| Olá, *|NOME|* Hoje é celebrado o Dia do Professor, profissional cuja atuação é imprescindível para a formação de nossa população. Entre os menos favorecidos, seu papel é ainda mais relevante, pois o papel da escola é mais proeminente. De acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), fornecidos pelo Censo escolar, o Brasil conta com cerca de 2,6 milhões de professores em atividade, dos quais 2,3 milhões atuam na educação básica (que abrange educação infantil, ensino fundamental, ensino médio) e 310 mil na educação superior. Esses profissionais são responsáveis pelo ensino de aproximadamente 57 milhões de alunos – 47 milhões na educação básica e quase 10 milhões no ensino superior.
Os dados revelam que entre 2014 e 2023 houve redução no número de matrículas e de professores no ensino fundamental; expansão na educação infantil, especialmente nas creches, com aumento de 42% nas matrículas e de 62% no número de professores; e crescimento de 24% nas matrículas e de 16% no número de professores no ensino médio técnico-profissionalizante.
Essas informações permitem três conclusões importantes: a primeira é que os esforços das prefeituras para ampliar o acesso às creches e promover maior atenção à primeira infância resultaram no aumento significativo da demanda por professores nesse segmento. A segunda é que, em diversos estados, a quantidade de matrículas no ensino médio tem crescido, graças à expansão dos cursos técnicos profissionalizantes. A terceira conclusão é que a expansão do ensino médio aumenta a demanda por profissionais especializados, tanto nas disciplinas previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quanto nas áreas técnicas dos cursos profissionalizantes. Dados do Censo da Educação Superior revelam que, entre 2010 e 2023, houve aumento de 56% nas matrículas e de 7% no número de professores nesse segmento. Nas instituições privadas, as matrículas cresceram 66% e a quantidade de professores sofreu uma redução de 18%. Em 2023, as instituições privadas concentravam 79% dos estudantes universitários do Brasil. Nas instituições públicas, o crescimento foi menos acentuado: 25% nas matrículas e 41% no número de professores. De maneira geral, os dados refletem importantes avanços no acesso à educação no Brasil, tanto na educação básica quanto no ensino superior. Embora o Brasil tenha progredido consideravelmente na inclusão educacional, em todos os níveis, ainda persistem lacunas significativas no que diz respeito à qualidade do ensino oferecido. Os resultados do mais recente PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), de 2022, posicionam o Brasil entre os 20 países com os piores desempenhos em Matemática e Ciências. Entre as 81 nações avaliadas, o Brasil ocupa a 65ª posição em Matemática, a 52ª em Leitura e a 62ª em Ciências. Esses dados evidenciam que uma parcela substancial dos estudantes brasileiros ainda não atinge os níveis básicos (73% em matemática, 50% em leitura e 55% em ciências). Diversos estudiosos têm se dedicado ao estudo dos fatores que influenciam a produção de uma educação de qualidade, reconhecendo que esse é um processo complexo. Medidas como a educação continuada, modernização dos currículos de formação docente, implementação de avaliações e bonificação por desempenho. devem ser consideradas e são essenciais para promover o desenvolvimento contínuo dos professores ao longo da vida. É unânime a crença de que é impossível alcançar uma educação de qualidade sem proporcionar aos professores uma formação que os prepare plenamente para o exercício de suas funções. Para o leitor interessado no tema, encontram-se sistematizadas em Imdsbrasil.org, informações sobre a adequação da formação docente, expresso por indicador desenvolvido pelo INEP a partir dos dados do Censo Educacional da Educação Básica. As informações podem ser consultadas por nível territorial, estadual e municipal, com segmentações por tipo de rede (pública ou privada) e etapa da educação básica (ver aqui). Segundo dados do Censo da Educação Superior, os cursos na área de educação corresponderam, em 2023, a 17% das 10 milhões de matrículas – crescimento de 28% no número de matrículas desde 2010. Apesar desse crescimento do número de alunos em cursos na área de educação, o número de professores atuantes no ensino permaneceu praticamente o mesmo ao longo desse período (80.862 em 2010 e 80.664 em 2023). Ao aprofundarmos a análise dos cursos de educação, por tipo de instituição e modalidade de ensino, observamos: • Nas instituições privadas de ensino superior, houve aumento de 47% no número de matrículas em cursos na área de educação, mas queda de 43% no número de professores. Eram aproximadamente 36 mil professores em 2010; em 2023, cerca de 20 mil; • Nas instituições públicas de ensino superior o número de matrículas permaneceu praticamente inalterado (563.410 em 2010 e 563.065 em 2023), mas houve aumento de 30% no número de professores no mesmo período; • Ensino a distância: no período analisado, observou-se um aumento significativo na proporção de alunos matriculados na modalidade de ensino a distância, que passou de 31%, em 2010 para 67% em 2023. No curso de pedagogia, o curso com o maior número de estudantes no ensino superior – cerca de 852 mil – esse percentual é ainda mais elevado, atingindo 80% em 2023.
Esses dados nos levam a duas conclusões: a primeira é que cada vez mais jovens e adultos buscam cursos na área de educação; a segunda é que há cada vez menos professores capacitando esses futuros profissionais, particularmente nas instituições privadas, onde se concentra o ensino a distância. Seja como for, o fato é que nos próximos anos teremos uma quantidade relevante de profissionais que, em princípio, estarão aptos a lecionar. Resta ainda responder se estarão habilitados a formar as futuras gerações.
Até a próxima "Carta do Imds"! Paulo Tafner Diretor-presidente |