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Estudo Experimental do Ghana School Feeding Programme (GSFP)

Publicado em 08/02/2025 Atualizado em 22/02/2025
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Qual era o objetivo?

Aumentar a segurança alimentar e estimular a produção de alimentos por agricultores familiares.

Onde e quando?

O Ghana School Feeding Programme (GSFP) foi criado em 2005 pelo governo nacional, e escalado nos anos subsequentes. Os resultados abaixo se referem a um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". conduzido a partir de 2013, envolvendo aproximadamente 2,600 famílias e 3,200 crianças e adolescentes em uma amostra representativa de 116 comunidades dos distritos com maiores níveis de insegurança alimentar e pobreza do país.

Como era o desenho?

O GSFP opera de forma descentralizada, com licitações e contratos da unidade gestora central do programa com prestadores privados locais, responsáveis por adquirir alimentos no mercado por meio de um processo competitivo, preparar e servir as merendas nas escolas que fazem parte do público-alvo.

O que as evidências sugerem?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências de monitoramento e impacto causal:

  • à época da implementação dos estudos experimentais, o valor repassado aos prestadores privados de serviços era de 0,33 dólares por criança/dia, e atrasos nos repasses eram comuns, com potenciais consequências para a qualidade e efetividade do programa [1];
  • durante o período de implementação a refeição servida com maior frequência foi uma combinação de um alimento rico em amido (por exemplo, arroz ou inhame) com algum tipo de leguminosa (46% das refeições), seguida por um ensopado que combinava alimentos ricos em amido com proteínas de origem animal, principalmente peixe seco, frango ou carne (37% das refeições) [1];
  • embora 61% das crianças e adolescentes de 5 a 15 anos matriculados em escolas das comunidades contempladas pelo GSFP tenham tido acesso às merendas, foram encontradas evidências de que crianças de 5 a 8 anos tenham sido priorizadas quando comparadas a crianças mais velhas [1,2]
  • alunos das escolas contempladas passaram mais tempo na escola durante o período, com efeitos particularmente pronunciados para meninas e para crianças das famílias mais pobres (30 e 50 minutos adicionais por dia, respectivamente) [1];
  • aumentos de 12% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável — valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições com um grau alto de simetria em torno da média, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50: caso interpretemos o conjunto de pessoas na amostra como uma fila de 100 pessoas, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivaleria a passar da posição 50 para a posição 54. Um aumento maior, de 30% de um desvio padrão equivaleria a passar da posição 50 para a posição 62. em um indicador padronizado de altura por idade e de 11% de um desvio-padrão no índice padronizado massa corporal, para as crianças de 5 a 8 anos envolvidas no estudo, com efeitos particularmente pronunciados para aquelas que pertenciam a famílias mais pobres (22%), embora não tenham sido encontradas evidências de efeitos positivos ou estatisticamente significantesChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis do valor zero, após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos. para as crianças de 9 a 15 anos [1]
  • embora tenham sido encontradas evidências de efeitos positivos sobre a taxa de crianças matriculadas na escola, as estimativas de efeitos tendem a se estatisticamente insignificantes, com a exceção do grupo de crianças que em moravam em domicílios abaixo da linha de pobreza, para as quais houve aumento de 5,3 pontos percentuais (ou 6,1%) [2];
  • aumento de 11% a 15% nas notas em um exame padronizado de Matemática aplicado aproximadamente 2 anos após o início da implementação, com efeitos concentrados no grupo de meninas (20% a 24%) e de crianças que moravam em domicílios abaixo da linha de pobreza (27% a 31%) [2];
  • aumento de 13% a 14% nas notas em um exame padronizado de Língua (leitura e escrita), no mesmo horizonte temporal, também com efeitos concentrados no grupo de meninas (19% a 20%) e de crianças que pertenciam a famílias mais pobres (23% a 34%) [2]
  1. Mais especificamente, quando indagadas aproximadamente 2 anos após o início da implementação, crianças mais novas indicaram ter tido acesso às refeições com frequência 3 vezes maior do que as crianças mais velhas.
  2. Os efeitos sobre massa corpórea foram mais pronunciados entre meninos do que meninas.
  3. Pelo menos dois mecanismos relacionados aos ganhos de aprendizado recebem suporte de evidências apresentados no artigo: houve aumentos de cerca de 12% de um desvio-padrão em indicadores de memória de trabalho e do quociente de inteligência das crianças contempladas, com efeitos concentrados nos mesmos grupos de crianças que tiveram ganhos maiores de notas em Matemática e Língua.

Quais as fontes da informação?

  1. Gelli, A., Aurino, E., Folson, G., Arhinful, D., Adamba, C., Osei-Akoto, I., Masset, E., Watkins, K., Fernandes, M., Drake, L. & Alderman, H. (2019). A School Meals Program Implemented at Scale in Ghana Increases Height-for-Age during Midchildhood in Girls and Children from Poor Households: a Cluster Randomized Trial. The Journal of Nutrition, 149(8), 1434-1442.
  2. Aurino, E., Gelli, A., Adamba, C., Osei-Akoto, I., & Alderman, H. (2023). Food for Thought?: Experimental Evidence on the Learning Impacts of a Large-Scale School Feeding ProgramJournal of Human Resources, 58(1), 74-111.

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