Programa Thinking Healthy de Psicoterapia para Gestantes e Mães no Paquistão

Data de publicação: 21/03/2022

Data da última atualização: 04/04/2023

Qual o objetivo?

Oferecer apoio a gestantes e mães com sintomas de depressão e mitigar o impacto negativo da doença no seu processo decisório e no desenvolvimento infantil.

Onde e quando foi implementado?

O programa Thinking Healthy foi implementado entre os anos de 2005 a 2007 na zona rural da cidade de Rawalpindi, no Paquistão, como complemento a serviços já existentes de atenção primária em saúde por parte de agentes comunitários.

Como é o desenho?

O programa teve por foco mulheres casadas, de 16 a 45 anos de idade, que passavam pelo 3º trimestre de gravidez e revelavam sintomas de depressão. Ele foi implementado por agentes comunitárias de saúde durante 16 visitas domiciliares - divididas temporalmente em 4 visitas antes do parto, 3 visitas no primeiro mês de vida da criança, e, mensalmente, nos 9 meses subsequentes.

A essas visitas, foram incorporados elementos de psicoterapia, motivados principalmente pelos princípios básicos da terapia cognitivo-comportamental. O objetivo central foi de auxiliar as gestantes e mães a desenvolverem estratégias pessoais para lidar com os problemas que vivenciavam e a mudarem padrões cognitivos e atitudinais comuns da depressão. Nenhum dos elementos da intervenção foi apresentado como um tratamento para um problema explícito de saúde mental.

Como forma de capacitar as agentes comunitárias de saúde, que eram responsáveis, cada uma, por aproximadamente 1.000 mulheres, foram organizadas sessões curtas de treinamento, que duraram 2 dias, e uma sessão de atualização 4 meses depois. Esse treinamento apresentou vídeos de visitas que utilizavam estratégias de interação em terapia cognitivo-comportamental, forneceu oportunidades de treino em representações reais de terapia e discussões em grupo. Nas primeiras sessões de treinamento, as agentes responsáveis pela implementação receberam um manual com instruções passo a passo para cada uma das 16 visitas. Além disso, um elemento importante para operacionalização do programa foi a supervisão e o acompanhamento, por meio de reuniões mensais, organizadas pela equipe envolvida na avaliação de impacto.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal do programa Thinking Healthy:

  • redução de aproximadamente 60% na taxa de quadros graves de depressão entre as mães contempladas, 6 meses após o parto, e de aproximadamente 50%, 2 meses após o término do período de implementação [1,3];
  • redução de 26% nos episódios de diarreia entre os filhos das mães contempladas, e aumento de 11% na taxa de imunização completa, também 2 meses após o término do período de implementação [1];
  • aumento de 61% na taxa de mães, e de 50% na taxa de pais, que revelavam brincar com seus filhos pelo menos uma vez ao dia, ainda 2 meses após o término do período de implementação [1];
  • não há evidências fortes de que, no mesmo horizonte temporal, o programa tenha tido efeito sobre indicadores de desenvolvimento físico da criança, como peso e altura por idade [1];
  • aumento da taxa de recuperação permanente para mães deprimidas na fase inicial do programa, de 68%, 7 anos após o término do período de implementação [3];
  • há evidências de que um dos mecanismos fundamentais na consolidação do efeito descrito acima foi o aumento do apoio social disponível às mães, em especial com familiares (mães, em especial) e parceiros - em ambos os casos, houve impacto de 16% de um desvio padrão em indicadores que caracterizavam a proximidade da relação [3];
  • aumento, também 7 anos depois do término do programa, de 29% de um desvio padrão em um indicador de empoderamento financeiro, que agrupava informação sobre se a mulher estava empregada, seus ganhos mensais e se ela tinha controle sobre os gastos [1];
  • aumento de 28% de um desvio padrão em um indicador de investimentos parentais, que agrupava informação sobre se a criança frequentava escola privada e de melhor qualidade e sobre a presença de materiais de aprendizagem em a casa - e este aumento é maior para mães de meninas comparado com mães de meninos [3];
  • aumento de 20% de um desvio padrão em um segundo indicador de investimentos parentais, que agrupava informação sobre o tempo dedicado dentro de casa ao desenvolvimento da criança [3];
  • os efeitos descritos acima, tanto sobre empoderamento financeiro quanto sobre investimentos parentais, são maiores e estatisticamente significantes apenas para mães de meninas, quando comparadas com mães de meninos [3];
  • não foram encontrados, entre meninos, efeitos estatisticamente significantes sobre indicadores de desenvolvimento infantil físico, cognitivo ou socioemocional no horizonte de 3 anos e 7 anos após o término do período de implementação [2,3,4];
  • no entanto, para as meninas, há evidências de efeitos positivos e imprecisamente estimados em indicadores de desenvolvimento físico e cognitivo, 7 anos após o término do período de implementação [3].
De onde vem essa informação?
  1. Rahman, A., Malik, A., Sikander, S., Roberts, C., & Creed, F. (2008). Cognitive Behaviour Therapy-based Intervention by Community Health Workers for Mothers with Depression and their Infants in rural Pakistan: a Cluster-Randomised Controlled Trial. The Lancet, 372(9642), 902-909.
  2. Maselko, J., Sikander, S., , Bhalotra, S., Bangash, O., Ganga, N., Mukherjee, Egger, S., H., Franz, L., Bibi, A., Liaqat, R., Kanwal, M., Abbasi, T., Noor, M., Ameen, N., & Rahman, A. (2015). Effect of an Early Perinatal Depression Intervention on Long-term Child Development Outcomes: Follow-up of the Thinking Healthy Programme Randomised Controlled Trial. The Lancet Psychiatry, 2(7), 609-617.
  3. Baranov, V., Bhalotra, S., Biroli, P., & Maselko, J. (2020) Maternal Depression, Women's Empowerment, and Parental Investment: Evidence from a Randomized Controlled Trial. American Economic Review, 110 (3): 824-59.
  4. Maselko, J., Sikander, S., Turner, E. L., Bates, L. M., Ahmad, I., Atif, N., Baranov, V., Bhalotra, S., Bibi, A., Bibi, T., Bilal, S., Biroli, P., Chung, E., Gallis, J. A., Hagaman, A., Jamil, A., Lemasters, K., Donnell, K. O., & Rahman, A. (2020). Effectiveness of a Peer-delivered, Psychosocial Intervention on Maternal Depression and Child Development at 3 Years Postnatal: a Cluster Randomised Trial in Pakistan. The Lancet Psychiatry, 7(9), 775-787.
  5. Rahman, A. (2007). Challenges and Opportunities in Developing a Psychological Intervention for Perinatal Depression in Rural Pakistan – a Multi-method Study. Archives of Women's Mental Health, 10(5), 211-219.
Vídeos


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