Programa The Ten Steps to Successful Breastfeeding de Promoção do Aleitamento Materno na Bielorússia

Data de publicação: 25/03/2022

Data da última atualização: 03/03/2023

Qual o objetivo?

Promover o aleitamento materno exclusivo e prolongado.

Onde e quando foi implementado?

O programa foi implementado de junho de 1996 a dezembro de 1997 em 31 maternidades na Bielorrússia no contexto de um estudo experimental de impacto contemplando mais de 17.000 mães, chamado Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT, sigla em inglês, ou Ensaio Clínio de Promoção da Amamentação, em português).

Como é o desenho?

O programa teve por foco mães que expressaram a intenção de amamentar - não necessariamente de forma exclusiva - na entrada da maternidade, e que não tinham doenças que contraindicassem a amamentação. Posteriormente, para formação do grupo final de mães contempladas, foram selecionadas as que tinham dado à luz a uma filha ou filho saudável de 37 semanas ou mais de gestação, que pesavam 2.500 gramas ou mais ao nascer, e que tinham recebido um índice de APGAR de 5 ou mais aos 5 minutos de vida. Os principais elementos foram baseados em um programa chamado The Ten Steps to Successful Breastfeeding (Os Dez Passos para a Boa Amamentação, em português), parte da Baby-Friendly Hospital Initiative (BFHI, sigla em inglês, ou Iniciativa Hospital Amigo da Criança, em português), desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

As diretrizes do programa foram compostas tanto por recomendações sobre procedimentos de gestão quanto por recomendações de ordem clínica. Entre os procedimentos de gestão constam, por exemplo, a explicitação por escrito de medidas voltadas à promoção da amamentação e treinamento frequente do corpo de profissionais, assegurando que eles tenham os conhecimentos necessários para dar apoio às mães e famílias. Entre os procedimentos clínicos, as diretrizes da intervenção recomendam, por exemplo, a discussão sobre a importância da amamentação exclusiva com mães e famílias, a exposição dos riscos associados ao uso de mamadeiras, a facilitação do contato pele-a-pele com a criança e a iniciação imediata da amamentação, e o apoio a mães para reconhecimento e resposta dos sinais dos bebês.

O programa foi implementado por meio de treinamento do corpo gerencial e do corpo de parteiras, enfermeiras e médicos das maternidades. Os obstetras-chefes e pediatras-chefes receberam um curso de treinamento de gerenciamento de lactação de 18 horas da BHFI, organizado pela OMS. Além disso, foram necessários 12 a 16 meses para treinar todas as parteiras, enfermeiras e médicos que prestaram cuidados para mães e bebês durante o trabalho de parto, parto e internação pós-parto. Por fim, visitas de monitoramento por membros da direção canadense e bielorrussa antes e durante o recrutamento e acompanhamento em cada local garantiram que os procedimentos e políticas do hospital e da policlínica fossem consistentes com a BHFI nos locais de implementação.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal da intervenção:

  • aumento de 73% na taxa de crianças que foram amamentadas no peito em algum momento no primeiro ano de vida [1];
  • aumento, em mais de 6 vezes, na taxa de amamentação exclusiva aos 3 meses de idade (de 6% para 43%) e, em mais de 12 vezes, na taxa de amamentação exclusiva aos 6 meses de idade (de 0,6% para 8%) [1];
  • redução de 31% na taxa de crianças que apresentaram 1 ou mais infecções gastro-intestinais durante o primeiro ano de vida, embora não tinha sido encontrado efeito em infecções respiratórias no mesmo horizonte temporal [1];
  • redução de 48% na taxa de crianças que apresentaram dermatite atópica (eczema) durante o primeiro ano de vida, e reduções de ordem semelhante em outros problemas alérgicos na pele [1];
  • aumento de 1,8% no peso das crianças aos 3 meses de idade e de 1,1% aos 6 meses de idade, embora o efeito tenha se dissipado completamente aos 12 meses de idade [2];
  • aumento de 0,8% na altura das crianças aos 3 meses de idade e de 0,7% aos 6 meses de idade, embora o efeito nesta variável também tenha se dissipado completamente aos 12 meses de idade [2];
  • aumento de 37% de um desvio padrão em um indicador do quociente de inteligência (QI), coletado aos 6 anos e meio de idade - tal aumento foi encontrado tanto nos componentes verbais (47%) quanto nos componentes não verbais (19%), mas apenas no primeiro caso o efeito foi estatisticamente significante [3];
  • aumento de 8% e 11% de um desvio-padrão em um indicador reportado pelos professores sobre a performance da criança em atividades de leitura e escrita, respectivamente, também aos 6 anos e meio de idade [3];
  • no mesmo horizonte temporal dos impactos observados acima, não foram encontradas evidências que indicassem que o programa tenha tido efeito sobre indicadores de desenvolvimento físico da criança, como altura e peso, ou sobre indicadores de saúde, como pressão sanguínea [4];
  • também não foram encontradas evidências que indicassem que o programa tenha tido efeito sobre traços comportamentais da criança, como sintomas de dificuldades emocionais, problemas de conduta, hiperatividade ou problemas de atenção e problemas com os pares [5];
  • ainda no mesmo horizonte temporal, isto é, aos 6 anos e meio de idade, não foram encontradas evidências de efeito sobre indicadores de saúde infantil, como alergias ou asma [6];
  • não foram encontradas evidências de efeito sobre indicadores de obesidade infantil ou sobre fatores de risco cardiometabólico, como pressão alta, em dados coletados aos 11 anos e meio de idade [7, 8];
  • aumento de 8% de um desvio-padrão em um indicador de memória e de 9% em um indicador de habilidades verbais, ambos coletados aos 16 anos de idade, embora não tenha sido encontrado efeitos estatisticamente significantes em indicadores de funções executivas, habilidades visuoespaciais, atenção, velocidade de processamento de informação e habilidades motoras [9].
De onde vem essa informação?
  1. Kramer, M. S., Chalmers, B., Hodnett, E. D., Sevkovskaya, Z., Dzikovich, I., Shapiro, S., Collet, J. P., Vanilovich, I., Mezen, I., Ducruet, T., Shishko, G. & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2001). Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT): a Randomized Trial in the Republic of Belarus. Journal of the American Medical Association, 285(4), 413-420.
  2. Kramer, M. S., Guo, T., Platt, R. W., Shapiro, S., Collet, J-P., Chalmers, B., Hodnett, E., Sevkovskaya, Z., Dzikovich, Vanilovich, I., & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2002). Breastfeeding and Infant Growth: Biology or Bias? Pediatrics, 110(2), 343-347.
  3. Kramer, M. S., Aboud, F., Miranova, E., Vanilovich, I., Platt, R. W., Matush, L., Igumnov, S., Fombonne, E., Bogdanovich, N., Ducruet, T., Collet, J-P., Chalmers, B., Hodnett, E., Davidovsky, S., Skugarevsky, O., Trofimovich, O., Koslova, L., Shapiro, S. & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2008). Breastfeeding and Child Cognitive Development: New Evidence From a Large Randomized Trial. Archives of General Psychiatry, 65(5), 578-584.
  4. Kramer, M. S., Matush, L., Vanilovich, I., Platt, R. W., Bogdanovich, Sevkovskaya, Z., Dzikovich, I., Shishko, G., Collet, J-P., Martin, R. M., Davey Smith, G., Gillman, M. W., Chalmers, B., Hodnett, E., Shapiro, S. & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2008). Effects of Prolonged and Exclusive Breastfeeding on Child Height, Weight, Adiposity, and Blood Pressure at Age 6.5y: Evidence from a Large Randomized Trial. The American Journal of Clinical Nutrition, 86(6), 1717-1721.
  5. Kramer, M. S., Aboud, F., Miranova, E., Vanilovich, I., Platt, R. W., Matush, L., Igumnov, S., Fombonne, E., Bogdanovich, N., Ducruet, T., Collet, J-P., Chalmers, B., Hodnett, E., Davidovsky, S., Skugarevsky, O., Trofimovich, O., Koslova, L., Shapiro, S. & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2008). Effects of Prolonged and Exclusive Breastfeeding on Child Behavior and Maternal Adjustment: Evidence from a Large, Randomized Trial. Pediatrics, 121(3), 435-440.
  6. Kramer, M. S., McGill, J., Matush, L., Vanilovich, I., Platt, R., Bogdanovich, N., Sevkovskaya, Z., Dzikovich, I., Shishko, G., Mazer, B., & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2007). Effects of Prolonged and Exclusive Breastfeeding on Risk of Allergy and Asthma: Cluster Randomized Trial. British Medical Journal, 121(3), 435-440.
  7. Martin, R., Patel, R., Kramer, M. S., Guthrie, L., Vilchuck, K., Bogdanovich, N., Sergeichick, N., Gusina, N., Foo, Y., Palmer, T., Rifas-Shiman, S. L., Gillman, M. W., Davey Smith, G., Oken, E., Kramer, M. S. (2013). Effects of Promoting Longer-Term and Exclusive Breastfeeding on Adiposity and Insulin-like Growth Factor-I at Age 11.5 Years: A Randomized Trial. Journal of the American Medical Association, 309(10), 1005-1013.
  8. Martin, R., Patel, R., Kramer, M. S., Vilchuck, K., Bogdanovich, N., Sergeichick, N., Gusina, N., Foo, Y., Palmer, T., Thompson, J., Gillman, M. W., Davey Smith, G., Oken, E. (2014). Effects of Promoting Longer-Term and Exclusive Breastfeeding on Cardiometabolic Risk at Age 11.5 Years. Circulation, 129(3), 321-329.
  9. Yang, S., Martin, R. M., Oken, E., Hameza, M., Doniger, G., Amit, S., Patel, R., Thompson, J., Rifas-Shiman, S. L., Vilchuck K., Bogdanovich, N. & Kramer, M. S. (2018). Breastfeeding During Infancy and Neurocognitive Function in Adolescence: 16-year Follow-up of the PROBIT Cluster-Randomized Trial. PLoS Medicine, 15(4), e1002554.
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