Política de Ação Afirmativa de Inclusão Social em Escolas Privadas em Déli

Aumentar a diversidade do corpo discente de escolas particulares.

A política foi implementada a partir de 2007 em Déli, na Índia, por ação do governo municipal. Os resultados abaixo se referem a um estudo observacional envolvendo aproximadamente 2.500 crianças.

A política teve por foco crianças ingressando na educação básica, oriundas de famílias que ganhavam menos do que 100 mil rúpias por ano (aproximadamente 2.000 dólares americanos, em valores de 2019). Ela consistiu em reserva e oferta mandatórias, e sem custos, de 20% das vagas de 395 escolas privadas da cidade para crianças que satisfizessem esse critério de renda.

As escolas foram parcialmente compensadas pelas vagas preenchidas pela ação afirmativa. Além disso, como forma de induzir a integração e o contato direto entre crianças ricas e pobres, não foi dada permissão às escolas para dividir os alunos em salas de aula diferentes usando critérios socioeconômicos ou de habilidade.

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal da política de ação afirmativa nos alunos matriculados no 2ª e 3º ano das escolas participantes, entre aqueles que não foram admitidos nas escolas por meio da política de ação afirmativa:

• aumento de 55% (ou 13  pontos percentuaisO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais. Por exemplo, se uma variável binária tem média de 10%, um efeito de 5 pontos percentuais representa aumento de 50%.) na taxa de alunos que se envolviam, na escola, em atividades de voluntariado [1];
• aumento de 45% em um indicador de justiça e generosidade, coletado presencialmente em tarefas de divisão de recursos monetários com alunos fictícios [1];
• o efeito descrito acima foi encontrado em tarefas em que os alunos fictícios eram caracterizados como pobres, mas também nas tarefas em que esses alunos eram oriundos de famílias relativamente ricas, sugerindo que a política de ação afirmativa afeta não apenas a disposição a doar diante de diferenças explícitas de renda mas, também, e de forma mais geral, as preferências por igualdade [1];
• redução de 53% (ou 12 pontos percentuais) na taxa de alunos que revelaram algum tipo de discriminação na escolha de colegas pobres para seus grupos em competições de corrida com revezamento [1];
• aumento de 19% em um indicador de disposição a participar de dias de brincadeiras nos fins de semana em escolas pobres nas proximidades [1];
• os efeitos acima são gerados, em grande parte, pelas interações pessoais diretas de alunos ricos com os alunos aceitos por causa das ações afirmativas, e não apenas por alterações no comportamento dos professores ou no currículo pedagógico que podem ter ocorrido com a introdução das medidas [1];
• aumento de 35% na taxa de alunos que revelaram usar linguagem apropriada em sala de sala, embora não tenham sido encontrado efeito sobre a taxa de alunos que apresentaram comportamentos disruptivos ou violentos [1];
• embora não tenham sido encontrados efeitos estatisticamente significantes nas notas em exames padronizados de Matemática e Língua Hindu, houve redução de 17% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 - isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100. na nota em um exame prova padronizado de Língua Inglesa, o que é consistente com o fato de que alunos mais pobres têm desempenho pior na língua e a usam menos na sua comunicação diária em casa [1, 2].