Programa Personal Initiative Training para Microempresários em Togo

Data de publicação: 20/05/2022

Data da última atualização: 20/12/2022

Qual o objetivo?

Capacitar microempreendedores em países em desenvolvimento.

Onde e quando foi implementado?

O programa Personal Initiative Training, que tem por base conceitual a literatura psicológica sobre iniciativa pessoal e teoria da regulação da ação, foi criado por Michael Frese, pesquisador da Leuphana University Lüneburg, e colaboradores e implementado entre os meses de Abril a Agosto de 2014 em Lomé, Togo, no contexto de um estudo experimental de impacto de iniciativas de capacitação profissional (aproximadamente 1.500 microempreendedores).

Como é o desenho?

O programa teve por foco microempresários que não atuavam no setor agrícola, que estavam em atividade no mercado há pelo menos 12 meses, tinham menos de 50 funcionários e não eram donos de empresas formalmente registradas. Os participantes foram selecionados em uma lista de donos de microempresas que tinham solicitado financiamento para um projeto financiado pelo The World Bank (Banco Mundial), e pagaram uma taxa subsidiada de 10 dólares americanos (valores de 2017).

A ideia central do programa era de fornecer insumos para que os participantes internalizassem padrões de comportamento que fomentassem a pró-atividade de suas iniciativas, e que pudessem conectar essas iniciativas a metas futuras que seriam perseguidas com persistência e perseverança diante de eventuais dificuldades. Essa mentalidade implica uma maior agilidade para resolver os desafios empresariais, resultado de um ajuste cognitivo, afetivo e motivacional. A pedagogia implícita do programa não tinha caráter prescritivo. Assim, por exemplo, em vez de aprender como ter acesso a instrumentos de crédito - com informações sobre os tipos de produtos de empréstimo que os bancos oferecem e o que é necessário para solicitar um empréstimo -, o programa incentivou os participantes a identificar e contemplar novas fontes de dinheiro, a iniciar negócios sem fontes seguras de dinheiro externo no curto prazo e a não desistir imediatamente caso enfrentassem dificuldades financeiras.

Concretamente, o programa teve 48 horas de duração, com 9 módulos, apresentados para grupos de aproximadamente 20 microempresários:

  1. introdução ao conteúdo completo do curso;
  2. conceito de iniciativa pessoal;
  3. inovação e identificação de oportunidades;
  4. definição de metas;
  5. planejamento;
  6. feedback;
  7. superação de barreiras;
  8. reforço do conteúdo transcorrido até então;
  9. elaboração de projeto pessoal.

Os encontros de formação ocorreram em salas de conferências de hotéis em várias zonas de Lomé. As ferramentas pedagógicas utilizadas incluíram apresentações, vídeos, casos, trabalhos em grupo seguidos de discussões, questionários e exercícios individuais. Todos os instrutores do programa tiveram que passar por um treinamento de 5 dias, oferecido pela equipe responsável pelo programa.

Nas semanas seguintes aos encontros de formação, um dos profissionais responsáveis pelo treinamento visitou cada microempresa por 3 horas, 1 vez por mês, durante os 4 meses seguintes, para responder a quaisquer perguntas de acompanhamento e ajudar com a implementação dos conceitos aprendidos.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto causal do programa Personal Initiative Training:

  • aproximadamente 8 a cada 10 microempresários que receberam convites participaram do treinamento [1];
  • aumento de 8,7% em um indicador de qualidade das práticas empresariais utilizadas, construído com informação coletada nos 2 anos e meio seguintes à implementação sobre a parcela de práticas recomendadas levadas a cabo nas áreas de marketing, atendimento ao cliente, manutenção de registros e gestão financeira, gestão de operações e desempenho, busca de informações e oportunidades e gestão de recursos humanos [1];
  • aumento de 2,9% de um desvio padrão em um indicador de iniciativa pessoal no envolvimento com negócios, construído com informação coletada nos 2 anos e meio seguintes à implementação sobre, por exemplo, a frequência de ataque ativo a problemas, busca imediata por soluções, e autoconfiança na realização de ideias próprias [1];
  • aumento de 15% de um desvio-padrão em um indicador de acesso a financiamento e instrumentos financeiros, construído com informação coletada nos 2 anos e meio seguintes à implementação sobre, por exemplo, possibilidade e recebimento efetivo de empréstimos, em particular em caso de emergências ligadas ao negócio, bancarização e conexão com instituições de microcrédito [1];
  • aumento de 31% de um desvio-padrão em um indicador de atividades de inovação, construído com informação coletada nos 2 anos e meio seguintes à implementação sobre a ocorrência e frequência da introdução de novos produtos ou serviços e a ocorrência e frequência de busca ativa de novas técnicas de produção, marketing ou administração [1];
  • aumento de 8% de um desvio-padrão em um indicador agregado de insumos de capital e trabalho, o que sugere que o programa levou as empresas a aumentarem sua atividade no mesmo horizonte temporal dos resultados descritos acima [1];
  • aumento de 17% no valor total de vendas e de 30% no lucro total auferido com a microempresa, ainda no mesmo horizonte temporal [1];
  • um programa de capacitação profissional para microempreendedores, chamado Business Edge, implementado no mesmo contexto e durante o mesmo período, também gerou efeitos positivos sobre os indicadores acima, mas de magnitude menor, e não aumentou o valor total de vendas nem o lucro total auferido pelos microempresários [1].
De onde vem essa informação?
  1. Campos, F., Frese, M., Goldstein, M., Iacovone, L., Johnson, H. C., McKenzie, D., & Mensmann, M. (2017). Teaching Personal Initiative Beats Traditional Training in Boosting Small Business in West Africa. Science, 357(6357), 1287-1290.
  2. Campos, F., Frese, M., Goldstein, M., Iacovone, L., Johnson, H. C., McKenzie, D., & Mensmann, M. (2017). Supplementary Material: Teaching Personal Initiative Beats Traditional Training in Boosting Small Business in West Africa.
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