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Programa Personal Initiative Training para Microempresários em Togo

Publicado em 20/12/2022 Atualizado em 28/05/2024
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Qual o objetivo?

Capacitar microempreendedores em países em desenvolvimento.

Onde e quando?

O programa Personal Initiative Training foi implementado entre os meses de abril a agosto de 2014 em Lomé, Togo, no contexto de um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". de impacto de iniciativas de capacitação profissional, envolvendo aproximadamente 1.500 microempreendedores.¹

Como é o desenho?

O programa teve como focoO programa ainda está em operação. As frases nesse e nos próximos parágrafos estão no passado porque os resultados se referem a como o programa era, no momento e contexto específicos da avaliação de impacto. microempresários em atividade há pelo menos 12 meses, fora do setor agrícola, com menos de 50 funcionários e que não eram donos de empresas formalmente registradas. Os participantes foram selecionados em uma lista de donos de microempresas que tinham solicitado financiamento para um projeto financiado pelo The World Bank (Banco Mundial), e pagaram uma taxa subsidiada de 10 dólares americanos (valores de 2017).

A ideia central do programa era de fornecer insumos para que os participantes internalizassem padrões de comportamento que fomentassem a pró-atividade de suas iniciativas, e que pudessem conectar essas iniciativas a metas futuras que seriam perseguidas mesmo no caso de eventuais dificuldades. Essa mentalidade implicaria, então, maior agilidade para resolver desafios empresariais, como resultado de um ajuste, a um só tempo, cognitivo, afetivo e motivacional. Concretamente, o programa teve 48 horas de duração, com 9 módulos:

  1. introdução ao conteúdo completo do curso;
  2. conceito de iniciativa pessoal;
  3. inovação e identificação de oportunidades;
  4. definição de metas;
  5. planejamento;
  6. feedback;
  7. superação de barreiras;
  8. reforço do conteúdo transcorrido até então;
  9. elaboração de projeto pessoal.

Os encontros de formação ocorreram em salas de conferências de hotéis para grupos de aproximadamente 20 microempresários. As ferramentas pedagógicas utilizadas incluíram apresentações, vídeos, estudos de caso, trabalhos em grupo seguidos de discussões, questionários e exercícios individuais. A pedagogia usada pelo programa não tinha caráter prescritivo. Assim, por exemplo, em vez de ensinar como ter acesso a instrumentos de crédito — com informações sobre os tipos de empréstimo oferecidos e os requerimentos formais —, o programa incentivava os participantes a identificar por conta própria novas fontes de dinheiro e iniciar o planejamento a partir da formulação clara de metas.

Nas semanas seguintes aos encontros de formação, um dos profissionais responsáveis pelo treinamento visitou cada microempresa por 3 horas, 1 vez por mês, durante os 4 meses seguintes, para responder a quaisquer perguntas de acompanhamento e ajudar com a implementação dos conceitos aprendidos. Todos os instrutores do programa tiveram que passar por um treinamento de 5 dias, oferecido pela equipe responsável pelo programa.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto causal do programa Personal Initiative Training:

  • aproximadamente 8 a cada 10 microempresários que receberam convites participaram do treinamento [1];
  • aumento de 8,7% em um indicador de qualidade das práticas empresariais utilizadas, construído com informação coletada nos 2 anos e meio seguintes à implementação sobre a parcela de práticas recomendadas conduzidas nas áreas de marketing, atendimento ao cliente, manutenção de registros e gestão financeira, gestão de operações e desempenho, busca de informações e oportunidades e gestão de recursos humanos [1];
  • aumento de 2,9% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 - isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100. em um indicador de iniciativa pessoal no envolvimento com negócios, construído com informação coletada nos 2 anos e meio seguintes à implementação sobre, por exemplo, a frequência de ataque ativo a problemas, busca imediata por soluções, e autoconfiança na realização de ideias próprias [1];
  • aumento de 15% de um desvio-padrão em um indicador de acesso a financiamento e instrumentos financeiros, construído com informação coletada nos 2 anos e meio seguintes à implementação sobre, por exemplo, possibilidade e recebimento efetivo de empréstimos, em particular em caso de emergências ligadas ao negócio, bancarização e conexão com instituições de microcrédito [1];
  • aumento de 31% de um desvio-padrão em um indicador de atividades de inovação, construído com informação coletada nos 2 anos e meio seguintes à implementação sobre a ocorrência e frequência da introdução de novos produtos ou serviços e a ocorrência e frequência de busca ativa de novas técnicas de produção, marketing ou administração [1];
  • aumento de 8% de um desvio-padrão em um indicador agregado de insumos de capital e trabalho, o que sugere que o programa levou as empresas a aumentarem sua atividade no mesmo horizonte temporal dos resultados descritos acima [1];
  • aumento de 17% no valor total de vendas e de 30% no lucro total auferido com a microempresa, ainda no mesmo horizonte temporal [1];
  • um programa de capacitação profissional para microempreendedores, chamado Business Edge, implementado no mesmo contexto e durante o mesmo período, também gerou efeitos positivos sobre os indicadores acima, mas de magnitude menor, e não aumentou o valor total de vendas nem o lucro total auferido pelos microempresários [1].
  1. O programa foi criado por Michael Frese, pesquisador da Leuphana University Lüneburg, e colaboradores e tem como bases conceituais do a literatura psicológica sobre iniciativa pessoal e na teoria da regulação da ação.

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Campos, F., Frese, M., Goldstein, M., Iacovone, L., Johnson, H. C., McKenzie, D., & Mensmann, M. (2017). Teaching Personal Initiative Beats Traditional Training in Boosting Small Business in West Africa. Science, 357(6357), 1287-1290.
  2. Campos, F., Frese, M., Goldstein, M., Iacovone, L., Johnson, H. C., McKenzie, D., & Mensmann, M. (2017). Supplementary Material: Teaching Personal Initiative Beats Traditional Training in Boosting Small Business in West Africa.

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