Apoio Amplo ao Desenvolvimento Infantil em Áreas Rurais no Estudo Experimental MAHAY em Madagascar
Apoio Amplo ao Desenvolvimento Infantil em Áreas Rurais no Estudo Experimental MAHAY em Madagascar
Qual era o objetivo?
Estimular o desenvolvimento físico e cognitivo de crianças de famílias de baixa renda em áreas rurais.
Onde e quando?
O MAHAY foi um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". implementado entre 2014 e 2016 em 125 áreas rurais de cinco regiões do sul e sudeste de Madagascar. As informações abaixo referem-se a 125 locais de implementação e a dados de acompanhamento de 3.738 famílias com gestantes e crianças de 0 a 11 meses em três ondas de pesquisa (linha de base em 2014, seguimento após 1 ano e ao final de 2 anos), com avaliação de crescimento e desenvolvimento infantil entre 18 a 30 meses de idade.
Como era o desenho?
A ideia central da iniciativa foi aprimorar o Programme National de la Nutrition Communautaire, em funcionamento desde 1999, que realizava pesagem e monitoramento mensais do crescimento de crianças de 0 a 24 meses, educação nutricional em grupo, demonstrações culinárias e encaminhamentos para serviços de saúde.
O estudo incorporou a esse programa três componentes novos. O primeiro foi um conjunto de serviços de educação e aconselhamento nutricional intensivo, por meio da contratação de um agente comunitário adicional. As visitas domiciliares de aconselhamento nutricional eram planejadas para cobrir toda a “janela dos mil primeiros dias”: uma visita na gestação, visitas mensais até os 8 meses da criança, visitas bimestrais dos 9 aos 12 meses e visitas trimestrais dos 12 aos 24 meses. A principal função desse agente foi realizar visitas domiciliares periódicas, com acompanhamento individualizado e discussão sobre amamentação, introdução da alimentação complementar e práticas alimentares em contextos de insegurança alimentar.¹
O segundo componente foi a suplementação nutricional direta com sachês de lipídios enriquecidos (20 gramas por dia para crianças, 40 gramas por dia para as mães), distribuídos semanalmente no posto comunitário. Os cuidadores foram orientados a misturar os sachês à alimentação habitual da criança duas vezes ao dia, e o controle de entrega e uso era registrado por meio da devolução de sachês vazios e da supervisão de ONGs parceiras.
O terceiro componente foi a realização, também pelo agente comunitário responsável pelo aconselhamento em nutrição, de visitas quinzenais de estimulação cognitiva e socioemocional, com o uso de brincadeiras simples, canções, jogos e objetos do cotidiano, para incentivar a comunicação, as habilidades motoras e a solução de problemas, sempre envolvendo o cuidador principal.
O desenho do currículo das visitas baseou-se no programa Reach Up de parentalidade, desenvolvido originalmente na Jamaica. O modelo envolve foco em famílias em situação de vulnerabilidade social e visitas domiciliares periódicas com o uso de brinquedos —muitas vezes confeccionados com materiais disponíveis no domicílio— e de atividades lúdicas. Essas atividades criam oportunidades para que os visitadores orientem as cuidadoras e a família sobre como estimular as crianças por meio de interações responsivas.¹ O foco principal é sempre fortalecer as competências parentais e a qualidade da interação entre cuidador e criança. A operacionalização desse componente incluiu formação específica em desenvolvimento infantil e supervisão técnica periódica.
O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?
Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências de monitoramento e impacto:
- a incorporação dos serviços de aconselhamento alterou padrões de consumo das famílias participantes:
- houve, em particular, aumento de 26% (ou de 6,0 pontos percentuaisO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais! Por exemplo, se uma variável binária teria média de 10% na ausência da iniciativa, um impacto de 5 pontos percentuais representa um aumento de 50% (=5/10).) na parcela de domicílios que revelaram consumir alimentos de origem animal (carne, peixe e ovos), em pesquisas de acompanhamento aplicadas no horizonte de 1 ano após o início da implementação [1];
- não foram encontrados, no entanto, efeitos estatisticamente significantesChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis de 0, após incorporadas à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos e estudos. em variáveis que capturavam outras dimensões da diversidade alimentar e de presença de vitamina A nos alimentos [1].
- não foram encontrados efeitos positivos, estatisticamente significantes ou quantitativamente relevantes, sobre indicadores antropométricos, que capturavam a dimensão física do desenvolvimento infantil, como índices normalizados de altura-por-idade, peso-por-idade e de peso-por-altura [1];
- foram encontradas evidências de efeitos positivos, imprecisamente estimadosDiz-se que um resultado estatístico é imprecisamente estimado quando ele também é consistente com valores distantes de um valor de referência (por exemplo, 0), após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos de uma população. e estatisticamente insignificantes, sobre indicadores de desenvolvimento infantil:
- Houve impacto positivo de 8,6% a 20% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável —valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Uma forma de interpretar efeitos medidos na escala de desvios-padrão, que é usada para tornar comparáveis provas usadas em diferentes contextos, é: "A cada aumento de 10% de um desvio-padrão equivale, aproximadamente, um salto de 4 posições a partir do aluno mediano (isto é, na posição 50)". Um aumento de 30% de um desvio-padrão, por exemplo, equivaleria a passar da posição 50 para a posição 62 (isto é, 30%/10% x 4 posições). Essas aproximações se tornam menos precisas para efeitos muito grandes. em indicadores de desenvolvimento motor, de resolução de problemas, de desenvolvimento sociomocional e de linguagem, ainda no horizonte de 1 ano após o início da implementação do estudo [1].²
- Uma das características mais marcantes do modelo é a existência de um protocolo claro para os visitadores. Cada visita trabalha atividades adequadas à idade da criança, seguindo um roteiro estruturado com propostas de brincadeiras e mensagens de orientação sobre práticas de cuidado e estímulo.
- O estudo também envolveu a alocação de áreas para braços experimentaisOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". nos quais o aconselhamento nutricional foi acompanhado de outros componentes. Foram testadas combinações apenas com aconselhamento e aconselhamento acrescido de suplementação nutricional. O modelo teve impacto qualitativamente comparável ao das combinações entre em parte devido a desafios de implementação apontados pelas autoras e autores, como longas distâncias entre domicílios, dificuldade de supervisão contínua dos agentes comunitários e baixa disponibilidade de brinquedos e livros para sustentar, no dia a dia, as práticas de estimulação recomendadas [1].
Quais as fontes da informação?
- Galasso, E., Weber, A. M., Stewart, C. P., Ratsifandrihamanana, L., & Fernald, L. C. (2019). Effects of Nutritional Supplementation and Home Visiting on Growth and Development in Young Children in Madagascar: a Cluster-Randomised Controlled Trial. The Lancet Global Health, 7(9), e1257-e1268.
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