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Acesso a Pré-Escolas Públicas para Crianças de 4 anos em Boston

Publicado em 01/04/2024 Atualizado em 02/04/2024
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Onde e quando?

As creches públicas estudadas são operadas pela autoridade municipal de Boston, a Boston Public Schools (BPS), nos Estados Unidos. Os resultados abaixo se referem a um estudo experimentalOs estudos experimentais utilizam mecanismos aleatórios (isto é, sorteios) para definir quem será e quem não será contemplado por um determinado programa ou política pública, garantindo que as diferenças futuras entre estes grupos possam ser atribuídas com maior credibilidade à intervenção em si — e não a diferenças entre quem é e quem não é "tratado". que utiliza dados de crianças de 4 anos inscritas em loterias que concederam ofertas de vagas entre 1997 e 2003.

Como é o desenho?

A pré-escola pública em Boston é universal mas o público-alvo dos serviços é de perfil mais vulnerável, com alta proporção de alunos não brancos e de baixa renda. À época do estudo, os serviços de educação infantil eram regulamentados, com disposições sobre qualificação dos educadores e número de crianças por professor. Os centros ofereciam programas de 4 e de 6 horas, tinham tamanho de turma de 10 a 25 alunos (média de 19), com centros gerenciados por professores que possuíam bacharelado ou mestrado e que tinham passado por um processo de certificação aos professores da educação básica.  Os diretores têm liberdade na escolha de currículos e muitos centros usavam os currículos Building Blocks, Harcourt Trophies Opening World of Learning (ou OWL).

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal do acesso a pré-escolas da rede BPS induzido pela oferta de vagas nas loterias da cidade:

  • não há evidências sistemáticas de que a oportunidade de frequentar a creche tenha tido efeitos estatisticamente significantesChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis do valor zero, após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos. nas notas em exames padronizados de Matemática e Língua Inglesa, coletados do 3º ano do Ensino Fundamental ao 8º ano do Ensino Fundamental, e no 1º ano do Ensino Médio [1];
  • os efeitos acima mascaram considerável heterogeneidade por gênero: para os meninos, houve aumento de 7% de um desvio-padrãoO desvio-padrão mede a dispersão de valores de uma variável - valores mais altos indicam maior ocorrência de valores longe da média e valores mais baixos refletem maior concentração de valores próximos à média. Para a distribuição normal, ou para distribuições razoavelmente similares a uma normal, um aumento de 10% de um desvio-padrão equivale a um efeito de 4 percentis a partir do percentil 50 - isto é, a passar da posição 50 para a posição 54, em uma fila de 100. na nota nos exames descritos acima, e meninas parecem ter o desempenho reduzido, em 6% de um desvio-padrão [1];
  • redução de 11% (ou de 3,6 pontos percentuaisO efeito de um programa em termos percentuais (%) é diferente do efeito do programa em pontos percentuais. Por exemplo, se uma variável binária tem média de 10%, um efeito de 5 pontos percentuais representa aumento de 50%.) na taxa de alunos que tinham repetido algum ano, quando da sua entrada no Ensino Médio [1];
  • aumento de 17% de um desvio-padrão em um indicador de engajamento com a escola e ausência de envolvimento em eventos disciplinares, durante o Ensino Médio [1];
  • aumento de 12% (ou 8,5 pontos percentuais) na taxa de alunos que realizaram o ACT Test quando da saída do Ensino Médio [1];
  • aumento de 8,7% (ou 5,4 pontos percentuais) na taxa de crianças que vieram a completar o Ensino Médio e aumento de 9,4% (ou 6 pontos percentuais) na taxa de crianças que vieram a completar o Ensino Médio na idade certa [1];
  • aumento de 18% (ou 8,3 pontos percentuais) na taxa de crianças que vieram a se matricular em alguma instituição de ensino superior [1].

Quais as fontes bibliográficas dessa informação?

  1. Gray-Lobe, G., Pathak, P. A., & Walters, C. R. (2023). The Long-Term Effects of Universal Preschool in Boston. The Quarterly Journal of Economics, 138(1), 363-411.
  2. Weiland, C., Unterman, R., Shapiro, A., Staszak, S., Rochester, S., & Martin, E. (2020). The Effects of Enrolling in Oversubscribed Prekindergarten Programs Through Third Grade. Child Development, 91(5), 1401-1422.
  3. Weiland, C., & Yoshikawa, H. (2013). Impacts of a Prekindergarten Program on Children’s Mathematics, Language, Literacy, Executive Function, and Emotional Ckills. Child Development, 84(6), 2112-2130.

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