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Programa Cuna Más de Visitas Domiciliares para Estimulação e Desenvolvimento na Primeira Infância no Peru

Publicado em 20/10/2022
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Qual o objetivo?

Melhorar a qualidade da estimulação e nutrição na primeira infância e mitigar os efeitos da pobreza sobre o desenvolvimento infantil.

Onde e quando?

O programa Cuna Más foi implementado no Peru, sob a coordenação do Ministerio de Desarrollo e Inclusión Social (Ministério de Desenvolvimento e Inclusão Social, em português) a partir de 2012.

Como é o desenho?

O programa teve por focoO programa ainda está em operação. As frases nesse e nos próximos parágrafos estão no passado porque os resultados se referem a como o programa era, no momento e contexto específicos da avaliação de impacto. famílias com crianças de 0 a 3 anos, e, geograficamente, priorizou distritos com altas taxas de pobreza e desnutrição, e em que a maior parte da população vivia em zonas rurais. Na sua maioria, esses eram distritos onde também operava outro programa de assistência social, chamado Juntos, que oferecia transferências de renda às famílias beneficiárias.

Concretamente, o programa Cuna Más implementou um currículo estruturado de estimulação voltado ao desenvolvimento na primeira infância. A inspiração principal para formulação deste currículo foi o Reach Up and Learn, uma intervenção concebida na Jamaica na década de 1970 e, também, a adaptação deste programa implementada na Colômbia. Este currículo foi implementado por meio de visitas domiciliares semanais em que profissionais locais de saúde sem formação específica em desenvolvimento infantil mostravam formas simples de melhorar a relação entre mãe e criança (por exemplo, por meio de práticas parentais positivas e responsivas, em vez de práticas punitivas severas) e encorajavam as cuidadoras a brincar com as crianças usando brinquedos feitos de materiais recicláveis de fácil acesso ou livros com figuras, instruindo-as também a integrar atividades que estimulavam o desenvolvimento infantil em suas rotinas diárias.

Em um momento anterior à implementação, todos os materiais passaram por adaptação sociocultural para que refletissem a diversidade das culturas andinas e amazônicas presentes no país. Uma visita domiciliar típica do programa era estruturada em torno de três momentos:

  1. "vida em família", que apresentava atividades baseadas em brincadeiras que poderia ser incorporadas às rotinas diárias – por exemplo, "palavras que posso aprender na hora do banho" ou "separar as roupas por tipo e tamanho enquanto lavo a roupa";
  2. "eu aprendo brincando", que apresentava um jogo ou atividade orientada para a realização de uma tarefa cognitiva ou motora específica, muitas vezes usando um brinquedo – por exemplo, um quebra-cabeça; e
  3. "conte-me uma história", que apresentava uma atividade de linguagem, na maioria das vezes usando material ilustrado.

A metodologia e estrutura de interação em cada um dos momentos da visita era a mesma. Primeiramente, o visitante domiciliar perguntava como a cuidadora e a criança haviam progredido com as atividades da visita anterior. Em seguida, a nova atividade da semana era apresentada por demonstração e posterior observação. A visita terminava, então, com uma música, uma revisão das atividades da semana e com o encorajamento de que elas fossem incorporadas na rotina diária.

A seleção das visitadoras, que acompanhavam 10 famílias, em média, ocorreu com participação das comunidades participantes. O treinamento para exercício das funções foi, então, implementado, em um período total de 3 dias. Essas visitadoras recebiam supervisão de funcionários que, 2 vezes por mês, as acompanharam individualmente em suas visitas e teceram comentários sobre sua atuação junto às famílias, além de ajudarem a planejar atividades.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto causal do programa nos vilarejos contemplados pelo programa Cuna Más:

  • as famílias que receberam pelo menos 1 visita foram visitadas, em média, 64 vezes durante o período de implementação, e apenas metade das famílias receberam de 70 a 100% das visitas que compunham a totalidade do programa [1];
  • aumento de 11% no número de atividades voltadas ao brincar na semana anterior à coleta dos dados, embora não tenha sido encontrado efeito estatisticamente significanteChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis do valor zero, após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos. sobre os recursos físicos disponíveis para brincadeiras [1];
  • redução de 21% na taxa de mães que revelaram ter incorrido em punições corporais duras (como bater, espancar ou beliscar) e de 9% na taxa de mães que revelaram ter incorrido em punições verbais duras [1];
  • não foi encontrado efeito estatisticamente significante sobre indicadores de práticas parentais positivas, que continha informações sobre o comportamento do cuidador principal, por exemplo se ele elogiava ou abraçava as crianças [1];
  • aumento de 10% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 — isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100 indivíduos. em um indicador de desenvolvimento cognitivo na primeira infância, aproximadamente 2 anos após o início do programa [1];
  • aumento de 13% de um desvio padrão em um indicador de desenvolvimento de linguagem na primeira infância, construído a partir de observação direta das crianças, também aproximadamente 2 anos após o início do programa [1];
  • aumento de 7% de um desvio padrão em um indicador de desenvolvimento de linguagem na primeira infância, construído a partir de informação coletada com as mães das crianças, ainda aproximadamente 2 anos após o início do programa [1];
  • não foram encontrados, no mesmo horizonte temporal, efeitos estatisticamente significantes em outros indicadores de desenvolvimento na primeira infância, capturando aspectos socioemocionais e de coordenação motora (fina e grossa) [1];
  • aumento de 16% na taxa de crianças que estavam matriculadas na pré-escola, entre as crianças que tinham 3 anos ou mais no período de coleta de dados [1].

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Araujo, M. C., Dormal, M., Grantham-McGregor, S., Lazarte, F., Rubio-Codina, M., & Schady, N. (2021). Home Visiting at Scale and Child Development. Journal of Public Economics Plus, 2.

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