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Estudo Experimental da Instrução Inicial em Alfabetização em São Paulo

Publicado em 09/09/2025 Atualizado em 09/09/2025
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Qual era o objetivo?

Definir a unidade fundamental de ênfase para que o ensino da alfabetização fomentasse o aprendizado da leitura e da escrita.

Onde e quando?

A iniciativa foi implementada no contexto de um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". na cidade de São Paulo, Brasil, envolvendo 60 alunos do 1° ano de uma escola pública, com idade média de 6 anos e 5 meses.¹

Como era o desenho?

A ideia central do estudo foi entender formas de instrução inicial em alfabetização que beneficiariam o aprendizado futuro da leitura e escrita. Os alunos foram divididos aleatoriamente em grupos e foram testadas formas de ensinar 40 sílabas CVEssa é uma notação comumente usada para denotar a sequência de letras em palavras em consoantes (C) e vogais (V). em sessões individuais de treino:

  1. em decodificaçãoA decodificação é a habilidade de reconhecer e converter letras ou grupos de letras (grafemas) em seus respectivos sons (fonemas) para ler palavras., pela pronúncia dos fonemasO fonema é a menor unidade que permite diferenciar o sentido de dois elementos verbais em uma determinada língua. Por exemplo, a existência dos fonemas /v/ e /b/ pode ser apreendida pela diferença entre as palavras “vela” e “bela”. constituintes das sílabas e síntese, com foco em 15 unidades grafema-fonema;
  2. em decodificação pela pronúncia das sílabas como unidades inteiras;
  3. nas mesmas 15 unidades grafema-fonema trabalhadas em 1 e 2, mas sem ensino explícito da decodificação pela pronúncia dos fonemas.²

O que as evidências sugerem?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências de impacto:

  • os alunos que receberam a instrução focada nas relações entre fonemas e grafemas (1, acima) apresentaram resultados melhores em testes de leitura e escrita aplicados ao fim da implementação:
    • em particular, eles revelaram conseguir ler 17 de 20 da sílabas ensinadas, comparado a 11 e 4 para os grupos que receberam o treino em 2 ou 3 [1];
    • eles também apresentaram notas cerca de 1 desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável —valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50: caso interpretemos o conjunto de pessoas na amostra como uma fila de 100 pessoas, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivaleria a passar da posição 50 para a posição 54. Um aumento maior, de 30% de um desvio padrão equivaleria a passar da posição 50 para a posição 62. maiores em tarefas de segmentação e síntese fonêmica [1]
    • ao final da intervenção, essas crianças liam 4 vezes mais pseudopalavrasPseudopalavras são sequências de letras que seguem as regras fonológicas e ortográficas de um idioma, mas não possuem significado real, sendo usadas em testes de leitura para avaliar a habilidade de decodificação dos leitores., tanto que continham quanto as que não continham as sílabas enfatizadas durante as sessões de treino [1];
    • além disso, sua nota em uma prova de ditado foi cerca de 5 vezes maior do que a dos colegas dos grupos de comparação [1].
  • o método 1 também teve impacto positivo em testes de velocidade de aprendizado de leitura de palavras novas:
    • as crianças contempladas conseguiram atingir o teto de leitura correta de uma lista de 12 palavras em 6 rodadas de tentativas seguidas de feedback corretivo, enquanto a maioria dos colegas não atingiu o teto ou precisou de 8 rodadas, o máximo permitido durante os testes [1].
  • além disso, a memória fonológica das crianças contempladas pelo treino 1 cresceu 2 vezes mais do que nos grupos de comparação [1];
  • os resultados acima indicam que, nesse contexto, a instrução inicial em alfabetização foi muito mais efetiva quando ela envolveu o ensino de habilidades de decodificação apoiadas na pronúncia oral e no foco no reconhecimento das unidades grafema-fonema na língua escrita [1].
  1. Nenhuma criança que participou do estudo sabia ler, mas todas sabiam o nome de uma parte considerável (15) de letras do alfabeto.
  2. As sessões progrediram até que os avaliadores considerassem que os alunos tinham atingido um critério estabelecido de domínio das habilidades transmitidas.
  3. Os alunos do grupo 2 tiveram desempenho muito próximo de zero nessas tarefas, o que sugere que as regras de segmentação e síntese não são intuídas a partir da apresentação sistemática às sílabas. Além disso, e talvez curiosamente, esses alunos não revelaram ter índices maiores de consciência silábica ao fim da implementação.

Quais as fontes da informação?

Imds | Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social
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