Oficinas de Certificação e Orientação de Jovens em Busca por Trabalho em Addis Abeba

Permitir que pessoas no início da carreira conseguissem sinalizar habilidades de maneira clara e assertiva, aumentando suas chances de inserção profissional.

A iniciativa foi implementada em 2014, na capital da Etiópia, Addis Abeba, por meio de uma parceria entre a Escola de Comércio da Addis Ababa University (AAU) e pesquisadores, no contexto de um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". envolvendo aproximadamente 3.000 jovens adultos.

As oficinas tiveram duração de 2 dias e foco em indivíduos de 18 a 29 anos, que tinham, pelo menos, Ensino Médio completo e que, à época, não tinham um emprego permanente e não estavam matriculados em algum curso de qualificação profissional ou educacional.

O primeiro dia da oficina teve por objetivo certificar habilidades, usando testes utilizados por empresas locais no processo de contratação de novos funcionários. Foram aplicados:

1. teste de QI baseado nas matrizes progressivas de Raven;
2. testes de habilidades linguísticas e de habilidades lógico-matemáticas, semelhantes ao Programme for the International Assessment of Adult Competencies (PIAAC);
3. teste baseado em tarefas simples, típicas de ambientes de trabalho.¹

Os certificados dos testes foram emitidos pela AAU, e pelo Ethiopian Development Research Institute, e continham uma explicação de cada teste, além de um indicador de desempenho relativo e um indicador de performance agregada em todos os testes.²

O segundo dia da oficina, por sua vez, teve como objetivo tornar os participantes mais capazes de sinalizar habilidades — em particular, experiência de trabalho e qualificações profissionalmente relevantes — e contemplou temas como redação de currículo e comportamento durante entrevista de empregos.

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto causal da iniciativa:

• à época da implementação das oficinas, 4 a cada 10 indivíduos que tinham se candidatado a alguma vaga de emprego nos 6 meses anteriores não tinham preparado um currículo durante o processo [1];
• o custo total da operacionalização da iniciativa foi de 35 dólares por participante, incluindo os custos fixos de desenvolvimento dos testes, e 6 a cada 10 indivíduos convidados de fato participaram das atividades realizadas nos dois dias de oficina [1];
• não foram encontradas evidências de efeitos estatisticamente significantesChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis do valor zero, após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos. no número de horas gasto por semana em atividades de busca por emprego ou no número de candidaturas a vagas enviadas em uma semana típica, no horizonte de 8 meses após a implementação das oficinas [1];
• também não foram encontradas evidências de efeitos em indicadores de expectativas e aspirações com relação ao mercado de trabalho [1];
• no entanto, a taxa de jovens que tinham encontrado um emprego no setor formal aumentou em 31% (ou em 5,3 pontos percentuaisO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais! Por exemplo, se uma variável binária teria média de 10% na ausência da iniciativa, um impacto de 5 pontos percentuais representa aumento de 50% (=5/10).) e a taxa dos que tinham encontrado um emprego permanente aumento em 60% (ou em 6,9 pontos percentuais), no mesmo horizonte temporal dos resultados acima;
• no horizonte temporal mais longo, de 4 anos após a implementação, a qualidade do match entre os jovens adultos e as empresas também parece ter reagido positivamente à iniciativa: houve aumento de 12% (ou de 1,1 mês) na duração dos contratos de emprego, entre indivíduos que tinham conseguido algum trabalho, e aumento de 29% (ou de 6,6 pontos percentuais) na taxa de jovens que declararam estarem satisfeitos nos seus empregos [1];
• aumento de 25% nos rendimentos auferidos no mercado de trabalho, ainda no horizonte de 4 anos após a implementação, o que sugere que os empregos gerados no curto prazo serviram como ponte para afetar as trajetórias profissionais dos indivíduos contemplados [1];
• ademais, os efeitos descritos acima foram particularmente pronunciados para jovens que alcançaram valores maiores no indicador de desempenho relativo e para jovens de grupos que tenderiam a ter menos oportunidades — por exemplo, sem curso superior ou que nunca tinham tido um emprego permanente [1].