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Promoção do Aleitamento Materno no Ensaio Clínico PROBIT na Bielorússia

Publicado em 03/03/2023 Atualizado em 08/04/2024
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Qual o objetivo?

Promover o aleitamento materno exclusivo e prolongado.

Onde e quando?

O programaVocê pode encontrar documentos com mais informações sobre o programa no material complementar! foi implementado de junho de 1996 a dezembro de 1997 em 31 maternidades na Bielorrússia no contexto de um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado"., chamado Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT), envolvendo aproximadamente 17.000 mães.

Como é o desenho?

O programa teve por foco mães que expressaram a intenção de amamentar – não necessariamente de forma exclusiva – na entrada da maternidade, e que não tinham doenças que contraindicassem a amamentação. Além disso, foram consideradas para participação no ensaio clínico apenas aquelas que tinham dado à luz a uma filha ou filho saudável após 37 semanas ou mais de gestação, que pesava 2.500 gramas ou mais ao nascer, e que tinha recebido um índice de APGAR de 5 ou mais aos 5 minutos de vida.

Os principais elementos da iniciativa foram baseados em um programa chamado The Ten Steps to Successful Breastfeeding, parte da Baby-Friendly Hospital Initiative, desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Os componentes centrais foram recomendações sobre gestão das maternidades e recomendações de ordem clínica, transmitidos por meio de treinamento do corpo gerencial e do corpo de parteiras, enfermeiras e médicos das maternidades, respectivamente. Entre os procedimentos de gestão constaram, por exemplo, diretrizes para criação de uma cultura de promoção da amamentação. Na esfera clínica, a formação profissional focava na importância da amamentação exclusiva, como abordar o tema com as famílias, e em estratégias práticas de facilitação do contato pele-a-pele com a criança nas primeiras horas de vida.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal da intervenção:

  • aumento de 73% na taxa de crianças que foram amamentadas no peito em algum momento no primeiro ano de vida [1];
  • aumento, em mais de 7 vezes, na taxa de amamentação exclusiva aos 3 meses de idade (de 6% para 43%) e, em mais de 12 vezes, na taxa de amamentação exclusiva aos 6 meses de idade (de 0,6% para 8%) [1];
  • redução de 31% na taxa de crianças que apresentaram 1 ou mais infecções gastro-intestinais durante o primeiro ano de vida, embora não tinha sido encontrado efeito em infecções respiratórias no mesmo horizonte temporal [1];
  • redução de 48% na taxa de crianças que apresentaram dermatite atópica (eczema) durante o primeiro ano de vida, e reduções de ordem semelhante em outros problemas alérgicos na pele [1];
  • aumento de 1,8% no peso das crianças aos 3 meses de idade e de 1,1% aos 6 meses de idade, embora o efeito tenha se dissipado aos 12 meses de idade [2];
  • aumento de 0,8% na altura das crianças aos 3 meses de idade e de 0,7% aos 6 meses de idade, embora o efeito nesta variável também tenha se dissipado completamente aos 12 meses de idade [2];
  • aumento de 37% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 - isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100. em um indicador do quociente de inteligência (QI), coletado aos 6 anos e meio de idade – tal aumento foi encontrado tanto nos componentes verbais (47%) quanto nos componentes não verbais (19%), mas apenas no primeiro caso o efeito foi estatisticamente significanteChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis do valor zero, após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos. [3];
  • aumento de 8% e 11% de um desvio-padrão em um indicador reportado pelos professores sobre a performance da criança em atividades de leitura e escrita, respectivamente, também aos 6 anos e meio de idade [3];
  • no mesmo horizonte temporal dos impactos observados acima, não foram encontradas evidências que indicassem que o programa tenha tido efeito sobre indicadores de desenvolvimento físico da criança, como altura e peso, ou sobre indicadores de saúde, como pressão sanguínea [4];
  • também não foram encontradas evidências que indicassem que o programa tenha tido efeito sobre traços comportamentais da criança, como sintomas de dificuldades emocionais, problemas de conduta, hiperatividade ou problemas de atenção e problemas com os pares [5];
  • ainda no mesmo horizonte temporal, isto é, aos 6 anos e meio de idade, não foram encontradas evidências de efeito sobre indicadores de saúde infantil, como alergias ou asma [6];
  • não foram encontradas evidências de efeito sobre indicadores de obesidade infantil ou sobre fatores de risco cardiometabólico, como pressão alta, em dados coletados aos 11 anos e meio de idade [7, 8];
  • aumento de 8% de um desvio-padrão em um indicador de memória e de 9% em um indicador de habilidades verbais, ambos coletados aos 16 anos de idade, embora não tenha sido encontrado efeitos estatisticamente significantes em indicadores de funções executivas, habilidades visuoespaciais, atenção, velocidade de processamento de informação e habilidades motoras [9].

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Kramer, M. S., Chalmers, B., Hodnett, E. D., Sevkovskaya, Z., Dzikovich, I., Shapiro, S., Collet, J. P., Vanilovich, I., Mezen, I., Ducruet, T., Shishko, G. & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2001). Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT): a Randomized Trial in the Republic of Belarus. Journal of the American Medical Association, 285(4), 413-420.
  2. Kramer, M. S., Guo, T., Platt, R. W., Shapiro, S., Collet, J-P., Chalmers, B., Hodnett, E., Sevkovskaya, Z., Dzikovich, Vanilovich, I., & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2002). Breastfeeding and Infant Growth: Biology or Bias? Pediatrics, 110(2), 343-347.
  3. Kramer, M. S., Aboud, F., Miranova, E., Vanilovich, I., Platt, R. W., Matush, L., Igumnov, S., Fombonne, E., Bogdanovich, N., Ducruet, T., Collet, J-P., Chalmers, B., Hodnett, E., Davidovsky, S., Skugarevsky, O., Trofimovich, O., Koslova, L., Shapiro, S. & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2008). Breastfeeding and Child Cognitive Development: New Evidence From a Large Randomized Trial. Archives of General Psychiatry, 65(5), 578-584.
  4. Kramer, M. S., Matush, L., Vanilovich, I., Platt, R. W., Bogdanovich, Sevkovskaya, Z., Dzikovich, I., Shishko, G., Collet, J-P., Martin, R. M., Davey Smith, G., Gillman, M. W., Chalmers, B., Hodnett, E., Shapiro, S. & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2008). Effects of Prolonged and Exclusive Breastfeeding on Child Height, Weight, Adiposity, and Blood Pressure at Age 6.5y: Evidence from a Large Randomized Trial. The American Journal of Clinical Nutrition, 86(6), 1717-1721.
  5. Kramer, M. S., Aboud, F., Miranova, E., Vanilovich, I., Platt, R. W., Matush, L., Igumnov, S., Fombonne, E., Bogdanovich, N., Ducruet, T., Collet, J-P., Chalmers, B., Hodnett, E., Davidovsky, S., Skugarevsky, O., Trofimovich, O., Koslova, L., Shapiro, S. & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2008). Effects of Prolonged and Exclusive Breastfeeding on Child Behavior and Maternal Adjustment: Evidence from a Large, Randomized Trial. Pediatrics, 121(3), 435-440.
  6. Kramer, M. S., McGill, J., Matush, L., Vanilovich, I., Platt, R., Bogdanovich, N., Sevkovskaya, Z., Dzikovich, I., Shishko, G., Mazer, B., & Promotion of Breastfeeding Intervention Trial (PROBIT) Study Group. (2007). Effects of Prolonged and Exclusive Breastfeeding on Risk of Allergy and Asthma: Cluster Randomized Trial. British Medical Journal, 121(3), 435-440.
  7. Martin, R., Patel, R., Kramer, M. S., Guthrie, L., Vilchuck, K., Bogdanovich, N., Sergeichick, N., Gusina, N., Foo, Y., Palmer, T., Rifas-Shiman, S. L., Gillman, M. W., Davey Smith, G., Oken, E., Kramer, M. S. (2013). Effects of Promoting Longer-Term and Exclusive Breastfeeding on Adiposity and Insulin-like Growth Factor-I at Age 11.5 Years: A Randomized Trial. Journal of the American Medical Association, 309(10), 1005-1013.
  8. Martin, R., Patel, R., Kramer, M. S., Vilchuck, K., Bogdanovich, N., Sergeichick, N., Gusina, N., Foo, Y., Palmer, T., Thompson, J., Gillman, M. W., Davey Smith, G., Oken, E. (2014). Effects of Promoting Longer-Term and Exclusive Breastfeeding on Cardiometabolic Risk at Age 11.5 Years. Circulation, 129(3), 321-329.
  9. Yang, S., Martin, R. M., Oken, E., Hameza, M., Doniger, G., Amit, S., Patel, R., Thompson, J., Rifas-Shiman, S. L., Vilchuck K., Bogdanovich, N. & Kramer, M. S. (2018). Breastfeeding During Infancy and Neurocognitive Function in Adolescence: 16-year Follow-up of the PROBIT Cluster-Randomized Trial. PLoS Medicine, 15(4), e1002554.

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