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Programa Teen Options to Prevent Pregnancy (T.O.P.P.) da ONG OhioHealth

Publicado em 02/03/2025 Atualizado em 02/03/2025
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Qual era o objetivo?

Diminuir as chances de que adolescentes que se tornaram mães tivessem outros filhos rapidamente.

Onde e quando?

O Teen Options to Prevent Pregnancy (T.O.P.P.) foi desenvolvido pela ONG OhioHealth no início da década de 2010. As informações abaixo referem-se a um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". implementado entre 2011 e 2016, em Columbus, Ohio, envolvendo 598 meninas e adolescentes recrutadas em 7 clínicas de saúde e 5 hospitais ligados à OhioHealth.

Como era o desenho?

O T.O.P.P. teve duração de 1 ano e meio, e foco em adolescentes beneficiárias do Medicaid, de 10 a 19 anos, que estavam com pelo menos 28 semanas de gestação ou haviam dado à luz há menos de 9 semanas.¹ A ideia central do programa era colaborar para a superação de barreiras sistêmicas ao uso efetivo de métodos anticoncepcionais, evitando que esse grupo-alvo engravidasse novamente após a primeira gestação. Para tanto, ele integrou três componentes centrais.

O primeiro consistiu em um esforço de aconselhamento intensivo com relação ao uso de métodos anticoncepcionais e espaçamento entre as gestações, provido por profissionais de saúde ligados à ONG. Por meio de ligações mensais, as profissionais de saúde utilizaram técnicas de entrevista motivacional para fortalecer a motivação pessoal, a autossuficiência e o senso de compromisso diante de objetivos, explorando as razões pessoais das participantes em um diálogo colaborativo, baseado na aceitação e na compaixão.  As técnicas de comunicação durante as entrevistas por telefone foram base para a discussão de experiências passadas e percepções sobre contracepção e gravidez, para transmitir conhecimentos sobre os benefícios do espaçamento entre filhos e sobre métodos contraceptivos específicos que pudessem apoiar as participantes em seus objetivos. Sempre que possível, o contato por telefone foi seguido de encontros presenciais, para facilitar a apresentação concreta aos métodos discutidos.

A equipe de profissionais de saúde ligados à OhioHealth participou de um retiro de treinamento de dois dias, focado em técnicas de entrevista motivacional, conduzido pelo consultor especialista do programa antes do seu início. Durante o primeiro ano do programa, continuaram a se reunir semanalmente com o especialista e, após o primeiro ano, os encontros passaram a ocorrer quinzenalmente. Nessas sessões, a equipe continuou recebendo treinamento, revisou gravações de áudio recentes de interações com entrevista motivacional e discutiu os desafios enfrentados na aplicação da técnica.

O segundo componente visou minimizar o papel de barreiras logísticas no acesso a métodos contraceptivos. Para tanto, foi oferecida ajuda financeira com transporte e acesso a uma clínica de saúde da ONG, dirigida por médicos obstetras e ginecologistas. Como as meninas e adolescentes do grupo-alvo estavam inscritas no Medicaid, os custos foram pagos pelos seus planos de saúde.

Por fim, o programa proporcionou aos participantes acesso a um assistente social, que, com base em uma avaliação psicossocial inicial e na identificação subsequente das necessidades profissionais da ONG, encaminhava as participantes para os serviços de apoio apropriados. Esse componente buscava abordar barreiras sistêmicas que poderiam dificultar a adoção e a adesão a um plano de controle de natalidade (como pobreza, desemprego e instabilidade habitacional).

O que as evidências sugerem?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências de monitoramento e impacto causal:

  • 96% das participantes receberam pelo menos uma ligação, pouco mais da metade se encontrou pessoalmente com os profissionais da ONG e 1/4 foi pessoalmente à clínica em busca de serviços de saúde reprodutiva [1]
  • ao fim do período de implementação, a parcela de meninas e adolescentes participantes que reportaram usar algum método contraceptivo de longa duração e reversíveis — como dispositivos intrauterinos (DIUs) e implantes hormonais — era 15 pontos percentuais (ou 58%O efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais! Por exemplo, se uma variável binária teria média de 10% na ausência da iniciativa, um impacto de 5 pontos percentuais representa um aumento de 50% (=5/10). maior) [1];
  • redução de 46% (ou de 17 pontos percentuaisO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais! Por exemplo, se uma variável binária teria média de 10% na ausência da iniciativa, um impacto de 5 pontos percentuais representa um aumento de 50% (=5/10).) na parcela de mulheres que tinham engravidado novamente, com efeitos particularmente pronunciados para mulheres negras, no mesmo horizonte temporal dos resultados acima [1];
  • o programa não parece ter afetado outras dimensões, como escolarização, participação em programas de assistência social ou condições econômicas, possivelmente porque o horizonte temporal era relativamente curto:
    • não foram encontradas evidências de efeitos estatisticamente significantesChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis do valor zero, após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos. em variáveis como matrícula na escola, conclusão do ensino médio, ou matrícula em alguma instituição de ensino superior [1];
    • também não foram encontradas evidências de que a iniciativa tenha afetado a participação das jovens em programas de benefícios sociais ou a incidência de dificuldades financeiras, ou de instabilidade habitacional [1].
  1. O diagnóstico que motivou a escolha desse público-alvo foi o fato de que cerca de um terço das adolescentes que engravidam passa por uma nova gestação em até 2 anos, embora a maioria dessas gestações seja indesejada.
  2. Em média, as participantes receberam 8 ligações durante o período de implementação, com tempo médio de 12 minutos por ligação.

Quais as fontes da informação?

  1. Luca, D. L., Stevens, J., Rotz, D., Goesling, B., & Lutz, R. (2021). Evaluating Teen Options for Preventing Pregnancy: Impacts and Mechanisms. Journal of Health Economics, 77, 102459.

Vídeos

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