| Olá, *|NOME|* Expandir o ensino em tempo integral tem sido um objetivo do País. A Meta 6 do Plano Nacional de Educação 2014-2024 (Lei N° 13.005/2014) estabeleceu a oferta de educação em tempo integral em 50% das escolas, atendendo 25% dos estudantes. O Piauí atingiu essa meta e caminha em direção à universalização dessa modalidade, atualmente presente em 70% da rede estadual.
Há diversas evidências na literatura de que o ensino em tempo integral traz resultados positivos para crianças e jovens, incluindo a melhoria do desempenho escolar. Em Pernambuco, por exemplo, entre 2010 e 2014 as notas dos alunos do Ensino Médio aumentaram em 22% e 19% de um desvio-padrão em Matemática e Língua Portuguesa, respectivamente, com maiores benefícios para quem iniciou o Ensino Médio na idade correta. Em São Paulo, o efeito foi um aumento de 46% e 36% de um desvio-padrão nas mesmas disciplinas, em exames estaduais padronizados aplicados no 3° ano, ainda no horizonte temporal de 1 a 5 anos após a adoção. Essas e outras evidências sobre a expansão do ensino médio em tempo integral foram sumarizadas em mais detalhes na Plataforma Impacto e podem ser acessadas aqui.
Em abril deste ano, o Imds formalizou um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o Governo do Estado do Piauí, por meio da Secretaria de Planejamento (SEPLAN-PI), para elaboração de um Modelo de Avaliação de Políticas Públicas. O instituto elaborou o primeiro plano de trabalho para a implementação de uma avaliação sobre a expansão do ensino médio em tempo integral. O principal objetivo é identificar o impacto da expansão do ensino em tempo integral no desempenho dos alunos em Matemática e Língua Portuguesa. Além disso, o estudo busca responder se a implementação foi acompanhada de uma redução nas desigualdades educacionais, como aquelas entre alunos de diferentes classes sociais ou entre meninos e meninas; como esses efeitos variam conforme o perfil dos alunos, considerando fatores como desempenho escolar e características socioeconômicas; e identificar quais componentes do modelo de ensino integral do Piauí estão mais associados a esses resultados. Na semana passada, a equipe técnica do Imds esteve no Piauí para dar início às atividades. O Secretário de Estado do Planejamento, Washington Bonfim, ressaltou: “Para a SEPLAN, é um projeto que dá origem à nossa área de avaliação de impacto de políticas públicas”, destacando a relevância da parceria para o trabalho que está sendo conduzido pela Secretaria da Educação (SEDUC) para a expansão do ensino médio em tempo integral no estado [Assista ao vídeo aqui]. O Secretário Washington Bandeira, da SEDUC, também destacou a importância do trabalho: “estamos felizes e animados com a parceria com o Imds para a análise dos dados e dos resultados do nosso programa de universalização do ensino de tempo integral”. [Assista ao vídeo aqui]. Na visita, a equipe técnica do Imds conduziu uma série de entrevistas semiestruturadas com atores da SEDUC com o objetivo de entender o processo de implementação do programa, a incorporação do currículo do Novo Ensino Médio e a seleção das escolas participantes, bem como as adaptações estruturais e operacionais necessárias para a operação do modelo. O tempo integral tem sido implementado como uma estratégia-chave para melhorar a formação dos estudantes, com foco em disciplinas curriculares e em áreas inovadoras como inteligência artificial, educação financeira e empreendedorismo. As ações são conduzidas com um olhar estratégico, considerando as particularidades regionais e as vocações econômicas do estado. O investimento na infraestrutura das escolas foi um tema recorrente. O governo tem se dedicado a melhorar as condições físicas das instituições de ensino, com a criação de laboratórios de inovação e tecnologia, além de adaptações para garantir que as escolas estejam preparadas para atender ao modelo integral. Nessa esteira, particular atenção deve ser dada ao ensino técnico-profissional, que também foi amplamente discutido. Houve avanços significativos na integração do ensino técnico-profissional com o ensino médio, oferecendo aos alunos a oportunidade de desenvolver competências alinhadas às demandas do mercado de trabalho. Desafios, entretanto, persistem, como a adequação da infraestrutura e a capacitação de professores para atender às necessidades específicas de cursos mais técnicos. Aspecto fundamental mencionado durante as entrevistas foi o "Gestão para Aprendizagem", um programa que se destaca por seu enfoque sistemático no monitoramento contínuo do desempenho escolar, e que envolve formação docente, avaliação dos estudantes e acompanhamento pedagógico, estruturado de forma integrada para garantir melhoria contínua nos resultados educacionais. A articulação entre as gerências regionais e as escolas é destaque, possibilitando intervenções rápidas e assertivas com base nos dados coletados. As entrevistas também evidenciaram a preocupação com a recomposição das aprendizagens dos alunos. Foram descritas iniciativas voltadas para a recuperação das defasagens educacionais em Língua Portuguesa, Matemática e Física, com formações semanais específicas para os professores, que recebem materiais estruturados e planos de aula focados em corrigir as lacunas de aprendizagem identificadas nas avaliações dos alunos. A compreensão dos componentes do programa é essencial para subsidiar decisões futuras, especialmente no contexto da busca pela universalização deste modelo. Essa expansão envolve o aumento da carga horária, a introdução de novas disciplinas, investimentos em infraestrutura, capacitação de professores e uma gestão escolar eficiente. Identificar todos os aspectos do programa e da sua implementação é fundamental para o desenho da estratégia de identificação da avaliação. A próxima etapa consiste em uma revisão crítica da literatura especializada, cujo objetivo é resumir as características gerais das experiências de implementação do ensino médio em tempo integral, com destaque para os elementos presentes em casos bem-sucedidos. Em seguida, será realizada uma comparação entre os diferentes modelos já avaliados na literatura e o modelo adotado no Piauí. Essa análise permitirá compreender, à luz da literatura, como as semelhanças e diferenças entre os modelos podem estar relacionadas aos resultados obtidos em cada contexto. Até a próxima "Carta do Imds"! Paulo Tafner Diretor-presidente |