Programa Healthy Activity de Psicoterapia em Goa

Data de publicação: 12/05/2022

Data da última atualização: 19/10/2022

Qual o objetivo?

Tornar serviços voltados à saúde mental mais acessíveis às populações de países em desenvolvimento, prescindindo do uso de especialistas.

Onde e quando foi implementado?

O programa Healthy Activity foi desenvolvido pela ONG Sangath implementado entre os anos de 2013 a 2016 em Goa, na Índia, no contexto de um estudo experimental de avaliação de impacto com 495 participantes.

Como é o desenho?

O programa teve por foco pessoas de 18 a 65 anos de idade que revelavam sintomas de depressão (de moderada a severa), recrutados em centros de atenção primária após triagem rápida dos sintomas usando um questionário curto. Esses participantes - na sua maioria, mulheres - geralmente não estavam à procura de tratamento para depressão nas visitas aos centros.

Os indivíduos contemplados pelo programa receberam sessões de 6 a 8 sessões semanais de psicoterapia (30 a 40 minutos) em suas casas ou nos centros de atenção primária em saúde, focadas em ativação comportamental, um dos princípios que norteiam a terapia cognitivo-comportamental. O aspecto central do tratamento foi incentivar os participantes a se envolverem em atividades prazerosas de sua escolha. Além disso, foram abordadas e estimuladas outras formas de quebrar ciclos de inatividade e depressão, como estratégias para evitar a ruminação, para resolução de problemas e ativação de redes sociais de apoio.

Todas as sessões de psicoterapia foram conduzidas por membros da comunidade local, não-especialistas, selecionados e treinados pela ONG Sangath. Eles foram submetidos a um workshop participativo de 3 semanas, seguido por uma fase de estágio de 6 meses, e receberam supervisão frequente por pares ou pela equipe da Sangath.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto causal do programa Healthy Activity:

  • 7 a cada 10 indivíduos convidados participaram de todas as seções do programa [3];
  • redução de 57% de um desvio-padrão em um indicador da severidade dos sintomas associados quadro de depressão, 3 meses, de 30% de um desvio-padrão, 1 ano após o término do período de implementação, e de 23% de um desvio-padrão 5 anos após o término da implementação [1, 2, 3];
  • tais reduções em severidade correspondem, respectivamente, a aumento de 39% (ou 25 pontos percentuais) na taxa de inscritos que apresentaram ausência total ou parcial de sintomas de depressão, 3 meses após o término do período de implementação, de 21% (ou 16 pontos percentuais), 1 ano após o término do período de implementação, e de 21% (ou 13 pontos percentuais), 5 anos após o término da implementação [1, 2, 3];
  • além disso, as reduções em severidade também foram acompanhadas de um aumento nas taxas de inscritos que apresentaram ausência total de sintomas de depressão: de 98% (ou 13 pontos percentuais), 1 ano após o término do período de implementação, e de 39% (ou 13 pontos percentuais), 5 anos após o término da implementação, sugerindo um alto potencial do programa em [2, 3];
  • há evidências de que um dos mecanismos fundamentais na consolidação dos efeitos descritos acima foram efeitos de curto prazo (ao final do primeiro ano) em um indicador de atividades que revelavam ativação comportamental [2];
  • aumento de 54% em um indicador da percepção subjetiva dos pacientes sobre a eficácia da psicoterapia, 5 anos depois do término de implementação, sugerindo que tornar este tratamento mais amplamente disponível pode aumentar a sua demanda baixa demanda documentada em populações similares [3, 4];
  • aumento, também 5 anos depois do término da implementação do programa, de 19% de um desvio-padrão em um indicador de empoderamento feminino, embora o resultado seja imprecisamente estimado [1];
  • não há, no entanto, evidências fortes de efeitos positivos sobre variáveis ligadas ao mercado de trabalho (como taxa de emprego ou renda auferida no mercado de trabalho) ou sobre variáveis que caracterizam a ocorrência e a frequência de violência doméstica, ainda 5 anos após o término da implementação [2, 3].
De onde vem essa informação?
  1. Patel, V., Weobong, B., Weiss, H. A., Anand, A., Bhat, B., Katti, B., Dimidjian, S., Araya, R., Hollon, S. D., King, M., Vijayakumar, L., Park, A., McDaid, D., Wilson, T., Velleman, R., Kirkwood, B. R. & Fairburn, C. G. (2017). The Healthy Activity Program (HAP), a Lay Counsellor-Delivered Brief Psychological Treatment for Severe Depression, in Primary Care in India: a Randomised Controlled Trial. The Lancet, 389(10065), 176-185.
  2. Weobong, B., Weiss, H. A., McDaid, D., Singla, D. R., Hollon, S. D., Nadkarni, A., Park, A., Bhat, B., Katti, B., Anand, A., Dimidjian, S., Araya, R., King, M., Vijayakumar, L, Wilson, T., Velleman, R., Kirkwood, B. R., Fairburn, C. G. & Patel, V. (2017). Sustained Effectiveness and Cost-Effectiveness of the Healthy Activity Programme, a Brief Psychological Treatment for Depression Delivered by Lay Counsellors in Primary Care: 12-Month Follow-up of a Randomised Controlled Trial. PLoS Medicine, 14(9), e1002385.
  3. Bhat, B., de Quidt, J., Haushofer, J., Patel, V., Rao, G., Schilbach, F. & Vautrey, P-L. P. (2022) The Long-Run Effects of Psychotherapy on Depression, Beliefs, and Economic Outcomes. National Bureau of Reasearch Working Paper.
  4. Newson, J., Pastukh, V., Taylor, J., & Thiagarajan, T. (2021). Mental Health has Bigger Challenges Than Stigma: Mental Health Million Project 2021. Sapiens Lab.
Vídeos


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