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Programa Empowerment and Livelihood for Adolescents (ELA) em Uganda

Publicado em 02/03/2024 Atualizado em 04/06/2024
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Qual o objetivo?

Criar um espaço seguro de socialização para meninas adolescentes e apoiar seu empoderamento com relação ao corpo e sua independência financeira.

Onde e quando?

O Empowerment and Livelihood for Adolescents foi desenvolvido pela ONG BRAC e implementado, a partir de 2008, em zonas rurais e em periferias de cidades de Uganda, no contexto de um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". envolvendo 6.000 adolescentes de 100 comunidades.

Como é o desenho?

O programa integrou dois componentes centrais e teve como foco adolescentes meninas de 14 a 20 anos que moravam nas comunidades contempladas. As atividades ocorreram durante sessões grupais em clubes comunitários, que objetivavam ser locais seguro para socialização, e que ficavam abertos 5 dias por semana, fora do período escolar.

O primeiro componente do programa teve duração aproximada de 2 anos e objetivou formar habilidades para a vida relevantes para esse público-alvo. A ideia central foi a de preparar as adolescentes para suas vidas sociais, aumentando o controle que elas tinham sobre seus próprios corpos. Assim, um primeiro grupo de sessões foram pautadas por discussões sobre saúde sexual e reprodutiva, menstruação e distúrbios menstruais, gravidez, doenças sexualmente transmissíveis, planejamento familiar e estupro. Outras abordaram habilidades de resolução de conflitos na família e na comunidade, e liderança pessoal. Por fim, algumas sessões concentraram-se em fornecer às adolescentes conhecimentos sobre direitos em questões relacionadas a casamento e violências contra a mulher. As reuniões foram lideradas por uma mentora feminina – com idade um pouco acima do público-alvo, selecionada dentro da própria comunidade e treinada pela BRAC – ou por profissionais diretamente ligadas à ONG.

O segundo componente do programa, também com duração aproximada de 2 anos, objetivava apoiar a independência financeira durante a transição crítica da adolescência para a vida adulta. Para tanto, os clubes ofereceram cursos sobre educação financeira e atividades geradoras de renda, incluindo cabeleireira, costureira, agricultura e pecuária, profissional de informática e gerenciamento de pequenos negócios. Embora muitas das habilidades transmitidas nesses cursos pudessem ser usadas também em empregos assalariados, foi dada ênfase especial para atividades exercidas por trabalhadores autônomos, com módulos apresentados por empreendedores.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências de impacto causal da instauração dos clubes e da oferta de suas atividades entre meninas que moravam nas comunidades contempladas:

  • 2 a cada 10 meninas que moravam nestas comunidades participaram de alguma atividade relacionada ao programa [1];
  • reduções de 31% (ou 5,3 pontos percentuaisO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais. Por exemplo, se uma variável binária tem média de 10%, um efeito de 5 pontos percentuais representa aumento de 50%.) na taxa de meninas que revelaram ter feito sexo sem consentimento no ano anterior, de 34% (ou de 3,8 pontos percentuais) na taxa de meninas que tinham filhos, e de 53% (ou de 6,9 pontos percentuais) na taxa de meninas que estavam casadas ou moravam com um companheiro, 4 anos após o estabelecimento dos clubes, sugerindo que o programa aumentou o empoderamento frente a questões ligadas ao corpo no médio prazo [1];
  • aumento de 48% (ou de 4,9  pontos percentuais) na taxa de meninas que revelaram estarem envolvidas em alguma atividade que lhes gerasse renda, com efeitos impulsionados por meninas que trabalhavam como autônomas, no horizonte temporal de 4 anos após o estabelecimento dos clubes [1];
  • não foram encontradas evidências de efeitos estatisticamente significantes na taxa de meninas matriculadas na escola, sugerindo que os efeitos acima não se concretizaram às expensas da escolarização [1].

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Bandiera, O., Buehren, N., Burgess, R., Goldstein, M., Gulesci, S., Rasul, I., & Sulaiman, M. (2020). Women’s Empowerment in Action: Evidence from a Randomized Control Trial in Africa. American Economic Journal: Applied Economics, 12(1), 210-259.

Vídeos

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