Estudo Experimental da Instrução Inicial em Alfabetização em São Paulo
Estudo Experimental da Instrução Inicial em Alfabetização em São Paulo
Qual era o objetivo?
Definir a unidade fundamental de ênfase para que o ensino da alfabetização fomentasse o aprendizado da leitura e da escrita.
Onde e quando?
A iniciativa foi implementada no contexto de um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". na cidade de São Paulo, Brasil, envolvendo 60 alunos do 1° ano de uma escola pública, com idade média de 6 anos e 5 meses.¹
Como era o desenho?
A ideia central do estudo foi entender formas de instrução inicial em alfabetização que beneficiariam o aprendizado futuro da leitura e escrita. Os alunos foram divididos aleatoriamente em grupos e foram testadas formas de ensinar 40 sílabas CVEssa é uma notação comumente usada para denotar a sequência de letras em palavras em consoantes (C) e vogais (V). em sessões individuais de treino:
- em decodificaçãoA decodificação é a habilidade de reconhecer e converter letras ou grupos de letras (grafemas) em seus respectivos sons (fonemas) para ler palavras., pela pronúncia dos fonemasO fonema é a menor unidade que permite diferenciar o sentido de dois elementos verbais em uma determinada língua. Por exemplo, a existência dos fonemas /v/ e /b/ pode ser apreendida pela diferença entre as palavras “vela” e “bela”. constituintes das sílabas e síntese, com foco em 15 unidades grafema-fonema;
- em decodificação pela pronúncia das sílabas como unidades inteiras;
- nas mesmas 15 unidades grafema-fonema trabalhadas em 1 e 2, mas sem ensino explícito da decodificação pela pronúncia dos fonemas.²
O que as evidências sugerem?
Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências de impacto:
- os alunos que receberam a instrução focada nas relações entre fonemas e grafemas (1, acima) apresentaram resultados melhores em testes de leitura e escrita aplicados ao fim da implementação:
- em particular, eles revelaram conseguir ler 17 de 20 da sílabas ensinadas, comparado a 11 e 4 para os grupos que receberam o treino em 2 ou 3 [1];
- eles também apresentaram notas cerca de 1 desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável —valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50: caso interpretemos o conjunto de pessoas na amostra como uma fila de 100 pessoas, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivaleria a passar da posição 50 para a posição 54. Um aumento maior, de 30% de um desvio padrão equivaleria a passar da posição 50 para a posição 62. maiores em tarefas de segmentação e síntese fonêmica [1];³
- ao final da intervenção, essas crianças liam 4 vezes mais pseudopalavrasPseudopalavras são sequências de letras que seguem as regras fonológicas e ortográficas de um idioma, mas não possuem significado real, sendo usadas em testes de leitura para avaliar a habilidade de decodificação dos leitores., tanto que continham quanto as que não continham as sílabas enfatizadas durante as sessões de treino [1];
- além disso, sua nota em uma prova de ditado foi cerca de 5 vezes maior do que a dos colegas dos grupos de comparação [1].
- o método 1 também teve impacto positivo em testes de velocidade de aprendizado de leitura de palavras novas:
- as crianças contempladas conseguiram atingir o teto de leitura correta de uma lista de 12 palavras em 6 rodadas de tentativas seguidas de feedback corretivo, enquanto a maioria dos colegas não atingiu o teto ou precisou de 8 rodadas, o máximo permitido durante os testes [1].
- além disso, a memória fonológica das crianças contempladas pelo treino 1 cresceu 2 vezes mais do que nos grupos de comparação [1];
- os resultados acima indicam que, nesse contexto, a instrução inicial em alfabetização foi muito mais efetiva quando ela envolveu o ensino de habilidades de decodificação apoiadas na pronúncia oral e no foco no reconhecimento das unidades grafema-fonema na língua escrita [1].
- Nenhuma criança que participou do estudo sabia ler, mas todas sabiam o nome de uma parte considerável (15) de letras do alfabeto.
- As sessões progrediram até que os avaliadores considerassem que os alunos tinham atingido um critério estabelecido de domínio das habilidades transmitidas.
- Os alunos do grupo 2 tiveram desempenho muito próximo de zero nessas tarefas, o que sugere que as regras de segmentação e síntese não são intuídas a partir da apresentação sistemática às sílabas. Além disso, e talvez curiosamente, esses alunos não revelaram ter índices maiores de consciência silábica ao fim da implementação.
Quais as fontes da informação?
- Sargiani, R. D. A., Ehri, L. C., & Maluf, M. R. (2022). Teaching Beginners to Decode Consonant–Vowel Syllables using Grapheme–Phoneme Subunits Facilitates Reading and Spelling as compared with Teaching Whole-Syllable Decoding. Reading Research Quarterly, 57(2), 629-648.
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