Integração de Estimulação Psicossocial ao Bangladesh Integrated Nutrition Program (BINP) no Bangladesh

← voltar para plataforma impacto

Integração de Estimulação Psicossocial ao Bangladesh Integrated Nutrition Program (BINP) no Bangladesh

Publicado em 11/12/2025 Atualizado em 14/12/2025
Compartilhe:

Qual era o objetivo?

Estimular o desenvolvimento físico e cognitivo de crianças de famílias de baixa renda em áreas rurais.

Onde e quando?

O componente de estimulação psicossocial vinculado ao BINP foi implementado entre 2000 e 2002 na subdistrito rural de Monohardi, em Bangladesh, em vilarejos atendidos por centros comunitários de nutrição do programa nacional. As informações abaixo referem-se a um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". que utiliza dados de 20 centros de nutrição, incluindo 193 crianças subnutridas de 6 a 24 meses.¹ As crianças foram acompanhadas por cerca de 12 meses, com medidas repetidas de crescimento, desenvolvimento infantil e conhecimento materno.

Como era o desenho?

Todas as crianças subnutridas da amostra eram atendidas pelo Bangladesh Integrated Nutrition Program (BINP) nos centros comunitários de nutrição. Nessas unidades, elas recebiam suplementação alimentar por pelo menos 90 dias, podendo ser prorrogada em casos de desnutrição persistente. O suplemento era distribuído diariamente nos centros, em porções de misturas de cereais, leguminosas, melaço e óleo, com quantidade maior para crianças mais gravemente desnutridas.

Com a integração das atividades de estimulação, crianças subnutridas recebiam as mesmas ações nutricionais do BINP mais um componente sistemático de estimulação psicossocial, conduzido por moradoras letradas das próprias aldeias, chamadas de “líderes de brincadeira”, treinadas por duas semanas e supervisionadas regularmente. Esses componentes foram introduzidas por meio de duas formas principais.

A primeira delas foi o uso de visitas domiciliares individuais: realizadas duas vezes por semana durante 8 meses e, em seguida, semanalmente por 4 meses, nas casas das famílias. Durante as visitas, as líderes de brincadeira demonstravam atividades lúdicas adequadas à idade (brincadeiras, jogos, conversas, nomeação de objetos) com brinquedos confeccionados com materiais reciclados, que ficavam no domicílio e eram trocados periodicamente. As mães foram incentivadas a interagir mais com as crianças, conversar, responder às vocalizações e evitar práticas punitivas.

Além disso, o programa estruturou encontros em grupo nos centros de nutrição, realizados semanalmente por 10 meses e, depois, quinzenalmente por 2 meses, com mães e crianças. Nesses encontros trabalhavam-se temas sobre desenvolvimento infantil, a importância do brincar, formas de interação positiva, o uso de elogios e a redução de punições, aproveitando cantigas, brincadeiras e materiais culturais locais.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências de monitoramento e impacto:

  • as famílias atendidas receberam, em média,68 visitas domiciliares em um ano —equivalente a pelo menos uma visita a cada 5 dias— e aproximadamente 23 encontros em grupo:¹
    • aumento de 33% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável —valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Uma forma de interpretar efeitos medidos na escala de desvios-padrão, que é usada para tornar comparáveis provas usadas em diferentes contextos, é: "A cada aumento de 10% de um desvio-padrão equivale, aproximadamente, um salto de 4 posições a partir do aluno mediano (isto é, na posição 50)". Um aumento de 30% de um desvio-padrão, por exemplo, equivaleria a passar da posição 50 para a posição 62 (isto é, 30%/10% x 4 posições). Essas aproximações se tornam menos precisas para efeitos muito grandes. no indicador agregado de desenvolvimento das crianças que receberam a estimulação psicossocial [1]
  • também foram encontradas melhorias em indicadores de comportamento durante as avaliações:
    • as crianças que participaram da intervenção foram, em média, mais responsivas à examinadora, mais cooperativas, expressaram melhor tom emocional e usaram mais vocalizações, com incrementos de cerca de 30% de um desvio-padrão [1];
  • houve, além disso, aumento de 3,5 pontos no conhecimento materno sobre práticas de cuidado e estímulo infantil no questionário de conhecimentos de parentalidade positiva, indicando ganhos em práticas como brincar, conversar, elogiar e evitar punições físicas [1].
  • não foram encontrados efeitos estatisticamente significantesChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis de 0, após incorporadas à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos e estudos. da iniciativa sobre o crescimento físico das crianças: os índices de peso-para-idade, altura-para-idade e peso-para-altura permaneceram semelhantes, e houve, inclusive, redução (piora) do índice de peso-para-altura em todos os grupos ao longo do ano [1].
  1. Para comparação, 106 crianças melhor nutridas da mesma idade, sexo e vilarejo.
  2. O número de dias de recebimento da suplementação alimentar do BINP foi semelhante entre os grupos de intervenção e controle, o que permite interpretar os efeitos adicionais como decorrentes do componente de estimulação.
  3. Quando comparadas às crianças melhor nutridas da mesma comunidade, houve redução da diferença em desenvolvimento mental e comportamento para o grupo que recebeu estimulação: ao final do estudo, as crianças subnutridas estimuladas apresentavam escores de desenvolvimento mental e de comportamento semelhantes aos das crianças melhor nutridas, enquanto as crianças subnutridas sem estimulação mantinham redução de cerca de 4,6 pontos em MDI e piores escores de cooperação, tom emocional, resposta ao examinador e vocalização. Uma das principais inspirações para a implementação foi o programa Reach Up de parentalidade, desenvolvido originalmente na JamaicaO modelo envolve foco em famílias em situação de vulnerabilidade social e visitas domiciliares periódicas, semanais ou quinzenais, com o uso de brinquedos simples —muitas vezes confeccionados com materiais disponíveis no domicílio— e de atividades lúdicas. Essas atividades criam oportunidades para que os visitadores orientem as cuidadoras e a família sobre como estimular a linguagem, a cognição, a motricidade e as habilidades socioemocionais das crianças, por meio de interações responsivas no cotidiano. Uma das características mais marcantes do modelo é a existência de um protocolo claro para os visitadores. Cada visita trabalha atividades adequadas à idade da criança, seguindo um roteiro estruturado com propostas de brincadeiras e mensagens de orientação sobre práticas de cuidado e estímulo. O foco principal era fortalecer as competências parentais e a qualidade da interação entre cuidador e criança.

Quais as fontes da informação?

  1. Hamadani, J. D., Huda, S. N., Khatun, F., & Grantham-McGregor, S. M. (2006). Psychosocial Stimulation Improves the Development of Undernourished Children in Rural Bangladesh. The Journal of Nutrition, 136(10), 2645-2652.
Imds | Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social
Visão geral de privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos oferecer a você a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas no seu navegador e desempenham funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.