Expansão da Estratégia Saúde da Família no Brasil

Data de publicação: 31/05/2022

Data da última atualização: 21/10/2022

Qual o objetivo?

Servir como porta de entrada do sistema público de saúde brasileiro, diminuindo a pressão nos hospitais públicos em centros urbanos e deixando para eles o tratamento dos casos mais graves, e atuar com a prevenção de doenças, promoção de saúde.

Onde e quando foi implementado?

Em 1994, o programa foi implementado em alguns municípios brasileiros como projeto piloto e cresceu para escala nacional em menos de 10 anos, estando vigente até os dias atuais.

Como é o desenho?

O Programa Saúde da Família (PSF) é um programa do governo federal brasileiro, considerado um dos principais braços da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), do Ministério da Saúde. O programa requer a adesão voluntária da administração de um município.

Em termos concretos, o programa atribuiu a equipes multi-profissionais a responsabilidade pelo acompanhamento da saúde das famílias de uma determinada área geográfica. As equipes de Saúde da Família normalmente são formadas por um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem, um grupo de agentes comunitários de saúde. Há casos de equipes expandidas que também incluem um dentista, um dentista assistente e um técnico de higiene dental. Tais equipes também contam com o apoio de outros profissionais dos chamados Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs), como psicólogos e fisioterapeutas, que são acionados em caso de necessidade.

Cada equipe provê atendimento sem custo a aproximadamente 1000 famílias (ou 3500 pessoas) de uma área pré determinada, feito tanto por meio de visitas domiciliares mensais por parte dos agentes comunitários, como nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). A teoria da mudança do programa é baseada na ideia de que, ao acompanhar sempre as mesmas famílias, as equipes de saúde conseguem monitorar de perto as condições de saúde das mesmas, ensinar melhores práticas e mudar hábitos, levando a melhores resultados de saúde. A interação entre equipe e famílias permite não apenas o aprendizado de práticas de higiene, como também a prevenção e/ou identificação de agravos tratáveis in loco e a detecção precoce de sintomas de doenças mais complexas que requerem tratamentos especializados em hospitais. Além disso, as equipes são responsáveis por implementar atividades de promoção de saúde, como campanhas de vacinação.

Com relação à saúde fetal, infantil e materna, uma das grandes linhas de ação do programa, o PSF expandiu o acesso a cuidados de pré-natal e no pós-parto (incluindo boas práticas de amamentação), além de possibilitar o acompanhamento do desenvolvimento físico da criança ao longo do tempo.

O que aprendemos com o monitoramento e avaliação?

Foram documentadas, no artigo para discussão e no artigo publicado listados na seção abaixo, as seguintes evidências a respeito do impacto causal do programa nos anos subsequentes à adesão dos municípios brasileiros ao PSF:

  • aumento na frequência de visitas domiciliares com presença de profissional com ensino superior, de 11% no primeiro ano, 42% no quarto ano e 39% no oitavo ano, mostrando que o programa levou profissionais devidamente qualificados de atenção básica em saúde para mais perto do cotidiano das famílias brasileiras [1];
  • aumento nas atividades educacionais de saúde realizadas por profissionais da atenção primária junto às comunidades de 13% no primeiro ano, 32% no quarto ano e 38% no oitavo ano [1];
  • redução nas taxas de instalações ambulatoriais com especialistas, como ginecologista ou obstetra e pediatras, sugerindo algum grau de substituição de especialistas por clínicos gerais em nível local, consistente com uma nova ênfase na atenção primária [1];
  • aumento no acesso ao pré-natal entre as gestantes - por exemplo, na taxa de mulheres com mais de 7 consultas, de 4% no ano primeiro ano, 10% no quarto ano, passando para 16% até o oitavo ano [1];
  • redução nas taxas de mortalidade em crianças de até 1 ano, que, assim como os impactos documentados acima, também se intensificaram ao longo do tempo: de 10% dois anos depois, passando para 20% quatro anos depois e atingindo 36% oito anos após a entrada no programa [1,2];
  • o mesmo ocorreu com as taxas de mortalidade materna, em que foram documentados impactos negativos de 5% dois anos depois, passando para 10% quatro anos depois e atingindo 25% oito anos após a entrada no programa [1,2].
De onde vem essa informação?
  1.  Bhalotra, S. R., R. Rocha, & R. R. Soares., 2020. Can Universalization of Health Work? Evidence from Health Systems Restructuring and Expansion in Brazil. IEPS Working Paper.
  2.  R. Rocha & R. R. Soares, 2010. Evaluating the Impact of Community-Based Health Interventions: Evidence from Brazil's Family Health ProgramHealth Economics, 19(S1), 126-158.


Estamos trabalhando para que as páginas contemplem toda a evidência documentada sobre o tema e estejam sempre atualizadas. Se você quiser sugerir algum artigo, entre em contato.

Políticas e Programas Relacionados

Equipes Móveis e Incentivos para Imunização de Crianças em Udaipur

Estabelecer a disponibilidade regular e gratuita de serviços de imunização para bebês, informando às mães sobre seus benefícios, para melhorar as taxas de imunização completa entre...


Programa Mais Médicos no Brasil

Levar médicos para regiões onde havia escassez ou ausência desses profissionais para diminuir as desigualdades regionais de acesso à saúde.


Programa de Educação Nutricional Infantil para Mães no Malawi

Fornecer informação nutricional para puérperas, influenciando positivamente o desenvolvimento de seus filhos.


Programa Child Development Grant de Apoio ao Desenvolvimento Infantil na Nigéria

Combater a fome e melhorar a nutrição e o bem-estar na primeira infância, fornecendo informação e recursos financeiros para uma população com altos índices de vulnerabilidade socia...


Topo