar punições físicas. Em cada encontro, elas emprestavam um brinquedo e um livro para levar para casa, que eram trocados na sessão seguinte, promovendo a continuidade da estimulação no domicílio com materiais de baixo custo.

A operacionalização da iniciativa incluiu a capacitação e a supervisão dos servidores públicos envolvidos. 130 trabalhadores de saúde receberam um treinamento inicial de 10 dias sobre desenvolvimento infantil, uso do currículo, condução de sessões e manejo de grupos. Supervisores com pós-graduação acompanharam a implementação, observando sessões quinzenalmente, com listas de verificação, e oferecendo devolutivas. Foram realizados encontros de reforço trimestrais (meio-dia) com os profissionais para revisar dificuldades e manter a motivação.

Os visitadores domiciliares foram recrutados nas próprias comunidades, com nível de escolaridade semelhante ao das mães atendidas, e foram supervisionados por coordenadores de township e um coordenador de projeto no condado. Esses profissionais passaram por capacitação de funcionários em desenvolvimento infantil, uso do currículo, registro de informações e condução de visitas, além de reuniões semanais com supervisores e observações mensais em campo para garantir a qualidade da implementação.

Nas visitas domiciliares, os visitadores trabalharam principalmente com o cuidador (em geral a mãe), demonstrando atividades lúdicas voltadas ao desenvolvimento de linguagem e cognição, motricidade fina e habilidades socioemocionais. O currículo incluía mais de 200 tarefas de linguagem e cognição, cerca de 70 tarefas de motricidade fina e 20 tarefas de motricidade grossa, todas baseadas em informação sobre práticas parentais responsivas, como seguir a iniciativa da criança, elogiar, conversar, cantar e brincar de forma sensível.

As visitas enfatizaram o protagonismo do cuidador: o visitador modelava a brincadeira e, em seguida, encorajava a mãe ou outro cuidador a repetir as atividades com a criança, reforçando que as interações deveriam continuar ao longo da semana usando brinquedos simples, objetos da casa e conversas cotidianas. A equipe registrava quem interagia com a criança, com que frequência e quais tarefas haviam sido ensinadas, criando um acompanhamento contínuo das práticas parentais.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências de monitoramento e impacto:

  • dados de monitoramento sugerem capacidade do sistema de saúde de ofertar o programa:
    • 100% dos trabalhadores de saúde das clínicas de intervenção participaram do treinamento, e apenas uma pequena parcela deixou de conduzir todas as sessões planejadas, principalmente por motivos de doença ou licenças;
    • mães e crianças compareceram, em média, a 19 de 25 sessões, e cerca de 46% das famílias (e 54% no subgrupo avaliado) participaram de todas as sessões previstas, indicando boa aceitação e adesão ao modelo de encontros nas clínicas.
  • a iniciativa teve impacto positivo expressivo sobre práticas parentais e o ambiente de cuidado:
    • houve aumento de aproximadamente 170% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável —valores mais altos indicam ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Uma forma de interpretar efeitos medidos na escala de desvios-padrão, que é usada para tornar comparáveis provas usadas em diferentes contextos, é: "A cada aumento de 10% de um desvio-padrão equivale, aproximadamente, um salto de 4 posições a partir do aluno mediano (isto é, na posição 50)". Um aumento de 30% de um desvio-padrão, por exemplo, equivaleria a passar da posição 50 para a posição 62 (isto é, 30%/10% x 4 posições). Essas aproximações se tornam menos precisas para efeitos muito grandes. no conhecimento materno sobre práticas de cuidado e estimulação e aumento de cerca de 80% de um desvio-padrão na qualidade da estimulação no lar, medida por indicadores como disponibilidade de brinquedos, livros e atividades de brincadeira e conversa com adultos [1];
  • houve, além disso, efeitos imprecisamente estimados que indicam redução dos sintomas de depressão [1];
  • não foram encontradas evidências de melhorias estatisticamente significantesChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis de 0, após incorporadas à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos e estudos. em indicadores antropométricos, de desenvolvimento físico, peso-para-idade, altura-para-idade, peso-para-altura e perímetro cefálico, sugerindo que o componente de nutrição disponível no sistema de saúde e as mensagens breves inseridas nas sessões não foram suficientes para alterar o quadro de desnutrição crônica [1];
  • foram observadas melhorias expressivas em indicadores de desenvolvimento infantil, no horizonte de 1 ano após o início da implementação:
    • houve, em particular, aumento de cerca de 130% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável —valores mais altos indicam ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Uma forma de interpretar efeitos medidos na escala de desvios-padrão, que é usada para tornar comparáveis provas usadas em diferentes contextos, é: "A cada aumento de 10% de um desvio-padrão equivale, aproximadamente, um salto de 4 posições a partir do aluno mediano (isto é, na posição 50)". Um aumento de 30% de um desvio-padrão, por exemplo, equivaleria a passar da posição 50 para a posição 62 (isto é, 30%/10% x 4 posições). Essas aproximações se tornam menos precisas para efeitos muito grandes. nos escores cognitivos e de 100% de um desvio-padrão em um indicador de desenvolvimento da linguagem [1];
    • além disso, houve aumento 120% de um desvio-padrão nos escores motores [1]
    • além disso, crianças contempladas pelas novas atividades de estimulação foram, em média, mais responsivas ao examinador, mais cooperativas, apresentaram tom emocional mais positivo e maior vocalização, com efeitos de 70% a 110% de um desvio-padrão [1].
  1. Uma das principais inspirações para a implementação foi o programa Reach Up de parentalidade, desenvolvido originalmente na JamaicaO modelo envolve foco em famílias em situação de vulnerabilidade social e visitas domiciliares periódicas, semanais ou quinzenais, com o uso de brinquedos simples —muitas vezes confeccionados com materiais disponíveis no domicílio— e de atividades lúdicas. Essas atividades criam oportunidades para que os visitadores orientem as cuidadoras e a família sobre como estimular a linguagem, a cognição, a motricidade e as habilidades socioemocionais das crianças, por meio de interações responsivas no cotidiano. Uma das características mais marcantes do modelo é a existência de um protocolo claro para os visitadores. Cada visita trabalha atividades adequadas à idade da criança, seguindo um roteiro estruturado com propostas de brincadeiras e mensagens de orientação sobre práticas de cuidado e estímulo. O foco principal era fortalecer as competências parentais e a qualidade da interação entre cuidador e criança.
  2. Análises exploratórias de heterogeneidade mostraram que não houve evidência de impacto diferenciado por sexo da criança, escolaridade materna ou nível de riqueza das famílias, ou seja, os benefícios em desenvolvimento infantil foram observados de forma relativamente homogênea entre subgrupos.

Quais as fontes da informação?

  1. Hamadani, J. D., Mehrin, S. F., Tofail, F., Hasan, M. I., Huda, S. N., Baker-Henningham, H., … & Grantham-McGregor, S. (2019). Integrating an Early Childhood Development Programme into Bangladeshi Primary Health-Care Services: an Open-label, Cluster-Randomised Controlled Trial. The Lancet Global Health, 7(3), e366-e375.
Imds | Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social
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