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Política de Ação Afirmativa da Universidade Federal do Espírito Santo

Publicado em 14/12/2022
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Qual o objetivo?

Aumentar a admissão de candidatos egressos do ensino médio público e oriundos de famílias mais pobres, considerados como grupos sub-representados no corpo discente da universidade.

Onde e quando?

A política foi implementada em 2007, afetando os inscritos para o vestibular de 2008, que serviu como base de admissão, no mesmo ano, para matrícula na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), no município de Vitória, localizado no estado do Espírito Santo, Brasil.

Como é o desenho?

A política, que foi implementada por regulação da própria universidade, consistiu em uma reserva de 40% das vagas de cada curso para candidatos que tinham concluído o ensino médio em escola pública e tinham estudado por 4 anos em escolas públicas durante o processo integral de escolarização. Um critério adicional de renda, que era verificado mediante apresentação de documentação, excluía a reserva para alunos oriundos de famílias que tinham renda maior do que 7 salários mínimos mensais.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo para discussão listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto causal da política de cotas entre os inscritos no processo seletivo da UFES no ano de 2008:

  • os alunos que entraram na UFES devido à política eram oriundos de famílias de estratos socioeconômicos mais baixos: por exemplo, enquanto 58% dos candidatos que teriam sido admitidos na ausência da política (mas não foram devido à política) tinham algum parente que tinha passado pela universidade, esse número cai para 16% entre o grupo de inscritos que foi admitido devido à política [1];
  • a política também alterou o perfil racial dos ingressantes: enquanto 39% dos candidatos que teriam sido admitidos na ausência da política (mas não foram devido à política) eram de minorias raciais, esse número sobe para 51% entre o grupo de inscritos que foi admitido devido à política [1];
  • por fim, os alunos que entraram devido à política tinham nota mais baixa, em 20% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 - isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100., no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) do que os alunos que teriam sido admitidos na ausência da política [1];
  • aumento de 9,4% (2,8 pontos percentuais) na taxa de alunos oriundos de escolas públicas que se inscreveram para o vestibular optando por um dos 5 cursos de maior nota de corte na UFES (Medicina, Farmácia, Engenharia da Computação, Engenharia Ambiental, e Direito) [1];
  • aumento de 114% (2,2 pontos percentuais) na taxa de alunos que satisfaziam os critérios para reserva de vagas e que foram aceitos depois de se inscreverem para o vestibular optando por um dos cursos listados acima [1].

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Melo, A. P. (2021). Affirmative Action, College Access and Major Choice. Unpublished Manuscript.

Estamos trabalhando para que as páginas contemplem toda a evidência documentada sobre o tema e estejam sempre atualizadas. Se você quiser sugerir algum artigo, entre em contato.