Programa de Apoio à Gestação e ao Desenvolvimento Infantil Nurse-Family Partnership em Memphis

Data de publicação: 16/03/2022

Data da última atualização: 19/10/2022

Qual o objetivo?

Desenvolver competências parentais e auxiliar no planejamento em termos sociais e econômicos da vida materna, de modo a melhorar a qualidade da gravidez, a saúde pré-natal, e influenciar positivamente o desenvolvimento infantil.

Onde e quando foi implementado?

O programa Nurse-Family Partnership (NFP) foi implementado em 1990, em Memphis, Tennessee, nos Estados Unidos, embora também esteja presente em outros estados dos país, no Reino Unido, na Alemanha e na Holanda. O estado do Tennessee, por sua vez, implementou o programa em todo o seu território em 2010.

Como é o desenho?

O NFP se baseia em um modelo de visita domiciliar baseado em evidências e opera promovendo comportamentos maternos saudáveis e estimulando as habilidades parentais. Durante o período de implementação, o programa ofereceu cuidados pré-natais e na primeira infância para mulheres que são mães "de primeira viagem", com focalização em mães socialmente vulneráveis, solteiras e que estavam grávidas de 28 semanas ou menos e não tinham nenhuma doença crônica que afetasse o desenvolvimento do feto. À época da implementação, havia serviços disponíveis a todas as crianças, em particular de apoio ao pré-natal (transporte ao local) e avaliações diagnósticas aos 6, 12 e 24 meses com eventuais recomendações a médicos especialistas na ocorrência da identificação de problemas.

As visitas domiciliares, realizadas por enfermeiros profissionais registrados com pelo menos um diploma de bacharel em enfermagem, começaram ainda durante a gravidez e duraram até 2 anos após o nascimento da criança. Os enfermeiros responsáveis passaram por um treinamento formal e seguiram um currículo detalhado de atividades específicas para as diferentes fases da gravidez e do desenvolvimento infantil. Durante as visitas, os enfermeiros ensinaram às mães a reconhecer complicações na gravidez e administrar cuidados pré-natais adequados. Após o parto, os enfermeiros também promoveram e ensinaram os cuidados com a saúde infantil e boas habilidades parentais. As mães foram orientadas sobre como interagir com seus filhos a fim de promover o desenvolvimento emocional e cognitivo. Por fim, o programa auxiliou as mães no processo de estabelecimento de metas de vida relacionadas ao trabalho, educação e futuras gestações e, em particular, estimulou o abandono do uso de tabaco, álcool e drogas ilegais.

O objetivo mais geral das visitas era de que as novas mães desenvolvessem um relacionamento próximo com a enfermeira ou enfermeiro responsável, e que esta pessoa se tornasse um recurso confiável em que podem contar para obter conselhos, desde cuidar de seus filhos com segurança até tomar medidas para proporcionar um futuro estável e seguro para ambos. Por meio da parceria, a enfermeira fornece às novas mães a confiança e as ferramentas de que precisam não apenas para garantir um começo saudável para seus bebês, mas para imaginar uma vida de estabilidade e oportunidades de sucesso para a mãe e o filho.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo listado na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal do programa entre as mães e crianças convidadas a participar do programa NFP:

  • aumento de 21% e 35% de um desvio padrão em um indicador de recursos e tempo dedicados ao desenvolvimento infantil no ambiente doméstico no primeiro ano de vida e aumento de 17% e 30% de um desvio-padrão no mesmo indicador no segundo ano de vida, entre meninos e meninas, respectivamente [1];
  • redução de 27% e 28% de um desvio-padrão em um indicador de práticas parentais punitivas de tipo abusivo no primeiro ano de vida e redução de 32% e 37% de um desvio-padrão no mesmo indicador no segundo ano de vida, entre meninos e meninas, respectivamente [1];
  • redução de 25% de um desvio-padrão na ansiedade de mães de meninas, aumento de 31% de um desvio-padrão na autoestima e aumento de 21% de um desvio-padrão em um indicador de estabilidade emocional, durante o segundo ano de vida da criança, embora esses efeitos não tenham sido encontrados nas mães de meninos [1];
  • foram encontradas evidências de aumento significativo em indicadores de saúde gestacional e neonatal, entre meninos - por exemplo, houve um aumento de 6% (193 gramas) no peso dos meninos ao nascer e de 2% (0,7 semana) na duração da gestação associada, embora não tenha sido encontrada evidência de qualquer efeito sobre os mesmos indicadores para meninas [1];
  • aumento de 27% de um desvio-padrão em um indicador de habilidades cognitivas para meninos, coletado aos 6 anos de idade, e de 12% de um desvio-padrão para meninas [1];
  • aumento de 20% de um desvio-padrão na nota em um exame padronizado de Linguagem (compreensão de leitura) e de 15% de um desvio-padrão em um exame padronizado de Matemática coletado aos 12 anos de idade, entre meninos, embora não tenha sido encontrada evidência de efeito nos mesmos indicadores entre meninas, sugerindo que o programa tem efeitos de longo prazo menos caracterizados para esse grupo de crianças [1];
  • os efeitos encontrados acima, aos 12 anos entre meninos, são explicados principalmente pelos efeitos sobre indicadores de saúde ao nascer e pelos efeitos pronunciados que o programa tem sobre habilidades cognitivas medidas aos 6 anos, nenhum dos quais foram encontrados entre meninas participantes [1].
De onde vem essa informação?
  1. Heckman, J. J., Holland, M. L., Makino, K. K., Pinto, R., & Rosales-Rueda, M. (2017). An Analysis of the Memphis Nurse-family Partnership Program. NBER Working Paper.
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