As condicionalidades do Programa Bolsa Família, como a exigência de frequência escolar e o acompanhamento na rede de saúde, têm como objetivo fortalecer o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes atendidos pelo programa. Ao lado da transferência de renda, essas exigências buscam criar as condições para que a nova geração de beneficiários possa acessar melhores oportunidades no futuro.
O Imds desenvolveu o estudo “A relação das condicionalidades com a mobilidade social dos beneficiários do Programa Bolsa Família”, no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o Ministério do Desenvolvimento e da Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). Publicado em agosto de 2025 na série Cadernos de Estudos – Desenvolvimento Social em Debate, o estudo está disponível neste link e utiliza microdados administrativos do Cadastro Único e do Sistema de Condicionalidades (Sicon) para lançar luz sobre o papel dessas exigências na trajetória dos jovens beneficiários.
Um primeiro resultado importante diz respeito ao monitoramento das condicionalidades. Embora mais de 90% das famílias monitoradas cumpram os compromissos exigidos, apenas cerca de 60% das crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos tiveram informações registradas no sistema em todos os períodos em que deveriam. Ou seja, uma vez que o monitoramento ocorre, a maioria cumpre o que é solicitado; entretanto, muitas vezes o acompanhamento não acontece de forma contínua.
Essa cobertura varia bastante entre municípios. De modo geral, as taxas de monitoramento são mais altas nas regiões Sul e Sudeste, com destaque para municípios do litoral e de maior porte populacional, que contam com redes mais estruturadas de educação e saúde. Já no Norte e em áreas do interior do Nordeste os registros são mais falhos, especialmente em municípios pequenos e rurais. Esses contrastes indicam que o alcance do monitoramento da política está ligado à capacidade institucional dos entes locais.
A segunda parte do estudo acompanha jovens nascidos em 1999 que foram beneficiários do Bolsa Família entre os 13 e 17 anos, analisando sua situação em 2023, aos 24 anos. A análise econométrica busca entender se o cumprimento das condicionalidades educacionais está associado a diferenças nas trajetórias desses jovens.