Mulheres do centro-oeste  chegam mais longe na escolarização

Mulheres do centro-oeste chegam mais longe na escolarização

O Centro-Oeste do país é a região em que as mulheres vão mais adiante em sua escolaridade, comparado a todas as outras regiões brasileiras e aos homens. Entre elas, 25,5% chegam à faculdade, pós-graduação ou mais, enquanto, entre eles, o percentual é de 16,6%. No Sudeste, o segundo colocado neste quesito do desempenho feminino, o percentual das que completam sua formação - ou vão além - é de 24,2%. É o que apontam os indicadores de mobilidade intergeracional educacional do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (Imds).

Outro dado surpreendente é o avanço extraordinário no tempo, quando se compara os resultados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) em suas edições de 1996 e 2014. Nos 18 anos que se passaram entre os dois levantamentos, mais do que triplicou o percentual de mulheres que conseguem chegar ao nível superior ou vão além (multiplicou-se por 3,2 vezes). Em nenhuma outra região aconteceu algo parecido, seja entre homens ou mulheres. A média brasileira foi de um aumento de duas vezes e meia.

O caso de maior destaque no levantamento é das mulheres que tinham entre 55 anos e 64 anos de idade no momento em  que foram feitas as pesquisas. Ou seja, é uma comparação entre as gerações nascidas em dois intervalos diferentes. A primeira, entre 1932 e 1941. A segunda contempla os nascimentos entre 1950 e 1959. Para esse grupo etário, o aumento do acesso ao ensino superior ou níveis mais elevados de escolarização foi de quase sete vezes, passando de 2,6% para 17,8% o percentual das que alcançam tal nível escolar. A comparação entre sexos é uma das possibilidades de pesquisa nos painéis de indicadores disponibilizados no site do Imds (www.imdsbrasil.org). 

A maior escolarização das mulheres do centro-oeste se nota no dia a dia das salas de aula das universidades, como conta a Secretária estadual de Educação do Estado de Goiás, Fátima Gavioli: “para cada sala de aula com 30 alunos, hoje, o coeficiente aproximado é de cinco meninos para 25 meninas. Se o curso for de TI, a proporção se equilibra em 50% para cada lado. Mas todos os demais cursos, inclusive engenharia, já estão com o número de mulheres muito acima do esperado e do que imaginávamos. Até mesmo em medicina veterinária e em todos os outros que, até algum tempo atrás, eram predominantemente masculinos”. 

A má notícia, que atinge indistintamente homens e mulheres, é que o Centro-Oeste segue o padrão nacional da armadilha da baixa escolarização. Na região, 56,7% dos filhos de pais sem instrução não chegam a completar o fundamental. Ou seja, acabam por repetir um comportamento da geração anterior que, como se sabe, é forte entrave a algum progresso na vida. A: a educação, não custa repetir, é ferramenta decisiva para o aumento de oportunidades e o desenvolvimento pleno de possibilidades de mobilidade social.

Seu papel fundamental é evidenciado nos próprios indicadores da Região: os dados apontam que apenas 28,5% dos filhos de pais sem instrução completam o ensino médio ou vão além, enquanto, entre os filhos de pai com nada além do ensino fundamental incompleto, a porcentagem dos que atingem este mesmo patamar sobe para 55,4% - um salto de 26,9 pontos percentuais.

No tema “acesso à tecnologia”, o indicador “tipo de conexão à Internet no domicílio” mostra que, na população da Região, 48,86% dos domicílios em que residem filhos de pais sem instrução não têm acesso à Internet. Esse percentual, menor do que o verificado nas regiões Nordeste (65,4%), Norte (61,6%) e Sul (51,4%), é levemente superior ao do Sudeste (44,4%). A despeito da variação de uma região para outra, e dos avanços verificados, o panorama nacional, em pleno século XXI, é preocupante: sem acesso à Internet, as novas gerações têm ainda menos oportunidade de mobilidade social.