Olá, *|NOME|* Recentemente esta “Carta do Imds” tratou do Preditor de Reprovação para alunos matriculados nos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) da rede pública do município do Rio de Janeiro. Na edição 64, de 4 de fevereiro [ver aqui], dissemos que “a solução, baseada em técnicas avançadas de machine learning, permitirá que a Secretaria Municipal (SME) direcione ações de apoio aos estudantes com maior risco de repetência a partir de 2025”. Diferentemente das abordagens tradicionais, que dependem da análise de dados dispersos, esse inédito preditor automatiza a identificação de alunos em risco de reprovação de forma ágil e precisa. Ele integra múltiplas fontes de informação – notas, frequência, histórico escolar, perfil da escola, entre outros – para fornecer um diagnóstico antecipado, permitindo que a rede atue bem antes que o problema se agrave. É senso comum o fato de que a reprovação produz desmotivação do aluno e eleva a probabilidade de posterior abandono escolar. Cada reprovação, para além dos efeitos negativos imediatos sobre o estudante, pode produzir efeitos de externalidade negativa para toda a sociedade, pois, ao aumentar a chance de abandono escolar, aumenta os riscos de perpetuação de pobreza e de envolvimento do jovem estudante com atos ilícitos e de violência social. É sempre bom lembrar que uma reprovação evitada tem impactos relevantes na trajetória dos alunos durante seu período escolar, bem como em sua vida laboral, além de contribuir decisivamente para sua mobilidade social. A fácil aplicabilidade dessa ferramenta na gestão escolar visando a redução da reprovação vem despertando interesse de alguns dos entes subnacionais com os quais o Imds mantém Acordo de Cooperação Técnica (ACT). Dessa forma, iniciamos tratativas para inclusão, nos Planos de Trabalho de nossos ACTs, a possibilidade de desenvolvimento de Preditores para as redes educacionais. Esses são os casos dos governos de Estado do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul, com os quais iniciamos a programação para desenvolvimento de preditores para suas redes. Destaque-se que, especialmente no caso do Mato Grosso do Sul, o Estado ainda é responsável (pelo menos parcialmente) pela oferta do ensino básico em muitos municípios, inclusive na capital do Estado, permitindo que essa ferramenta seja utilizada desde os primeiros anos do ensino fundamental.
O Imds está trabalhando para que todos esses preditores estejam plenamente desenvolvidos ainda no primeiro semestre do corrente ano, de modo a ser aplicável para os estudantes durante o ano letivo de 2025. Sabemos que as razões de uma possível reprovação são muitas e podem envolver dimensões como extrema vulnerabilidade econômica e social, famílias desintegradas, baixíssima escolaridade dos pais, violência doméstica e outros, muito além dos já conhecidos fatores de desestímulo e descompromisso com a educação de crianças e jovens. É interessante notar que o modelo de predição evidencia ainda a importância de variáveis relativas à própria escola, como a formação dos professores, a qualidade da gestão escolar e a performance média das turmas. Isso indica que há causas da reprovação e do baixo desempenho escolar que extrapolam aspectos individuais dos alunos, exigindo, portanto, ações mais amplas. Neste contexto, paralelamente à necessidade de intervenções estritamente escolares, assistenciais e sociais, entendemos que é essencial agir diretamente no aprendizado dos estudantes em situação de maior risco. Por esta razão, juntamente com o aplicativo, estamos planejando oferecer um “cardápio” de medidas particularizadas a ser oferecida a cada aluno, segundo o grau de gravidade, cardápio esse a ser desenvolvido em parceria com os governos estaduais. Com o Preditor e as ações mitigadoras, gestores e educadores poderão agir com conhecimento detalhado de cada aluno, com a devida antecedência, garantindo que o suporte chegue àqueles com risco de reprovação, o que permitirá uma alocação mais eficiente dos recursos educacionais, potencializando o impacto de programas como reforço escolar, tutoria personalizada e acompanhamento individualizado de alunos e suas famílias. Essa nova iniciativa reforça o compromisso do Imds com a melhoria da qualidade do ensino e a promoção de oportunidades mais equitativas para os estudantes da rede pública. Até a próxima "Carta do Imds"! Paulo Tafner Diretor-presidente |