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Carta do Imds - 30 de Novembro de 2022
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2022 - Edição 06 | 30 de novembro

Webinar BID-Imds discute impactos de ações afirmativas no Brasil e no mundo

Em duas sessões, acadêmicos debatem os efeitos de curto, médio e longo prazos das políticas de cotas

Olá, *|NOME|*

    Na última terça-feira (29/11), o Imds e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) realizaram o webinar “Avaliação e Futuro das Ações Afirmativas no Brasil”. O evento reuniu acadêmicos do Brasil e do exterior para debater os impactos de ações afirmativas no ensino superior no Brasil e no mundo, e para discutir caminhos frutíferos de reflexão sobre o aprimoramento da Lei das Cotas de 2012, por ocasião dos dez anos de sua promulgação.

   A primeira sessão do webinar, das 10h às 12h, centrou-se na discussão das evidências sobre os impactos de curto prazo das ações afirmativas. O moderador Flavio Riva, doutor em administração pública e pesquisador do Imds, abriu o painel mencionando as evidências existentes em torno dos efeitos de ações afirmativas sobre a composição do corpo discente no ensino superior, sobre o comportamento de alunos durante o ensino fundamental e médio, e sobre suas trajetórias no ensino superior.

    Os pontos foram abordados pelos palestrantes da sessão – Maria Caridad Araujo (BID), Cauê Dobbin (CEMFI) e Ursula Mello (PUC-Rio). Caridad afirmou que parte fundamental do desenvolvimento social passa pela redução de desigualdades, e destacou as ações afirmativas como uma alternativa possível de política compensatória, que pode ter efeitos sobre desigualdades provenientes de diversas causas. Mello discutiu os efeitos de curto prazo das ações afirmativas sobre o perfil dos alunos do ensino superior, apontando que a representação de alunos de escolas públicas, pretos, pardos e indígenas, foi profundamente afetada pela introdução da Lei de Cotas. Mello destacou também que esses efeitos foram muito mais pronunciados em cursos mais concorridos. Dobbin apresentou resultados que reforçaram as conclusões de Mello, e argumentou que os dados não parecem confirmar as preocupações mais comuns – de que possa haver uma taxa de evasão maior entre alunos admitidos pela reserva de vagas.

    A sessão foi encerrada com uma discussão sobre potenciais aprimoramentos na legislação e na implementação da reserva de vagas, que hoje ocorre via Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Mello e Dobbin enfatizaram a importância de um sistema de monitoramento e avaliação da lei, que seja capaz de contemplar o desempenho acadêmico e a conclusão de cursos universitários, além de resultados posteriores no mercado de trabalho.

    A segunda sessão, realizada das 13h às 15h, contou com a participação das pesquisadoras Fernanda Estevan (EESP-FGV), Ana Trindade (Stanford) e Cecilia Machado (FGV EPGE e Banco Bocom), além do pesquisador Michael França (Insper). O painel analisou como as ações afirmativas afetam as trajetórias educacionais e no mercado de trabalho no médio e no longo prazos. França iniciou a discussão apresentando o “índice de equilíbrio racial”, que visa medir desigualdades de raça em contextos variados, e aplicou a metodologia à análise descritiva da distribuição de vagas no ensino superior brasileiro nos últimos anos.

    Trindade e Machado deram sequência  discutindo evidências dos efeitos da experiência pioneira de ações afirmativas na UERJ sobre o mercado de trabalho. Focando no curso de direito, Trindade mostrou, dentre outros resultados, que as cotas tiveram impacto positivo na probabilidade de aprovação no exame da OAB, requerido para o desempenho da profissão. Ampliando o escopo da análise para todos os cursos, Machado descreveu efeitos positivos sobre salários no mercado de trabalho formal observados de 6 a 9 anos após a saída da universidade, mas que se dissiparam nos anos subsequentes. Ela sugeriu que um dos mecanismos relevantes por trás dos efeitos encontrados seria a construção de redes de contato. Estevan centrou-se na experiência da Unicamp, e mostrou que a política de bônus aplicada pela universidade foi capaz de atenuar fortemente a relação existente entre renda dos pais e (i) escolha de cursos mais competitivos e (ii) aprovação nos mesmos por parte dos filhos – resultado particularmente importante para a reflexão sobre os efeitos de ações afirmativas sobre a mobilidade social.

    Até a próxima “Carta do Imds”!

 

        Paulo Tafner

        Diretor-presidente


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Enviado por Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social – Imds

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