Programa Infant Health and Development de Apoio ao Desenvolvimento de Crianças Prematuras e de Baixo Peso nos Estados Unidos

Data de publicação: 02/05/2022

Data da última atualização: 19/10/2022

Qual o objetivo?

Oferecer apoio ao desenvolvimento de crianças que nasceram com baixo peso ou prematuras, em razão do elevado risco de desenvolvimento de defasafens de aprendizado e de problemas de comportamento no futuro.

Onde e quando foi implementado?

O Infant Health Development Program (IHDP) foi implementado em oito centros hospitalares entre 1985 e 1988, nos Estados Unidos, no contexto de um estudo experimental de pequena escala (985 crianças) para fins de pilotagem e de avaliação longitudinal das coortes participantes. Estes centros eram localizados nas cidades de Little Rock (Arkansas), Bronx (Nova Iorque), Boston (Massachusetts), Miami (Florida), Filadélfia (Pensilvânia), Dallas (Texas), Seattle (Washington) e New Haven (Connecticut). Os locais foram selecionados com base nos seguintes critérios:

  1. uma escola de medicina ou hospital afiliado com serviço obstétrico e número de partos grande o suficiente para inscrever 135 bebês e suas famílias em até 6 meses;
  2. existência de equipe para fornecer apoio pediátrico; e
  3. existência de uma instalação para fornecer serviços educacionais.
Como é o desenho?

O IHDP teve por foco bebês que nasceram com baixo (menos do que 2.500 gramas) ou baixíssimo peso (menos do que 2.000 gramas) e prematuras (menos do que 37 semanas de gestação). Não houve nenhum critério de focalização baseado em raça ou grupo socioeconômico. O programa teve duração aproximada de 3 anos, a partir do nascimento das crianças contempladas, e contou com atividades agrupadas em três componentes fundamentais providas de forma gratuita às suas famílias.

O primeiro componente foi a realização de visitas domiciliares semanais, durante o primeiro ano de vida, 2 vezes por semana, até que a criança completasse 3 anos. Durante as visitas, os visitadores dividiram informação sobre saúde e desenvolvimento infantis, e implementaram dois currículos. Um currículo enfatizou o desenvolvimento cognitivo, linguístico e social por meio de um programa de jogos e atividades. O segundo currículo envolvia uma abordagem sistemática para ajudar os pais a lidar com problemas autoidentificados.

O segundo componente foi o acesso de 7 a 9 horas por dia útil a um centro de educação infantil, a partir do mês em que a criança fazia 1 ano de idade até completar 3 anos.

O terceiro componente, que foi implementado concomitantemente ao segundo, foi a realização de 2 encontros por mês com os pais ou cuidadores das crianças contempladas. Nesse encontros, foi compartilhada informação sobre cuidados infantis, como saúde e segurança doméstica.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal do programa entre crianças que iniciaram a vida com peso entre 2.000 e 2.500 gramas (grupo de baixo peso):

  • não há evidência de impacto estatisticamente significante em notas obtidas em exames padronizados de QI, construídas a partir de informação coletada quando as crianças tinham 1 ano de idade [1];
  • aumento, de 79% de um desvio padrão em notas obtidas em exames padronizados de QI, construídas a partir de informação coletada aos 2 anos de idade [1];
  • aumento de 83 a 90% de um desvio-padrão em notas obtidas em exames padronizados de QI, construídas a partir de informação coletada aos 3 anos de idade [1,2];
  • embora os efeitos descritos sobre QI acima tenham se dissipado parcial ou totalmente nos anos subsequentes entre as crianças de famílias mais ricas, utilizando informação coletada aos 5 e 8 anos de idade, eles se mantiveram presentes para o grupo das crianças oriundas de famílias mais pobres (com renda abaixo de 180% da linha de pobreza) [1,3,4];
  • entre as crianças mais pobres, também houve aumento de 35% de um desvio-padrão em notas em exames padronizados de Língua Inglesa (leitura) e de 50% de um desvio-padrão em notas em um exame padronizado de Matemática, ambos aos 8 anos de idade ou 5 anos após o fim do programa [1];
  • não houve efeito estatisticamente significante sobre os mesmos exames padronizados de Língua Inglesa (leitura) e Matemática para as crianças oriundas de famílias mais ricas [1];
  • não foi encontrado efeito estatisticamente significante em um indicador de morbidade infantil, construído a partir de informação coletadas até os 3 anos de idade sobre número de hospitalizações, cirurgias e doenças durante os primeiros anos de vida [2];
  • não foram encontrados efeitos estatisticamente significantes em um indicador de desenvolvimento físico na primeira infância, como comprimento ou índice de massa corporal [2];

Além disso, foram documentadas, nos artigos listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal do programa entre crianças que iniciaram a vida com menos de 2.000 gramas (grupo de baixíssimo peso):

  • aumento de 41% de um desvio-padrão em notas obtidas em exames padronizados de QI, construídas a partir de informação coletada aos 3 anos de idade [2];
  • diminuição de 29% de um desvio-padrão em um indicador de morbidade infantil, construído a partir de informação coletadas até os 3 anos de idade sobre número de hospitalizações, cirurgias e doenças durante os primeiros anos de vida [2];
  • não foram encontrados efeitos estatisticamente significantes em indicadores de desenvolvimento físico na primeira infância, como comprimento ou índice de massa corporal aos 3 anos de idade [2].
De onde vem essa informação?
  1. Duncan, G. J., & Sojourner, A. J. (2013). Can Intensive Early Childhood Intervention Programs Eliminate Income-based Cognitive and Achievement Gaps?. Journal of Human Resources, 48(4), 945-968.
  2. Infant Health Development Group. (1990). Enhancing the Outcomes of Low-Income, Premature Infants: A Multisite Randomized Trial. Journal of the American Medical Association, 263(22), 3035-3042.
  3. Brooks-Gunn, J., McCarton, C. M., Casey, P. H., McCormick, M. C., Bauer, C. R., Bernbaum, J. C., Tyson, J., Swanson, M., Bennett, F., Scott, D. T., Tonascia, J., & Meinert, C. L. (1994). Early Intervention in Low-birth-weight Premature Infants: Results Through age 5 years from the Infant Health and Development Program. Journal of the American Medical Association, 272(16), 1257-1262.
  4. McCarton, C. M., Brooks-Gunn, J., Wallace, I. F., Bauer, C. R., Bennett, F. C., Bernbaum, J. C., Broyles, S., Casey, P., McCormick, M., Scott, D., Tyson, J., Tonascia, J. & Meinert, C. L. (1997). Results at age 8 years of early intervention for low-birth-weight premature infants: The Infant Health and Development Program. Journal of the American Medical Association, 277(2), 126-132.


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