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Política Social e Resiliência: Uma análise geoespacial do impacto das mudanças climáticas nas decisões de migração entre produtores agrícolas vulneráveis

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Autoria: Vinícius Schuabb, Sergio Guimarães, Paulo Tafner e Valdemar Pinho Neto

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Publicado em: março 2025

Esta pesquisa avalia como as políticas sociais podem afetar as estratégias de resiliência de famílias produtoras agropecuárias afetadas pelas mudanças climáticas no Brasil. Investigamos a interação entre choques de renda causados por secas extremas e os benefícios do Programa Bolsa Família, com foco em como esses fatores influenciam as decisões de migração de indivíduos altamente vulneráveis.

Para isso, desenvolvemos uma metodologia inovadora que permite analisar a migração tanto dentro como entre os municípios brasileiros, utilizando dados históricos de precipitação de alta resolução (0,05° por 0,05°) do Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station (CHIRPS), e os endereços georreferenciados de milhões de famílias registradas no Cadastro Único para programas sociais e na Declaração de Aptidão (DAP) ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) entre 2015 a 2020. Nossos resultados revelam que migrações de curta distância, dentro dos municípios de origem, são cinco vezes mais prevalentes do que as de longa distância, entre municípios.

Ainda observamos que os benefícios sociais podem tanto aumentar quanto reduzir a probabilidade de migração individual, dependendo do nível de exposição às secas. Indivíduos expostos ao 1% das secas mais severas tendem, em média, a utilizar os benefícios sociais como subsídio à migração, enquanto aqueles expostos às secas 10% mais severas utilizam os benefícios em suas estratégias de resiliência, reduzindo a migração. Ainda observamos que, em média, os indivíduos que não migram tendem a permanecer em locais com infraestrutura socioeconômica mais precária em comparação com aqueles que decidem migrar.

Boa leitura!