Introdução do Benefício Variável Jovem (BVJ) no Programa Bolsa Família do Brasil
Introdução do Benefício Variável Jovem (BVJ) no Programa Bolsa Família do Brasil
Qual era o objetivo?
Estimular a conclusão das etapas finais do processo de escolarização básica.
Onde e quando?
O programa Bolsa Família é um programa nacional de transferências condicionais de renda, criado em 2003, pelo governo federal do Brasil.¹ A introdução do Benefício Variável Jovem (BVJ) na estrutura de benefícios socioassistenciais do Bolsa Família ocorreu em janeiro de 2008. As informações abaixo referem-se a estudos observacionaisOs estudos observacionais analisam dados coletados em situações em que os pesquisadores não têm controle sobre a exposição de indivíduos à política ou programa social, permitindo apenas a observação das associações entre variáveis em seus contextos naturais. Nesse tipo de estudo, as diferenças observadas entre os grupos podem ser influenciadas por fatores que limitam a capacidade de estabelecer relações causais diretas entre o programa e os resultados observados. que usam dados de pessoas que passavam pela adolescência ou eram jovens adultos, quando da alteração.
Como era o desenho?
O Bolsa Família tem por foco famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, definidas com base em dois níveis de renda per capita familiar, utilizados para definir elegibilidade a conjuntos específicos de benefícios cumulativos:
- extrema pobreza, definido, a título de exemplo, em junho de 2008, como uma renda per capita familiar de 60 reais (à época, aproximadamente 20 dólares americanos);
- pobreza, definido em junho de 2008, como uma renda per capita familiar de 120 reais.
As famílias pobres e extremamente pobres recebem benefícios variáveis segundo o número de crianças e adolescentes no domicílios. As segundas, recebem adicionalmente um benefício fixo para superação da extrema pobreza. Além do preenchimento dos critérios de elegibilidade, o Bolsa Família também requer o cumprimento de condicionalidades para a manutenção do benefício: as crianças deveriam estar com vacinação em dia, ter determinado nível mínimo de frequência escolar e mulheres grávidas devem fazer consultas de pré-natal.
Até 2007, a idade máxima de elegibilidade aos benefícios era de 15 anos. Em janeiro de 2008, o programa criou o BVJ, que incluiu a possibilidade de que as famílias recebessem 30 Reais adicionais por adolescente de 16 ou 17 anos matriculados e frequentando a escola, até o limite de dois adolescentes por família, totalizando no máximo 60 reais mensais. O valor transferido para adolescentes era 40% maior do que a transferência para crianças de 0 a 15 anos, e condicionada à frequência mínima de 75% dos dias letivos, enquanto a frequência exigida pelo beneficiário infantil era de 85%.²
O que as evidências sugerem?
Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências de monitoramento e impacto da introdução do BVJ na estrutura de benefícios existentes no Bolsa Família:
- redução de 9,7% a 10,3% (ou de 2,9 a 3,1 pontos percentuaisO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais! Por exemplo, se uma variável binária teria média de 10% na ausência da iniciativa, um impacto de 5 pontos percentuais representa um aumento de 50% (=5/10).) na taxa de gravidez entre as adolescentes de 15 a 18 anos que viviam em lares pobres ou extremamente pobres e eram, portanto, elegíveis para recebimento do BVJ, no horizonte de até 5 anos [1].³
- A criação do benefício ocorreu com a unificação de diversos programas federais de assistência social antes dispersos sob vários registros e ministérios, como o Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e o Vale Gás.
- Além disso, ao contrário do benefício infantil, o benefício adolescente foi condicionado apenas à frequência escolar do próprio adolescente — isto é, se o adolescente não cumprisse o requisito de frequência, as famílias perdiam apenas os benefícios variáveis vinculados a esse adolescente em particular.
- Esses efeitos se concentraram em residentes de áreas urbanas.
Quais as fontes da informação?
- Olson, Z., Clark, R. G., & Reynolds, S. A. (2019). Can a Conditional Cash Transfer Reduce Teen Fertility? The Case of Brazil’s Bolsa Família. Journal of Health Economics, 63, 128-144.
- Chitolina, L., Foguel, M. N., & Menezes-Filho, N. A. (2016). The Impact of the Expansion of the Bolsa Família Program on the Time Allocation of Youths and Their Parents. Revista Brasileira de Economia, 70, 183-202.
- Chioda, L., De Mello, J. M., & Soares, R. R. (2016). Spillovers from Conditional Cash Transfer Programs: Bolsa Família and Crime in Urban Brazil. Economics of Education Review, 54, 306-320.
Políticas e Programas Relacionados
Programa Poupança Jovem Piauí de Transferências de Renda para Conclusão do Ensino Médio no Brasil
Incentivar a permanência na escola, reduzir as taxas de abandono e evasão, estimular a melhoria do desempenho escolar e oferecer mais oportunidades de desenvolvimento social aos jovens, diminuindo seus índices de vulnerabilidade econômica e social.
Programa Subsidios Condicionados a la Asistencia Escolar (Modelo Poupança) na Colômbia
Reduzir as taxas de evasão e diminuir a incidência de trabalho infantil entre alunos de baixa renda.
Programa Keluarga Harapan de Transferências Condicionais de Renda na Indonésia
Prover alívio da situação de pobreza para as famílias e estimular, ao mesmo tempo, a escolarização e o uso de serviços de saúde entre seus integrantes mais jovens.