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Programa Nacional de Suplementação de Iodo na Tanzânia

Publicado em 19/10/2022 Atualizado em 02/03/2024
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Qual o objetivo?

Combater as altas taxas de distúrbio por deficiência de iodo na população.

Onde e quando foi implementado?

O programa foi implementado em unidades sub-nacionais (distritos) da Tanzânia, a partir de 1986, tendo por etapa prévia o monitoramento das taxas distritais de bócio visível (inchaço da glândula tireoide) em escolares em 1984. Após essa etapa, distritos com taxas acima de 10% foram designados para a implementação, cuja cobertura atingiu mais de 5 milhões de indivíduos até o ano de 1994, quando o programa foi descontinuado.

Como é o desenho?

Os moradores dos distritos participantes receberam suplementação de iodo na forma de cápsulas de óleo iodado de 380 mg, prioritariamente direcionada a mulheres em idade fértil. A priorização de mulheres nessa faixa etária foi motivada pela importância do iodo para o desenvolvimento físico e cerebral do feto, em especial no primeiro trimestre de gravidez. Óleo iodado é considerado uma das medidas de curto-prazo mais efetivas no combate ao distúrbio por deficiência de iodo, tanto pela velocidade observada das melhorias na saúde quanto pela duração da cobertura do micro-nutriente, que dura de 1 a 4 anos. Nos casos em que a oferta de cápsulas excedia o número de mulheres nessa faixa etária, a distribuição atingiu também crianças de 1 a 5 anos, crianças mais velhas, e homens de 15 a 45 anos, nessa ordem de prioridade.

O que aprendemos com o monitoramento e a avaliação?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do monitoramento e do impacto causal do programa:

  • cobertura total de 64% da população prioritária de mulheres em idade fértil [1];
  • aumento de 0,36 ano de estudo alcançados entre crianças de 10 a 13 anos que foram beneficiadas pela suplementação de iodo durante todo o primeiro trimestre de gravidez, mediante o consumo de cápsulas de óleo iodado pelas suas mães [1];
  • o efeito descrito acima é de maior magnitude e estatisticamente significanteChamam-se de estatisticamente significantes as estimativas de impacto que são distinguíveis do valor zero, após incorporada à análise as incertezas associadas à generalização para outras amostras de indivíduos. entre meninas, o que é interpretado pelos autores, com ajuda de evidência laboratorial, de que os fetos femininos têm mais sensibilidade cognitiva à privação intra-uterina de iodo [1];
  • aumento de 15% no total de vacinas recebidas e de 9% na taxa de amamentação por mais de 6 meses após o nascimento, sugerindo que houve mudanças no comportamento no campo da saúde por parte das mães das crianças que foram contempladas pela intervenção [2];
  • aumento de 0,17 ano de estudo alcançados na vida adulta (ou 2,5%) e de 12% na taxa de pessoas que completaram a educação secundária (que, na Tanzânia, tem duas fases, uma dos 14 aos 17 anos e uma dos 18 aos 20 anos de idade) [3];
  • aumento de 5% na taxa de emprego em ocupações de maior qualificação [3].

De onde vem essa informação?

  1. Field, E., Robles, O., & Torero, M. (2009). Iodine Deficiency and Schooling Attainment in Tanzania. American Economic Journal: Applied Economics, 1(4), 140-69.
  2. Adhvaryu, A., & Nyshadham, A. (2016). Endowments at Birth and Parents’ Investments in Children. The Economic Journal, 126(593), 781-820.
  3. Araújo, D., Carrillo, B., & Sampaio, B. (2021). The Long-Run Economic Consequences of Iodine Supplementation. Journal of Health Economics, 79, 1-18.

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