| Olá, *|NOME|* São objetivos do Imds a promoção e a realização de estudos com uso de microdados que sejam capazes de caracterizar o padrão de mobilidade social no Brasil. Um projeto que tem rendido vários frutos é o acompanhamento das primeiras gerações de crianças e jovens beneficiados pelo Programa Bolsa Família, e que em 2005 tinham entre 7 e 16 anos. Um conjunto de dashboards permite ao usuário aferir a frequência com que, quando jovens adultos, essas crianças deixaram de depender de assistência social (medida pela saída do cadastro de beneficiários de programas sociais, CadÚnico) e a incidência com que frequentaram o mercado de trabalho formal (medido pela presença desses jovens adultos na RAIS). Esse acervo de indicadores organizados pelo Imds pode ser visto aqui. Os principais achados dessa pesquisa foram consolidados e transformados em um policy paper que pode ser encontrado aqui.
Posteriormente, os resultados dessas pesquisas foram organizados em formato de artigo acadêmico, aceito para publicação especializada no “World Development Perspectives”, renomado periódico na área de desenvolvimento. Embora a publicação de estudos acadêmicos não esteja entre os objetivos prioritários do instituto, a submissão de policy papers para outlets de divulgação científica é feita sempre que achamos que há espaço para tanto, na medida em que publicações científicas ratificam a qualidade e robustez metodológica dos produtos intelectuais do instituto. A submissão, contudo, exige esforços para conversão do artigo original em trabalho com uma linguagem mais acadêmica, e muitas vezes um esforço adicional para demonstrar que o conteúdo produzido contém inovação metodológica ou pioneirismo que justifique a publicação como cientificamente relevante. Isso também, como foi o caso, demanda a eliminação de algumas seções e a inclusão de outras, principalmente quando um ponto específico necessita de maiores comprovações, como foi exigido por um dos pareceristas encarregados de julgar a qualidade do documento submetido. O resultado deste esforço pode ser acessado aqui.
Utilizamos esse espaço para destacar alguns dos principais resultados e conclusões do artigo. A pesquisa mostrou que 64% das crianças e jovens beneficiados pelo Bolsa Família em 2005 não eram mais dependentes de programas sociais federais em 2019. Ao passo que 45% deles ingressaram no mercado formal de trabalho ao menos uma vez entre 2015 e 2019. Em conjunto, pode-se traçar uma relação entre entrada no mercado formal de trabalho e saída do sistema de proteção social para essa população. Um olhar mais aprofundado, no entanto, permitiu identificar diferenças notáveis baseadas em gênero, raça, idade e região de residência dos indivíduos. Observamos, por exemplo, que uma pessoa nascida em municípios das regiões Norte e Nordeste apresentou, em média, a metade da probabilidade de mobilidade social quando comparada com residentes das regiões Sul e Sudeste. Esse fato nos levou a analisar as diferenças no território com maior enfoque. Identificamos que fatores locais, como a qualidade das infraestruturas de saúde e educação do município, além do dinamismo econômico local, são importantes determinantes da capacidade de mobilidade social dos indivíduos. Para comemorar a publicação do artigo, produzimos uma matéria no site do instituto (imdsbrasil.org), em que os autores são entrevistados – uma maneira nova de divulgar nossos trabalhos e que passaremos a usar sempre que for apropriado (ver aqui) . Gostaríamos de registrar o nosso agradecimento aos autores do trabalho publicado. Essa pesquisa sobre as primeiras gerações do Bolsa Família tem gerado alguns spin-offs que estão em andamento (nossos projetos podem ser acompanhados aqui), e cujos resultados divulgaremos nesta carta e em nossos diversos canais. Até a próxima "Carta do Imds"! Paulo Tafner Diretor-presidente |