| Olá, *|NOME|* Os gestores educacionais no Brasil têm acesso a dados sobre alfabetização de boa qualidade que permitem tirar uma fotografia da alfabetização. Mas é inegável que conhecer melhor esse processo complexo pode ter consequências práticas importantes para o monitoramento, a avaliação e a construção de políticas públicas efetivas.
Neste mês de março, o Imds inicia uma parceria com o Instituto de Educação Baseada em Evidências (Edube) cujo objetivo é construir algo mais próximo de um curta-metragem desse processo, tal como ele ocorre na Educação Infantil e nos anos de escolaridade cujo foco é a alfabetização (1º e 2º anos). Durante o ano de 2024, o Edube implementará, nessas séries, no município de Mangaratiba (RJ), o Novos Amigos, um programa de alfabetização desenvolvido por Renan Sargiani (Edube) e Catherine Snow (Harvard Graduate School of Education), que visa desenvolver habilidades fundacionais de alfabetização como consciência fonêmica e conhecimento das relações fonema-grafema.
A parceria envolve, em primeiro lugar, desenvolver, aplicar e aprimorar instrumentos abrangentes de captura dessas habilidades fundacionais. Uma dificuldade intrínseca ao processo – e fascinante - é que isso envolve obter informações acerca das capacidades de linguagem em crianças que ainda não sabem ler fluentemente. O Imds acompanhará o processo de consolidação dos construtos subjacentes aos instrumentos, e proverá apoio técnico na análise dos dados longitudinais ao longo do ano, em paralelo aos esforços da equipe técnica do Edube. Nessa frente, a principal missão é entender qual a estrutura hierárquica de habilidades que permite que crianças alcancem as capacidades superiores de fluência e interpretação de texto.
Reconhecendo também o papel central dos professores e diretores escolares no processo, a parceria envolve cooperação na construção, aplicação, e análise de dados sobre práticas de alfabetização dentro da sala de aula e sobre a gestão escolar como um todo. Nesse ambiente controlado, em que insumos variados ao processo de alfabetização estão sendo integrados à rotina de crianças e professores, acreditamos ser possível construir uma estrutura-modelo para acompanhamento do processo de alfabetização em projetos futuros de avaliação. A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) de 2016 revelou que, ao final do 3º ano, apenas 1 a cada 2 alunos era capaz de ler e interpretar o significado de um texto curto. Mesmo assumindo heroicamente que tenha havido melhorias nos últimos 8 anos – o que a pandemia deve ter dificultado – o resultado é alarmante e inquietante. Por meio dessa parceria, o Imds explicita mais uma vez o seu comprometimento com enriquecer a história por trás dessas alarmantes fotografias. Até a próxima "Carta do Imds"! Paulo Tafner Diretor-presidente |